2009-03-16

24H BTT de Coruche - 7 e 8 de Março de 2009

Coruche, terra de arrozais e planícies...
Errado! Há muito mais relevo do que parece. Que o diga quem participou nas 24 H de 2009.
O início e o final de cada volta eram de facto planos e junto ao rio, mas ainda não se tinham percorrido dois km e já dávamos de caras com uma subida longa que não era muito inclinada, mas que foi fazendo mossa com o passar das horas. Depois entrava-se num sobe e desce muito divertido... Bem... Divertido era só o desce, porque o sobe não tinha piada nenhuma, em especial duas rampas em piso solto, umas das quais impossível de subir e outra que apenas fiz parcialmente nas primeiras voltas, tendo depois optado por poupar esforços e feito a pé. Além disso tínhamos que subir uma rua que tinha degraus ao meio e calçada nos lados, acompanhando a inclinação dos lanços de degraus e dos patamares. Fazia-se a pedalar, mas era muito massacrante, especialmente tendo em conta que as rampas em calçada mais inclinadas começaram a ficar muito escorregadias à medida que a água ia escorrendo por elas abaixo. Subi a pedalar as nove primeiras voltas e depois foi sempre a pé para poupar energias. A verdade é que este constante monta/desmonta foi péssimo para as pernas.
As descidas... Bem, as descidas eram um mimo. Algumas eram algo perigosas, mas à medida que as trajectórias iam ficando conhecidas eram uma maravilha.A mais técnica teve espectadores sempre que lá passei e à noite desconfio que deve ter corrido muito álcool por aquelas bandas, porque os comentários à nossa passagem já indiciavam raciocínio toldado.

Confesso desde já que a disposição para participar na prova estava longe de ser a melhor, mas à medida que se aproximava a hora da partida a vontade de pedalar foi aumentando. Fez muita falta o ambiente que se cria quando se participa integrado num grupo grande e ter ficado sozinho de noite, apenas com apoio à distância através de telemóvel é duro, como adiante se verá.

Fui lá buscar as coisas e montar a tenda na véspera, mas vim dormir a casa. Ainda assim estava lá muito cedo no sábado, o que deu tempo mais que suficiente para preparativos e para a volta de reconhecimento.

Às 14:00 foi dada a partida para as minhas terceiras 24H a solo e, como é habitual, comecei no final do pelotão para evitar molhadas e fazer a minha prova de trás para... o meio ;-) .

Na primeira volta houve alguns engarrafamentos nas passagens mais estreitas, mas nada de muito problemático. No início da segunda volta, na tal subida longa, reparo que ia à minha frente a Sónia Lopes e colo-me a ela, porque imaginava que estaria a lutar para o primeiro lugar das senhoras, o que pude confirmar mais tarde. Ela sobe muito bem e tive que me esforçar muito para a acompanhar, mas lá a fui mantendo à vista. Se me mantivesse por perto tinha fotos garantidas. É a táctica usada no atletismo, em que há uma data de emplastros que se colocam junto à primeira das senhoras. Como não têm pernas para acompanhar os homens assim garantem os seus segundos de fama. Pois bem, desta o emplastro fui eu.Entretido nestes pensamentos reparo que ali por perto ia outra ciclista que também estaria a lutar pela liderança (Filipa Gonçalves). Se com uma senhora já era bom, metido no meio do duelo pela liderança ainda era melhor e ali me fui deixando ficar ora à frente, ora atrás, dependendo das subidas, das descidas, ou das zonas técnicas que íamos passando. Esta luta tinha alguns pormenores engraçados que fui observando. A Sónia ganhava alguma vantagem nas subidas, mas a Filipa destacava-se nas descidas mais técnicas e inclinadas, de modo que no final da volta tinha mais de uma centena de metros de vantagem sobre a Sónia. Ora o final era a rolar e “eu gosto é de rolar”, de modo que no final da volta fui acelerando e ganhando velocidade. É nessa altura que reparo que vem uma sombra colada a mim (a Sónia) continuei a aumentar o meu ritmo e a sombra continuava encostada, até que apanho a Filipa mesmo antes da entrada para o acampamento. Entretido nesta brincadeira estava a fazer trinta e poucos minutos por volta, que era muito melhor do que eu tinha previsto. Este jogo do gato e do rato repetiu-se até ao final da quarta volta, quando eu disse adeus às meninas porque ia parar nas boxes. O ritmo estava demasiado elevado para mim, com alturas em que as pulsações atingiam 170 bpm, que é quase a minha FCM. Foram umas voltas divertidas em que até deu para trocar umas larachas com as campeãs, mas havia que descer à Terra. Disse-lhes até logo, que ia parar e elas já me apanhavam outra vez. Elas, simpáticas, despediram-se e lá continuaram a sua luta.

Daqui até ao período nocturno não houve nada a registar e lá fui dando voltas atrás de voltas, agora a um ritmo mais realista, nunca mais me cruzando com elas.
À medida que os quilómetros se acumulavam fui pagando os excessos das primeiras voltas e comecei a ter ameaças de cãibras, pelo que reduzi muito o ritmo e comecei a desmoralizar um bocado. Quando parei para jantar e montar luzes o ânimo era pouco, mas lá segui para o período nocturno acompanhado do MP3. A primeira volta correu muito mal, com várias ameaças de quedas nas zonas mais técnicas. Como é que a percepção do terreno varia tanto do dia para a noite? Não sei se teve influência, mas nas voltas seguintes ia só com um auricular e as trajectórias começaram a sair mais certinhas voltando a divertir-me nas descidas. As subidas é que eram cada vez mais penosas, até que lá pelas duas da manhã desisti de fazer a subida longa montado e nessa volta foram quatro as zonas que fiz a pé. Isto foi determinante para decidir esticar-me um bocado. O ânimo não era muito, e ainda era pior se andasse a fazer voltas a pé. Entretanto as ameaças de cãibras tinham desaparecido, mas as costas começavam a ficar massacradas. Tudo junto: tenda com ele.

A noite não foi descansada (nunca é), mas a determinada altura sinto água a cair com força em cima da tenda e pensei: “A chover? Isto vai ficar perigosíssimo. As 24h acabaram para mim”. Estava mesmo convencido que não voltaria a pedalar e deixei-me ficar no choco, que me estava a saber muito bem. Pelas sete e tal envio uma mensagem à família que ia ter comigo a dizer para não irem que eu não pedalava mais, mas fico a saber que já estavam a chegar.
Eh pá... Era chato desistir agora. Então e o meu orgulho?
Começo a levantar-me e verifico que afinal não tinha chovido, tinha sido a rega automática que tinha disparado. Lá se foi a primeira desculpa.
Vou ver as classificações para ver qual tinha sido o meu trambolhão durante a noite e verifico que praticamente estava no mesmo lugar (38º), o que queria dizer que o pessoal do meu campeonato tinha todo ido dormir e que até havia ainda possibilidade de subir uns lugares. Lá se foi a segunda desculpa.
Entretanto, mensagem daqui, telefonema dali, contacto com outros Just4Funners espalhados por esse país e o orgulho próprio lá se ergueu dos escombros e decidi continuar.

Recomecei a pedalar pelas nove e pouco e já só fui fazendo paragens curtas para reabastecimentos até ao final.
Nas últimas voltas voltei a encontrar a Sónia e a Filipa que iam novamente juntas, mas a Sónia levava já algumas voltas de avanço, tendo praticamente garantida a vitória na prova. Deu para mais alguma cavaqueira e durante algumas voltas ainda nos voltámos a cruzar, tendo sempre algumas palavras para trocar.
Muito simpáticas estas meninas. Um verdadeiro exemplo de como podem ser excepcionais naquilo que fazem sem ganharem ares de superioridade e mantendo sempre a simpatia, mesmo ao fim de vinte e tal horas a pedalar. Tiro-lhes o meu chapéu (talvez o mais adequado seja tirar o capacete ;-) ). Só para reforçar esta ideia, numa das últimas voltas a Sónia estava parada numa das zonas mais técnicas e apertadas e quando me aproximei, além do cumprimento da ordem apressou-se a sair do trilho e a puxar a bicicleta para fora. Ainda lhe disse que não valia a pena apressar-se que eu tinha muito tempo, mas ela foi mais rápida a desviar-se que eu a dizer isto. São estes pormenores que fazem os verdadeiros campeões, ao contrário de alguns pseudo-atletas que sempre aparecem nesta provas e que não olham a meios para passar quem se atreve a seguir à sua frente.
Fiz as minhas contas para terminar a minha última volta às 13:45, para entregar o chip rapidamente, mas um furo nos quilómetros finais “furou-me” as contas e acabei a última volta apenas seis minutos antes do fim do tempo. Ainda fui guardar a bicicleta e quando fui entregar o chip fui apanhado pela molhada e pela resposta lenta de quem estava a receber os chips e devolver os documentos que serviram de caução. Foi muito mau o tempo que nos fizeram ficar na fila ao Sol.
Foi mesmo o ponto mais negativo que testemunhei, apesar de não ter almoçado nem tomado o pequeno-almoço da prova, porque fui prevenido de casa. De resto o percurso estava excepcionalmente marcado e durante todo o tempo houve uma equipa que foi refazendo as marcações. Esteve a GNR durante as 24 horas a cortar o trânsito nas zonas mais perigosas e apenas no período nocturno o controlo dos atletas no percurso abrandou permitindo algumas irregularidades. Eu próprio fui testemunha de um caso estranho. Passei um atleta na subida longa que depois me apareceu novamente à frente sem o ter visto passar por mim, mas provavelmente era eu que já ia a dormir e não o vi passar... Por acaso, no cimo da subida, se em vez de virar à direita se virasse para a esquerda evitavam-se umas centenas de metros e apanhava-se o percurso mais à frente.
Começo a achar que isto já não é defeito, é feitio e já nem me chateio muito.

Entretanto, quando saí de lá estava em 32º lugar com 18 voltas e pelas minhas contas tinha feito 19. Quando vejo as classificações dois dias depois estou em 31º com 20 voltas. Das duas uma ou enganei-me nas contas ou enganou-se a organização. De qualquer modo, mais volta menos volta ficaria pelo trigésimo e pouco, ou seja, a meio da tabela, que era um dos meus objectivos. Ainda vou tentar confirmar com os meus registos quantas voltas fiz, mas o Polar deixou de registar km a partir de metade (que raio de altura para acabar a bateria do sensor) e apenas poderei confrontar a quantas voltas correspondem os 162 km que marcou o ciclómetro com o percurso que captei com o GPS.

Uma observação final para dizer que estas provas estão a ficar cada vez mais competitivas e já não é fácil para os pára-quedistas (como eu) fugirem ao final da classificação.
Venham as próximas, embora esteja a considerar voltar a participar em equipa.

PL

2009-03-12

Duatlo BTT de Grândola - 8 de Março de 2009


Presentes o SD e o JB.
O SD teve um contratempo mecânico que relatará depois
Fica desde já o relato feito pelo homem de Bronze:

"Pontual como um relógio suíço, lá estava a família Duarte (excepto os mais pequenos) às 7.45 à minha porta.
Paragem para tomar café e siga para Grândola.

Quando estávamos a retirar as bikes da Mazda reparámos que a roda da KTM estava a “respirar” liquido verde. Fiquei um bocado apreensivo mas não preocupado, pois sei a máquina que tenho J….A roda da frente estava um bocado vazia mas isso já sabia, e com umas bombadas lá se resolveu este “problema”. Depois e como estávamos em Grândola duas simpáticas senhoras ofereceram cravos…. Viva o 25 Abril, Viva o Dia Internacional da Mulher….

Dorsal/chip levantado, verificações técnicas OK e toca a escolher o melhor sitio para colocar a bike….Quando estávamos a sair do parque da transição alguém conheceu os jerseys JUST4FUN e perguntou se o Tó não estava também por ali, ao qual nós respondemos que tinha ido passear para outras bandas…

Em resumo a 1ª corrida era constituída por 3 voltas a um percurso com a extensão de 5670 metros, o BTT eram 19 KM e por ultimo a 2ª corrida era constituída por 1 volta de 1900 metros.

11 horas, a confusão anormal das partidas e lá se ouviu o tiro para se iniciar mais um Duatlo desta vez em terras alentejanas.

A corrida não é a minha especialidade, mas lá consegui fazer os 5670 metros em 26:45. Estava eu a ir para a minha ultima volta (1900m) estava o primeiro atleta da corrida a entrar para a zona da transição.

Na parte da transição encontrei logo a bike, pois estava perto de uma passadeira e também graças à Sandra Duarte que me orientou para o sitio certo. Na troca de sapatilhas soube que o SD já tinha arrancado para a parte de BTT a alguns minutos.

A parte do BTT foi percorrida sem problemas e fiz os 19 km em 51:58. Não conhecia o percurso e fiquei agradavelmente surpreendido e além disso estes últimos dias ajudaram a que o terreno não tivesse muitas poças de água/lama.

Logo na parte inicial havia uma subida algo inclinada mas o bom piso facilitou a ultrapassagem a alguns atletas. Depois começava a descer e ia dar a uma pequena ribeira. Na primeira volta passei bem mas na segunda fui directo à parte mais funda da mesma o que provocou um verdadeiro banho.

Depois do BTT, troca novamente de sapatilhas e siga para os últimos 1900 metros. Acabei esta ultima parte com o tempo de 8:47, sendo ultrapassado por uns quantos atletas…Ao longo destes últimos 1900 metros tentei visualizar o SD mas não o vi e pensei logo: “Este “gajo” está em forma…”. Vim mais tarde a saber que ele estava em forma, a bike é que não L

Cortei a meta com o tempo de 1:30:12 e fiquei no lugar nº140. Longe do pódio é certo mas o Bronze ninguém me tira J

No final da prova andei à procura do SD e não o encontrei, desloquei-me até ao carro e vi a sua bike lá e fiquei desconfiado…. Voltei novamente para a zona da meta onde encontrei a Sandra que explicou o que tinha sucedido ao SD. Acontece aos melhores…nas lezírias o Lino Barruncho também desistiu…

Banho tomado, material recuperado, lá fomos nós ao almoço pois já eram 13:30 da tarde….

Obrigado à família SD por me terem “adoptado” neste dia 8 de Março,

JB"

2009-03-03

Duatlo das Lezírias - 15 de Fevereiro de 2009

Os Just4Fun regressaram a esta prova com ligeiras mexidas na equipa. O povo (que é sábio) costuma dizer que em equipa que ganha não se mexe, mas como ainda não foi o caso (de ganhar, obviamente) mexemos nos "convocados" (nome politicamente correcto para designar os malucos que se metem nestas coisas).

Estiveram presentes o SD, o JB, o JMA e o PL. Os três primeiros na prova dos Iron Man ;-) e o último na prova dos paraquedistas.

Já se sabe que o JB e o JMA são parcos em palavras e baldam-se sempre aos relatos, mas o SD cobre essa falha e fez um relato à maneira, que se pode ler mais abaixo. Já o PL, que até costuma conseguir juntar umas letrinhas para animar o blogue, desta vez diz que não há relato para ninguém. Parece que a prova não lhe correu muito bem por alguma culpa própria, mas também com um grande contributo pelas falhas da organização. Sendo assim fez birra e diz que que não faz relato. Fez uma espécie de reclamação/sugestão para a Federação e nesse esforço sobre-humano gastou o stock de inspiração que tinha reservado para esta prova.
Para que conste, o JB estreou nesta prova a sua nova KTM de suspensão total, como se pode ver nas fotos.

Do JMA não há fotos, porque não levou a camisola da bicicleta sorridente e era impossível descobri-lo no meio do 348.498.231 participantes desta prova.
É bem feito, que é para aprender ;-)

Segue portanto o relato do SD:

"Duatlo das Lezírias, o meu segundo Duatlo.

Eu, que nunca vou para as Lezírias, fui logo duas vezes seguidas neste fim-de-semana! No sábado, a minha esposa queria desentorpecer as pernas e tirar as teias de aranha da sua bicicleta e como já há muito tempo que ela não andava lembrei-me de a presentear (ou não fosse dia dos namorados) com 28km nos estradões da Companhia das Lezírias. Domingo lá estaria eu novamente mas agora em ritmo competitivo.

Eu que não gostava muito de competição, tenho a impressão que estou a ficar viciado nestas provas de Duatlo. O facto de a constituição destas provas envolver 2 modalidades que pratico habitualmente, dão-me a possibilidade de não ficar muito mal classificado. O Duatlo das Lezírias foi o meu segundo e… já penso no terceiro – venha Grândola!

Creio que fiquei mal habituado. O Duatlo do Jamor elevou a fasquia da organização a muito bom nível e sendo novo nestas andanças pensei que as provas da Taça de Portugal se pautavam pelo rigor organizativo mas o que vi no sábado foi uma tentativa de boa organização com detalhes de amadorismo. Quando uma organização não respeita um horário como o da abertura do parque para verificação técnica, num ano em que o número de participantes mais do que duplicou relativamente ao ano transacto, algo vai mal. Se a isto juntarmos alterações de última hora como foi o caso da criação de um parque de transição específico para a Promoção, sem que os atletas desta prova soubessem da sua existência, colocando alguns o seu equipamento misturado com o equipamento dos atletas da Taça de Portugal, dizia eu, se a isto juntarmos o atraso típico do tuga que chega 5min. Antes do secretariado fechar, temos a chamada confusão generalizada. Foi este o sentimento de quem como eu viu de fora o início da prova de Promoção, em que o tiro de partida foi adiado inúmeras vezes, tendo sido dada a partida com mais de 30 minutos de atraso relativamente à hora prevista. Durante esta prova em que participou o nosso amigo Paulo Leitão e que tudo fez para ficar bem classificado, só não ficou porque elementos da organização tê-lo-ão confundido com atletas em aquecimento e não lhe assinalaram o retorno da segunda e última corrida, obrigando-o a percorrer mais umas centenas de metros para além do previsto. Lamentável! No fim, compreendi perfeitamente as suas palavras de desabafo, palavras essas que me recuso a escrever aqui.

A organização acabou por conseguir minimizar um bocadinho o atraso verificado, tendo conseguido pôr todos os participantes da Taça de Portugal a correr (apenas) 15 minutos depois da hora prevista. Eu que gosto de partir à frente, não com medo de ser ultrapassado mas sim para não me envolver em confusões, encontrava-me 3 metros atrás do pórtico da partida mas na verdade parti lá para o meio do pelotão. Como é que isto é possível? É possível porque os espertos que aqueciam alegremente à frente do pórtico enquanto os outros lá atrás se acotovelavam no sítio certo, tentando fazer uma espécie de aquecimento que mais não era do que um aquecimento mental, partiram à frente da linha da partida!

Senti-me forte na primeira corrida, tendo ultrapassado alguns atletas e tendo feito para meu espanto o tempo de 0:21:18, ou seja 4:26/Km, quando habitualmente tenho um passada de 5:00/km. Entrada no parque e… novamente o Sérgio à nora. Antes de o Duatlo ter iniciado, quando deixámos o equipamento no parque, preocupei-me em decorar a localização da minha bike. “Ora bem, entro por aqui, conto 5 corredores… não, melhor ainda, entro por aqui e viro no corredor com a bandeirinha SLB!”. Dito e… mal feito! Virei no corredor antes. Desorientei-me o que me causou alguma irritação. Quando saí do parque sai com vontade de “dar-lhe” no pedal. O passeio do dia anterior tinha também servido para perceber como estaria o terreno. Estradões largos, sem lama, com melhor rolar nas bermas mas também com alguns buracos aqui e ali quando menos se espera. Depressa me coloquei nos 31.5, 32Km/h. Neste momento ultrapassava mais do que aquilo que era ultrapassado. A espaços via desistências por motivos técnicos. Lino Barruncho foi um deles. 5Km percorridos e conseguia manter o mesmo ritmo. Neste momento avaliava a minha capacidade de o manter até ao fim e confesso que me sentia forte. Dois ou três quilómetros à frente, mudámos de direcção e começámos a sentir um vento que até então tinha passado despercebido. Uma nova mudança de direcção, colocava-nos agora perante uma recta com vários quilómetros em que o principal adversário era o vento. Embora este não fosse especialmente forte, era resistente o suficiente para abrandar o nosso ritmo, tendo a minha velocidade baixado para os 27km/h. Neste momento queria andar mais e não conseguia. Queria apanhar atletas que me fugiam. A espaços passavam por mim pequenos pelotões. Colava-me a eles por instantes conseguindo assim aumentar a minha velocidade e beneficiando de menor resistência mas o ritmo destes era elevado demais para mim e via-me obrigado a abandoná-los. No fim da prova de bicicleta, tinha uma distância de 20,71Km (a organização anuncia 23!) percorridos com uma média de 27,54km/h, durante 45:10 minutos. Se soubesse que todo o percurso seria feito naquele piso teria arriscado a levar uns slick’s 1,5” em vez de uns pneus 2” com piso de terra/lama.

O discernimento baixa com o cansaço. Só assim explico o facto de ter travado à entrada do parque de transição quando ainda não era ali a “Dismount Line”. Mais uns segundos no desmonta/monta para entrar depois no parque, ter virado no corredor certo mas ainda assim não ter dado de imediato com os ténis! A melhorar no futuro estas transições, sem dúvida. Saída para os últimos 2,5Km. Saída algo trôpega, pois faço melhor a transição corrida-bicicleta do que o inverso e vejo algumas caras conhecidas a terminar já a prova o que me fez pensar em apertar um pouco o andamento. Pouco depois, oiço alguém dizer: “olha o capacete!”. Pois é, esqueci-me de tirar o capacete e fiz a corrida toda com ele na cabeça. Era o único! Não é grave mas não me escapei de ouvir umas larachas da assistência e mesmo de outros atletas pelo facto de ir a fazer figura de urso! Há o lado positivo, se aparecer na televisão serei facilmente reconhecido! Durante esta corrida motivei-me em conseguir ultrapassar um elemento feminino do Clube de Sines. Por nenhum motivo em particular e ao fim e ao cabo por todos no geral! Fi-lo, a custo nos últimos 500m, altura em que as pernas ganharam asas quando as canelas cheiraram a meta.

No fim, lugar 266 da geral, com 1:16:50, a 18:57 do vencedor, de 519 atletas que concluíram as 3 provas. Não me consegui segurar na primeira metade da classificação mas a verdade é que não dava também para mais. Missão cumprida. Segue-se Grândola!
SD"

2009-02-01

Duatlo do Jamor - 1 de Fevereiro de 2009

Apesar do temporal os Just4Fun voltaram a marcar presença no Jamor. Um terreno pesadíssimo resultado da água que caiu na noite anterior à prova acolheu (o termo correcto seria envolveu) os participantes nesta edição.
O JMA e o SD mergulharam (em sentido figurado) na lama e cumpriram o percurso com a galhardia habitual. Como o JMA ia disfarçado (sem equipamento J4F) não foi possível captar imagens porque quando era possível ver a cara de quem passava... já tinha passado ;-).
No SD , pelo contrário, era possível ver ao longe as mangas vermelhas do equipamento J4F, que se destacavam das silhuetas castanhas que evoluíam no percurso. Isto permitiu recolher algumas imagens, que mesmo assim não mostram o estado lastimável em que os participantes estavam.
Foram toneladas de lama que levaram para casa. Façam o favor de devolver a terra, que faz falta para lá andarmos no resto do ano :-)
Classificações:
JMA: 35º em V2, 393º da Geral
SD: 103º em SEN, 172º da Geral
Estiveram presentes na prova principal mais de 600 atletas.

Segue-se, no dia 15, o Duatlo das Lezírias, onde os Just4Fun também estarão presentes.

Em baixo o relato do SD:
"Cá estou, agora sem laminha, para vos contra como foi o meu primeiro Duatlo. Já há muito que eu pensara experimentar esta modalidade mas até agora, nenhum aparentava ser tão duro como este pelo que fui adiando a minha participação. :-) Dia 1 Fev. sim, estavam reunidas todas as (más) condições para o meu primeiro Duatlo – o Duatlo do Jamor.

Dizem os meteorologistas que o mês de Janeiro de 2009 foi o mais chuvoso nos últimos 30 anos. Dizem. Eu cá acho que ainda não parou de chover desde o Tróia-Sagres e também já não acredito que o S.Pedro consiga fazer alguma coisa boa neste país. A noite que antecedeu o dia da prova foi uma noite especialmente ventosa e com muita precipitação na região de Lisboa pelo que todos nos arriscámos a fazer um Aquatlo em vez de um Duatlo.

9:10 – Abertura do parque de transição e início das verificações técnicas. Minutos antes, 14 nuvens tinham-se reunido na zona, cuspindo e atirando mesmo algumas pedrinhas de granizo mas por esta hora, estavam distraídas. Dorsal à cintura, porque este é um dorsal tipo cinto que permitir aos atletas durante a corrida exibir o número à frente e uma vez na bicicleta colocá-lo para atrás, chip numa cinta colocado na zona do tornozelo, capacete numa mão e sapatos de BTT na outra. Foi assim que me apresentei para a verificação técnica. Após a mesma, foi me dado um cestinho para colocar os meus pertences e encaminhei-me para o local escolhido dentro do parque. Como fui um dos primeiros, tive oportunidade de deixar a bicicleta na ponta do parque o que facilita a transição em prova pois permite que a mesma seja rapidamente localizada. Tinha levado um saquinho de plástico para ‘tapar’ os sapatos com medo que chovesse. Que ingénuo. Um erro que cometi no meu entender foi o ter deixado os óculos (não os de ver, é claro) no cesto em vez de ter iniciado a corrida logo com eles. Quando mais tarde os coloquei na cara, estes estavam molhados pois tinham ficado à chuva mas o pior foi a diferença de temperatura que fez com que estes embaciassem de tal forma que deixei simplesmente de ver o caminho, mas já lá vamos a esta parte.

10:40 – Após mais de 1h dentro do carro no quentinho a ouvir a chuva cair e a pensar no quê é que me ía meter, estava na hora de sair para fazer um aquecimento. Como estava a chover (já tinha dito isto?), fui aquecer para debaixo de uma espécie de tenda que há junto à zona de canoagem. Claro, não fui o único a lembrar-me deste espaço. Como é difícil correr em 15m e parecia quase impossível fazer o Duatlo sem que chovesse, estendi o meu aquecimento além tenda.

11:00 – Pronto para a partida. Eu e os mais de 800 participantes. Quando alguém disparou para o ar, toda aquela gente começou a dar aos calcantes para 10 metros depois, ter de fazer um gancho à direita. Penso que esta partida não terá sido muito bem idealizada pois só os primeiros 5 vá lá… passam bem nesta zona. Para o ano, há ideia de a partida ser diferente, disseram-me da organização. Tinha começado o meu Duatlo. Com a avalanche inicial de atletas, vi-me obrigado a pisar enormes poças de que água para mais tarde cruzar um troço de autêntica lama e por onde ninguém podia fugir. Com os ténis brancos molhados e já com nova coloração, comecei cedo a deixar de me preocupar com o sítio onde punha os pés. Ao fim das 2 voltas estava pronto para a transição…

BTT – O facto de ter deixado a bicicleta no início do parque de transição ajudou na localização da mesma. Capacete posto e afivelado, sapatos trocados e óculos na cara, lá saí eu a correr e a empurrar a bicicleta parque fora, numa zona muito enlameada. Quando pude montar na bicicleta, já fora do parque, já não via o caminho pois os óculos estavam completamente embaciados e tive de os tirar. O facto de conhecer o percurso e BTT permitiu-me seleccionar a mudança correcta para a primeira subida, logo após abandonar o alcatrão. Comecei logo a ultrapassar alguns atletas mas fui tapado na parte de maior pendente o que me obrigou a desmontar e fazer o resto da subida a correr para não perder mais tempo. Na segunda volta, já com o circuito com menos gente, esta subida foi feita montado. Penso que fiz uma boa prova de bicicleta. Não tive contratempos, fui ultrapassado nas 2 voltas por muito poucos e ultrapassei muita gente. O circuito estava muito técnico e bbaassttaannttee enlamenado. Os pneus novos que tenho montados cumpriram o seu papel e eram previsíveis quanto à sua aderência nos diversos locais do circuito. Uma coisa que me preocupou foi o facto de esta a andar sem óculos. Mesmo com guarda-lamas levei com muita lama na cara e nos olhos e já semi-cerrava os olhos nas zonas mais rápidas com medo da combinação lama/lentes de contacto. As condições que se faziam sentir deram-me alguma vantagem por estar habituado a andar de bicicleta. Vi muita gente com dificuldades e com medo a andar naquelas condições. Com tempo seco a minha prestação teria ficado mais comprometida porque a concorrência seria bem maior.

Última corrida – Bom, aqui começou a falta de atenção pois enganei-me e meti-me para uma 3ª volta ao circuito de BTT, em vez de entrar para o parque de transição e preparar-me para a corrida final. Voltei atrás e entrei no parque. Depois, se da primeira transição vi logo a bicicleta, desta vez entrei no corredor ao lado. Estava transtornado e com dificuldade em ver, com a lama acumulada na cara/olhos o que contribuiu para a minha desorientação. Lá acabei por dar com o local onde deixara os meus ténis. Coloquei a bicicleta no suporte e quando fui trocar de sapatos deu-me uma cãibra no gémeo e tive de ficar quietinho por breves instantes. Por fim, lá me consegui calçar e iniciar a corrida, agora sobre um lamaçal desgraçado à saída do parque. Foi de tal forma que a organização tinha pessoas a avisar do perigo de queda à saída do parque. Nesta última volta não comecei muito bem. Parecia que as pernas não queriam desenvolver e fui ultrapassado por uns quantos atletas mas mais ou menos após o km 1, senti-me melhor e fui no encalce de alguns concorrentes, o que criou ali um objectivo e me permitiu terminar esta última corrida com um tempo razoável.

No fim, estava bastante satisfeito com o meu primeiro Duatlo e até com as prestações conseguidas. Na classificação Geral fiquei em 179 tendo feito os seguintes tempos intermédios:

5Km – 0:23:19 – Posição 341
18Km – 1:03:13 – Posição 147
2,5Km – 0:12:12 – Posição 233

Foram 1h38m44s a chafurdar em lama de tal forma que boa parte da tarde de domingo foi passada a desencardir roupa, ténis, sapatos e a cuidar da bicicleta porque nem a marca já se via no quadro. Diriam vocês agora: não mexe!! Tá bom assim!! :-)

Fiquei fã de Duatlo e já me inscrevi para o das Lezírias. Só tenho pena que não hajam muitos Duatlos de BTT e no que toca aos de estrada… uma bicicleta de estrada vinha mesmo a calhar. :-)

Quero agradecer ao JMA a companhia e as dicas transmitidas por alguém mais experimente nestas andanças. Obrigado também ao amigo PL que tirou umas fotos e gritou umas palavras de incentivo durante a participação."

2009-01-19

Arruda-Montejunto-Arruda

Dois elementos (FF e PL) marcaram presença neste evento, como comprova a foto abaixo ;-)
Se clicarem na imagem vêem toda a variedade de cores de lama que existe entre a Arruda e Montejunto, num efeito muito artístico ;-)

Aqui fica o relato do PL:

"A montanha pariu a lama.
É assim mesmo, sem papas na língua.
A sabedoria popular diz "a montanha pariu um rato", mas neste caso aplica-se uma versão diferente.

A minha expectativa era muita, já que a vontade de subir a Montejunto já vinha de longe e o Sábado até parecia indicar que iam estar boas condições para a prática da modalidade, mas infelizmente no Domingo assim que saí de casa verifiquei que a versão dos acontecimentos ia ser outra. Neblina acompanhada de chuva-molha-tolos (ou o inverso) quase todo o dia, com excepção de breves minutos já no regresso, estragaram o que prometia ser um belo passeio. Não vi paisagens, não vi trilhos, só lama e pedras e lama e pedras e lama e mais lama e ainda lama. Estivemos a um pau de fósforo de vir por estrada desde Montejunto, mas a dúvida sobre o caminho a seguir levou-nos a completar a volta seguindo o track.

Bem, mas nem tudo foi mau, os trilhos quase todos prometem muito, mas em tempo seco. Ontem, nos trilhos potencialmente mais engraçados, apenas conseguia ter atenção àquela meia dúzia de metros à frente da roda para tentar manter-me na posição vertical.
A ida até ao sopé da Serra foi a parte que gostei mais, mas já se sabe: eu gosto é de rolar.
O início do ataque à Serra foi feito por um estradão largo, muito longo e muito inclinado, para fazer "devagar e passo certo", mas depois disto veio a parte mais complicada, com muita lama e pedra, numa mistura explosiva que obrigou a muito empurra-bike, quer a subir quer a descer. Acredito que estivemos no alto de Montejunto, porque estivemos a bem mais de 600m de altitude, ao pé das antenas e junto a um painel de azulejos que indicava as atracções turísticas do topo da Serra, mas não se via um palmo à frente do nariz.

Quando pensávamos que agora vinha a parte melhor, porque era a descer, tivemos uma desilusão, dado que a descida era muito complicada, com muita lama e muita pedra, que nos obrigou a vir de empurra-bike a descer, o que ainda é mais frustrante que a subir. Por diversas vezes tentei montar-me, mas não havia condições. Além do risco para o corpinho (e respectivo esqueleto), a determinada altura tínhamos que andar constantemente a limpar a lama que nos prendia as rodas.
Quando atingimos asfalto estivemos a conferenciar, mas por via das dúvidas fomos seguindo o track na expectativa de chegar a um ponto com indicações para a Arruda. Fomos andando assim até que já faltavam menos de 10 km para o final e decidimos continuar no percurso, que entretanto tinha abandonado os trilhos mais enlameados (pensávamos nós).
Já com Arruda no horizonte ainda nos meteram numa vinha e mais uma vez tive que tirar quilos de lama das roda para poder andar. Estava eu neste trabalho e a dizer mal da minha vida quando uma senhora começa aos gritos a dizer que aquilo não era caminho público, que era serventia da fazenda e não era para fazer corridas.
O Fernando ainda começou por pedir desculpa, mas a mulher continuava a refilar e às tantas já não lhe ligávamos, o que a deve ter chateado, porque começou a falar em ir buscar uma enxada. Aí eu comecei a ficar desconfiado e tentei acelerar o processo de remoção de lama, mas ela lá esclareceu que era para abrir um rego para dificultar a passagem. Ora isso é que ela tinha feito bem, mas tinha sido melhor na altura em que andaram a fazer os reconhecimentos. Como continuávamos sem sair do raio de acção da gritaria terminou com um: "Se soubessem o que a vida custa não andavam nessas coisas. Vão mas é trabalhar!". Afinal aquela gritaria tinha o patrocínio d'Os Contemporâneos. ;-)
O Fernando entretanto concluiu que ela deve ter estado ali todo o dia à nossa espera. Eu digo que se calhar fomos nós os únicos que lhe proporcionámos audiência, porque estávamos ali atascados.
O melhor do dia foi o convívio que estas actividades proporcionam. Não havendo classificações nem objectivos que não fossem chegar ao fim ainda de dia, vamos juntos o tempo todo, embora ontem não desse para falar muito, pois não havia muitos locais onde se pudesse ir lado a lado.
De registar com agrado que isto nem é um passeio organizado e que o preço foi zero euros, com direito a banho e a alguma assistência da MotoReis.
Tivemos azar com o tempo, porque senão estaria aqui provavelmente a dizer maravilhas da volta. (foto http://trilhossemfim.blogspot.com/)

Para os registos foram cerca de 82 km em mais de oito horas, o que dá uma ideia da dificuldade de progressão, mas no final ainda havia muitos carros sem bicicletas no parque, pelo que havia ainda muito pessoal no percurso. Registei mais de 2000 m de acumulado positivo."

2008-12-21

Tróia-Sagres - 13 de Dezembro de 2008

Os Just4Fun estiveram presentes mais uma vez, desta vez com seis elementos.
Os relatos dos participantes em baixo:

Relato do SD:

"5:00. Toca o despertador. Saio do certo para o incerto. Deixo para trás o conforto da cama e desperto para um longo dia que se prevê… duro.
5:25. Tento não fazer barulho, saindo de casa do jeito que muitos costumam entrar a estas horas, i.e., com pezinhos de lã. Arrumo os últimos sacos e aguardo no carro pela chegada do amigo Paulo Leitão. Chuvisca. Afinal as previsões meteorológicas parecem não se ter enganado.
5:30. Chega o amigo Paulo Leitão. Trocamos um ensonado cumprimento. São horas de ir buscar o nosso motorista de serviço.
5:40. Pontual, Francisco Gomes já esperava na rua pela nossa passagem.
6:00. À hora prevista, recolhemos o amigo João Bronze que se faz acompanhar da sua KTM. Com tudo arrumado, seguimos para o ponto de encontro.
6:30. Área de serviço de Palmela. Ponto de encontro para o primeiro café. Delgado Nunes, Pedro Martinho e Fernando Ferreira, apoiados pela Elisabete Novais, constituem os restantes Just4Fun para este… passeio.

Decidimos este ano não utilizar o barco, para chegar a Tróia. Face aos atrasos provocados pela afluência de participantes no ano anterior, preferimos ir de carro, garantindo deste modo a hora de chegada. Durante a viagem até Tróia, a chuva mostra o que nos espera ao longo do dia. Já perto de Tróia, por volta das 7:45 vêem-se já ciclistas a pedalar. Chegámos às 7:50 ao novo cais marítimo de Tróia e começámos de imediato os preparativos para sairmos a pedalar o quanto antes, pois o dia já nascera e queríamos aproveitar ao máximo a sua luz.

8:10. Deixamos os carros e damos as primeiras pedaladas. À frente combina-se uma estratégia de rotação de forma a facilitar o andamento do grupo. Com um ritmo moderado, poupando energias para os muitos quilómetros que tínhamos pela frente, circulo com o Paulo Leitão e João Bronze à frente e observo que os restantes elementos do grupo arrancaram com um ritmo mais lento. Compreendo os seus andamentos, afinal é a primeira vez que enfrentam este desafio.

Ainda não tínhamos chegado à Comporta e já os primeiros pingos se faziam sentir. Neste momento quis acreditar que se tratasse de algum arrufo passageiro entre nuvens, ao mesmo tempo que pensava no impermeável e nas capas dos sapatos que deixara na pickup. Continuei o meu ritmo. Afinal era eu que ia agora a impor o andamento. Um olhar para trás sobre o ombro e já não vejo na minha roda o meu grupo. Verifico então que pedalam a alguns metros atrás pelo que decido manter o meu ritmo.

Começa a chover com mais intensidade. A temperatura não é muito baixa e o vestuário vai resistindo à água. Os nossos carros de apoio brincam à apanhada connosco, esperando a espaços por nós. De objectiva em punho registam a nossa passagem a cada momento. Digo bom dia aos companheiros de viagem que ultrapasso e repondo na mesma moeda aos que passam por mim. Já perto de Pinheiro da Cruz envolvo-me com a viatura de apoio dos ciclistas do Clube de Loulé. Circulando atrás dos seus ciclistas, este carro distribuía CO2 desinteressadamente a todos os que se juntavam à sua retaguarda e obrigava a ultrapassagens fora de mão! Foi o que tive de fazer, não sei antes demonstrar o meu descontentamento por tal comportamento quando passei junto ao vidro do condutor.

A viagem tinha descanso marcado mais à frente. Nos preparativos desta travessia, recordei-me do bem que me soube um café quentinho acompanhado de uma bolachinha, 2 anos antes. Decidi então preparar algo semelhante para oferecer aos meus amigos e que bem que me soube um café quentinho tomado abrigado numa paragem de autocarro. Aliás, as paragens e as cabines revelaram-se importantes infra-estruturas este ano. Café tomado e estômago aconchegado, decidi continuar viagem para não arrefecer mas devia ter esperado um pouco mais pois o segundo carro de apoio transportava um delicioso bolo feito pela Elisabete. Bolas se eu soubesse…

A chuva não dava tréguas e o vento fazia-se sentir de sudoeste. Com a estrada molhada, o guarda-lamas dianteiro retinha a água mas com o vento forte que se fazia sentir, esta era toda dirigida para o pé esquerdo. A impermeabilização das meias que estreei nesta travessia começava a mostrar que as mesmas não estavam ao nível de intempéries pois começava a sentir água no pé, embora a temperatura do mesmo se mantivesse.

Os quilómetros passavam e a chuva e o vento… nem por isso. Comecei a sentir algum mal-estar em cima do selim e não conseguia encontrar a melhor posição sentado. A estrada virava agora em direcção a Porto Covo e o piso degradava-se significativamente. Pedalava agora mais devagar, negociando com o vento a minha progressão. Pouco depois, oiço o chamamento do João Bronze e alegro-me por ter companhia nos quilómetros seguintes. Mais atrás, o Paulo Leitão parava para reabastecer. Percebi que o João Bronze estava bem fisicamente mas que estava aflito das mãos e dos pés. Dizia que estavam uns cubos de gelo. Pouco depois, vimos um ciclista a substituir uma roda no seu carro de apoio, pois este tinha furado. Que grande azar! Quando virámos em direcção a Odemira, a estrada melhorou significativamente e continuei a viagem na companhia do João Bronze. Uns quilómetros à frente, parávamos junto a um café para reabastecer. Dentro de uma cabine telefónica, o Paulo Leitão usava o telemóvel para saber dos restantes elementos do grupo. Percebemos que o Fernando Ferreira e o Pedro Martinho acompanhavam agora a Elisabete dentro do carro de apoio ao Delgado Nunes que vinha um pouco mais atrás. Ao tomarmos um café, rimo-nos com um cartaz afixado na parede que dizia qualquer coisa como “…Leitão quente!”. Era precisamente como o Paulo gostaria de estar… Preparei-me para seguir viagem, pois estava a começar a tremer com frio quando percebo que o João Bronze estava bastante afectado do frio nas mãos e que tinha as suas luvas totalmente molhadas. Emprestei-lhe um par sequinho e ao que parece, foi o ‘click’ que precisava para continuar a enfrentar a chuva.

Pedalámos em seguida uns bons quilómetros juntos mas comecei-me a afastar nas subidas pois estas têm de ser feitas ao meu ritmo, caso contrário, são mais dolorosas. A seguir a Aljezur apanhámos outros ciclistas. Um deles em conversa comigo dizia-me que devíamos ser os últimos. Esta não era certamente a minha preocupação do dia. Chegar, seria uma vitória para mim e com este objectivo em mente continuei a enfrentar as adversidades naturais. Por esta altura, já passara o mau estar provocado pelo selim que é como quem diz, já tinha o rabo formatado. A chuva fria batia forte na cara, parecendo agulhas. Os óculos todos molhados dificultavam a visão. De cabeça baixa, olhava por cima dos óculos para perceber a configuração da estrada. A última subida do dia aproximava-se. Mais do que esta, preocupava-me uma dor no joelho direito que se vinha a agravar nos últimos quilómetros. Tentava pedalar mais com a perna esquerda, evitando esforçar o joelho. Ao chegar às imediações da Serra da Carrapateira, o vento distrai-se e concede-nos um pouco de descanso. Bem fisicamente, tirando a dor no joelho, forte psicologicamente ou não estivesse perante a última dificuldade do dia, subi toda a serra a um ritmo muito forte, contente por cada pedalada que dava, feliz por cada metro que vencia. Passei a todo o gás por um grupo e disse-lhes… “Embora! Lá em cima, é Sagres!”. Adorei a sensação de disponibilidade física que senti nesta parte final do percurso. Olhei para trás e não vi os meus amigos pelo que segui no meu andamento.

As rectas até Vila do Bispo foram percorridas já com pouca luz. A intempérie que se fez sentir partiu alguns ramos e estes, caídas na berma da estrada eram autênticas armadilhas. Numa delas estive quase a cair. Não vira o ramo quando a roda da frente resvalou ao o tocar mas consegui controlar-me em cima da bicicleta. Os últimos quilómetros até Vila do Bispo, foram feitos com o carro de apoio atrás a dar-me alguma iluminação. Pensei nos meus amigos que vinham mais atrás e que não teriam luzes. Também eu tinha as minhas no carro mas… parar para as montar quebrava o andamento. Acelerei o ritmo e parei à entrada da Vila do Bispo pedir ao Francisco Gomes para ir lá atrás dar as luzes ao pessoal. Segui então viagem sozinho, iluminado com a última luz do dia mas agora descontraído porque estava a chegar a Sagres e estes últimos quilómetros são acompanhados de uma berma onde é possível pedalar fora da faixa de rodagem.

Pouco antes de entrar em Sagres, o carro de apoio junta-se novamente a mim e segue-me até ao destino. Vejo a placa da vila e faço um gesto em forma de vitória, com o braço esquerdo. Estava a terminar a minha quarta participação, sem dúvida a mais dura de todas elas. Chegar ao fim com estas condições não é para todos nem é só uma questão de preparação física pois se o fosse teríamos tido seguramente a companhia do Fernando e do Pedro Martinho. Chegar ao fim com estas condições é uma questão de teimosia, insistência, luta, determinação e capacidade de espírito de sofrimento. Factores estes que contribuíram sem dúvida para que o sentimento final de vitória sobre todas as adversidades fosse ainda maior!

Nem após a nossa chegada a chuva parara. Sem condições para trocar de roupa, uns usaram as paragens de autocarro enquanto outros, foram atrás de uma espécie de quiosque para se despirem. Que bem que soube vestir uma roupa quentinha. Seguimos em seguida para a Zambujeira onde jantámos todos juntos. Ironicamente a viagem de regresso foi marcada… pela ausência de chuva! Assim terminou a nossa participação no Tróia-Sagres de 2008. Para a história (para a minha história, claro…) ficam os 196,44km percorridos em 8:50:09 a uma média de 22.23km/h e com uma velocidade máxima de 47,90km/h..

Até para o ano!"


Relato do PL:
"E à quarta foi de vez...
Depois de algumas ameaças que acabaram por não se concretizar, na quarta vez que participei no Tróia-Sagres levei com todo o mau tempo que ficou prometido nos outros anos.
Decididamente esta edição ficou marcada pelo dilúvio que se abateu sobre nós no sábado 13 de Dezembro do ano da (des)graça de 2008.
Pronto, não há mais nada de relevante a contar, pelo menos que me lembre...
...Ou então só isto é que me ficou na memória.
Talvez com um ligeiro esforço me consiga lembrar de mais alguma coisa, mas assim de repente não me vem nada à cabeça.
Esperem...
Lembrei-me agora de me parecer ter chegado a Sagres. Pelo menos a imagem que me ficou na retina era parecida com a dos outros anos e o pessoal estava todo contente e a dar os parabéns a quem chegava a pedalar, por isso devia ser mesmo Sagres. É que eu passei pela placa sem a ver, o que é estranho, porque quem participa nesta aventura faz duzentos quilómetros a pedalar só para ver.
Para onde é que eu iria a olhar?
Se calhar ia olhar para uns metros à frente da roda, como na maior parte do percurso. Ah! Já me lembro. Nessa altura, como já era de noite, não levava óculos e ia de cabeça baixa para tentar que a pala do capacete me protegesse os olhos da chuva e do vento.
Mas estava a chover quando chegámos a Sagres? Pelos vistos sim, mas não me lembro. Lembro-me vagamente de, quando coloquei a luz em Vila do Bispo, reparar que iluminava as gotas de chuva à minha frente, o que até fazia um efeito engraçado.
Aos poucos vou-me lembrando de alguma coisa, já não é mau.
Fazendo um bocadinho mais de esforço lembro-me da alegria que foi começar a subir a Carrapateira, não só porque significava que o fim estava próximo, mas também porque pela primeira vez não sentia o vento contra. Se calhar não estava a favor, mas só o facto de não estar contra já foi um alívio.
Lembro-me de alguns quilómetros antes ter que pedalar para conseguir andar a 20 km/h em descidas onde noutras alturas facilmente se passava os 40km/h sem pedalar.
Lembro-me de passar muito tempo a pedalar sozinho entre Sines e S. Teotónio, ver muitos participantes parados na berma a arrumarem o equipamento e pensar:
- Só espero conseguir aguentar.
Lembro-me de algures no meio do percurso olhar para baixo e ver água a correr em bica pelas mangas, a água levantada pela roda da frente ser toda empurrada pelo vento para o sapato esquerdo e de sentir as gotas da chuva batidas pelo vento a picarem-me na cara ao ponto de fazer doer. Lembro-me que essa terá sido das alturas mais complicadas. Já pedalámos muito, mas ainda falta muito, as pernas começam a dar sinais preocupantes e a dúvida de conseguirmos chegar ao fim é ampliada pela intempérie que nos está a cair em cima.
Lembro-me de ter deixado cair um bidon que escorregou nas mãos molhadas e que se partiu quando bateu no asfalto. Lembro-me de parar rapidamente para beber o resto da bebida que ainda continha e de ficar apreensivo porque não sabia onde estava o carro de apoio. Lembro-me de colocar o bidon partido e vazio no suporte para o deitar no lixo na próxima oportunidade. Lembro-me de ter encontrado o primeiro caixote menos de um quilómetro depois e de, quando ia parar, ter visto o carro de apoio junto a um café com mais dois companheiros de infortúnio (SD e JB). Lembro-me também de, em vez de colocar o bidon no lixo, ter tido um bocadinho de boa disposição para fingir que ia deitar a bicicleta no caixote, perante o olhar (incrédulo?) do pessoal. Lembro-me que este encontro, esta brincadeira e um café me deram ânimo na altura mais complicada e de termos seguido os três juntos (ou perto) quase até ao final, o que facilitou a conquista do objectivo.Lembro-me de me ter enganado junto a Milfontes porque não levava GPS. Mas porque é que não levava GPS?
Lembro-me vagamente de ter passado, após São Torpes, um troço de estrada esburacada com vento e chuva contra e progredir à vertiginosa velocidade de 15km/h.
Lembro-me de ter feito o troço entre a Lagoa de Santo André e Sines com mais três companheiros, mas quem eram eles? Das fotografias que já vi, parece-me que são o PM, FF e o DN, mas as fotos estão desfocadas como as minhas recordações. Esperem, eram mesmo eles. Foi um bocado fixe, porque em grupo passam-se melhor os quilómetros. Até deu para dizer umas larachas.Continuando este esforço de memória lembro-me de ter bebido um café em Brescos preparado pela equipa de apoio, acompanhado por um bolo de nozes que souberam muito bem e de começar a ficar gelado apenas por estar uns minutos parado.
Já agora, também me lembro de começar a pedalar sob um chuvisco que cumpria a previsão atmosférica e de me tentar enganar pensando:
- Isto é só agora de manhã e já passa.
Afinal passou, mas para pior.
Lembro-me de tentar ligar o GPS antes da partida e não dar nada, porque tinha a bateria descarregada, de me arrepender de não ter verificado isso na véspera e de pensar:
-Já é a quarta vez que fazes o percurso, não te vais enganar.
Pois é... foi por isto que não levei GPS e sempre me enganei.
Afinal, com algum esforço lembrei-me de muita coisa. Até me consigo lembrar do SD, JB, DN, PM e FF que embarcaram nesta maluqueira comigo e do FG e EN que se deixaram enganar para irem conduzir os carros de apoio e que muitas vezes devem ter pensado:
- Mas quando é que eles ganham juízo e entram para os carros?
Parece que à vinda para Lisboa jantámos todos juntos. Pois foi... e eu comi moelas que estavam muito boas, mas onde foi?...
Zambujeira... é isso! (Acho eu).
Num esforço final de memória consigo recordar que levava um Polar na bicla a marcar o tempo. Deixa lá ir ver os registos...
...
Olha, o Polar diz que comecei a pedalar às 8:12 e parei às 17:58, o que dá um tempo de 9:46. Diz também que estive parado um total de 53 minutos, pelo que se conclui que pedalei durante 8 horas e 53 minutos. Vá lá... estava à espera de pior, muito pior, mas quem é que queria saber o tempo de travessia no meio de um temporal daqueles, quando a incógnita era se conseguia chegar ao final.

Agora, uma semana depois do dia D (de Dilúvio), e depois de muito pensar e ler sobre os riscos corridos, chegar ao fim não parece tão importante como foi no próprio dia. Foi uma questão de teimosia mais do que outra coisa e teimosia não revela necessariamente inteligência, mas a partir de determinada altura, quem é que, com o mínimo de discernimento, continuaria a pedalar naquelas condições? Foi de certeza o triunfo do irracional sobre o racional, mas está feito com efeitos colaterais mínimos, que é o que interessa.
Para o ano, quero ver se lá estou, mas numa de passeio, que depois deste não há Tróia-Sagres que me assuste (haja irracionalidade suficiente).
PL"

2008-11-25

Algés Muge Algés em estrada - 23 de Novembro de 2008

Os preparativos para o Tróia-Sagres 2008 já começaram há algum tempo e no Domingo dia 23 de Novembro foi dia de aferir a forma dos Just4Fun para enfrentarem este desafio.
Estavam previstos 163 quilómetros, saindo de Algés, passando pelo Parque das Nações, Vila Franca de Xira, Azambuja, Valada, Ponte de Muge, Salvaterra de Magos, arredores de Benavente, Recta do Cabo, Vila Franca de Xira e regresso a Algés pelo caminho que se seguiu de manhã. A maioria acabou por fazer um bocado mais, como adiante se verá.
A avaliar pela forma como correu esta volta é de esperar que os Just4Fun tenham este ano uma representação de peso no Tróia-Sagres.

Aqui fica o relato da volta feito pelo SD:

"Que volta! Ontem faltaram-me 19 kms para chegar a Sagres e quando terminei… estava em Massamá outra vez. :-)

Foi uma volta muito engraçada, cheia de boa disposição e com tudo a ajudar. Até o almoço parece que foi encomendado! …e se calhar até foi pois parece que houve quem tivesse pago 20€ de inscrição para este passeio Just4Fun! Gente Saloia mas cheia de pedala e boa disposição.

Foram 9 os heróis que ontem compareceram ao treino. Saídos a pedalar das suas tocas ainda de madrugada e com luzes nas bicicletas, uns de Oeiras, outros de Massamá e outros de Algés, encontrámo-nos às 7 horas na estação de comboios de Algés. Pouco depois, chegou de carro o JP acompanhado do Nuno e do João. Pelo caminho, recolhemos o amigo JB que também saído da sua toda a pedalar compareceu às 8 horas na Torre Vasco da Gama. Pelotão formado e a dar gás em direcção a Muge. O ritmo era vivo e as paragens ocasionais. Ora para esperar o regresso do JP que em fuga do pelotão nem ouviu o grito do Ipiranga: “É à direita!!”, ora para comer uma bucha. A chegada a Muge foi mais cedo do que o previsto e ainda houve tempo pelo caminho para que o amigo DN reparasse uma bicicleta de estrada de um companheiro que ia apeado. Grande mecânico Just4Fun que sacou da malinha Sport Billy 2 braçadeiras que rapidamente fixaram o desviador dianteiro de novo no quadro e assim permitiu ao ciclista seguir o seu caminho.

Em Salvaterra de Magos comemos numa esplanada umas belas febras no pão com o grelhador ao lado e o cozinheiro praticamente dedicado aos Just4Fun. Estávamos a passar na rua à procura de um sítio para almoçar quando nos assediaram com carnucha grelhada na hora. Ficámos com o número de telefone do nosso amigo e ficou prometido que voltaríamos um dia. Não falha!

De regresso a Algés, o ritmo depois do almoço foi ao contrário do que se podia prever, i.e., mais forte ainda (terá sido de alguma malagueta na carne?). Houve mesmo a necessidade de pedir aos fugitivos para segurarem o andamento. Aqui era curioso… vinha o FF lá de trás a dizer para abrandarmos e depois o nosso amigo seguia na dianteira mas eu percebo… aquela bicicleta ficou muito melhor com uns pneus emprestados e já experientes nestas andanças.

No Terreiro do Paço o amigo JB deixou a nossa companhia, não sem antes ser vaiado e apupado de “panilhas” pois disse que ir para casa de Metro…

De novo em Algés, 8h depois de termos começado a pedalar, despedi-me do pessoal que tinha carro para o regresso e segui com o PL. Pouco depois, seguia sozinho no meu regresso a casa. Quando cheguei tinha 188km feitos e 7h46m de pedalada. Um bom passeio domingueiro, portanto. :-) "

e os comentários do JP:

"O meu obrigado a todos, pelo excelente dia passado!
Estou certo que o João Santos e o Nuno Cosme, também apreciaram. Pelo menos, foram os seus comentários!
Este é para já, o meu record de quilómetros feitos num só dia: 171,07 kms.
A média, também foi jeitosa. Acima dos 25 km/h. Contando que a entrada em Lisboa fez baixar um pouco. Tive a oportunidade de verificar à passagem pelos 150 km, na zona de Sacavém, e aí estávamos com uma média a rondar os 27 km/h. O que para aquele acumulado de quilómetros, é considerável!
Onde é que há uns 3/4 anos atrás, qualquer um de nós pensaria que isto seria possível? Atendendo ainda para mais, o facto de estarmos todos a ficar menos novos...! ;-)

O almoço acabou por ser melhor do que o esperado! Ainda bem que tinha feito o reconhecimento da zona, três semanas antes...! ;-)

Não houve avarias. Não houve furos. Houve uma queda logo de início algo aparatosa e assustadora, pelo menos para quem a viu em primeiro plano. Felizmente sem gravidade!"

Passeio de S. Martinho - Cuba - 16 de Novembro de 2008

No dia 16 de Novembro um grupo 17 Just4Funners e amigos participaram no tradicional passeio de S. Martinho em Cuba.
O formato já é nosso conhecido, pois foi a quarta vez que lá fomos: uma primeira parte (até ao abastecimento) em grupo compacto e com guias e uma parte final em percurso marcado e com andamento livre.
O dia esteve espectacular tornando o passeio muito agradável.
Antes do início, como habitual, tivemos as castanhas e a água-pé da praxe e o abastecimento foi variado, como costume, embora desta vez tenhamos a registar que os que chegaram em último já não tiveram direito a provar as tradicionais iguarias com que nos costumam presentear. Um ponto a rever pela organização, ainda mais quando se sabe que esta tem toda a informação necessária sobre a extensão (em quilómetros e tempo) do pelotão. Um outro ponto a necessitar revisão prende-se com a distância percorrida até ao abastecimento, que este ano foi maior que o costume fazendo com que algumas pessoas menos habituadas a estas lides começassem a ressentir-se fisicamente. Ora chegar tarde e não ter nada para abastecer é desagradável.
Mesmo com estes reparos, este é um daqueles passeios a que voltamos todos os anos e é de esperar que assim continue a ser.
Ficam aqui três fotos de elementos em plena pedalada (retiradas do BTT-TV) e duas fotos do almoço abrilhantado pelo grupo coral de Cuba, que animou o pessoal, apesar dos nítidos problemas de captação de som e do desrespeito de muitos participantes que teimavam em fazer barulho durante a actuação, mas o BTT é o reflexo da sociedade e nem todos os que pedalam primam pela educação.



2008-11-09

Meleças-Negrais - 9 de Novembro de 2008

Os Just4Fun são assim, basta falar em convívio gastronónico e eles aparecem. Veja-se no post de 6 de Novembro de 2008 do Blogue da Burra (link aqui ao lado).

Desta vez foram 10 elementos a ligarem Meleças e Negrais para se deliciarem com umas belas sandes de leitão e um espumante tinto bem fresquinho.

Aqui em baixo estão eles a olhar para a "Oreo" que se mantinha em pé atravessada na linha do comboio. Provavelmente estariam à espera que passasse um comboio que esmagasse a "bolacha" para ver se o respectivo ciclista escolhia uma "Spezidróglio" (vulgo "Moulinex") ou um "Canhãodágua" para a substituir. (Este parágrafo é uma "private joke" de ponta a ponta)

Estava um dia magnífico para pedalar, que começou com uns belos pastéis de nata (desta vez patrocinados pela EN) e que já começam a ser tradição no início dos passeios. A parte pior foi o regresso de Negrais, com mais subidas que a parte inicial e já sem o incentivo das sandes.
Como de costume o passeio foi pontuado com umas quedazitas ligeiras aqui e ali (mais ali do que aqui), mas nem isso arrefeceu a boa disposição geral.
Nas núvens andava o AAF a estrear a sua máquina nova e neste passeio pôde experimentar todos os tipos de pisos para aferir bem as diferenças entre as bicicletas rígidas e as de supensão total.

O festival gastronómico Just4Fun continua no próximo fim-de-semana em Cuba.

2008-11-06

Halloween em Sintra - 31 de Outubro de 2008


Relato do SD

“Na passada sexta-feira lá foram os Just4Funner’s JB e SD ao Passeio Nocturno do Halloween, na Serra de Sintra. Foi isso mesmo, um passeio, apesar de nos termos inscrito no Grupo Alto. Foram 20km a percorrer trilhos já nossos conhecidos mas… de noite.
O Clube BTT Lisboa preparou este 2º evento que considerámos bem organizado. Em cada grupo, um guia e um cerra-filas, que inicialmente associei a um qualquer cão de raça mas mais não é que o célebre ciclista-vassoura. Dotados de rádios, os guias estavam em permanente contacto e assim foram conduzindo os dois grupos. Do percurso destaco a subida a Stª Eufémia, o single por detrás dos Capuchos e a mítica Pedra Amarela. Se a primeira nunca tinha experimentado subir de bicicleta e se a segunda feita à noite tem outro encanto, a vista da Pedra Amarela foi qualquer coisa de soberbo e representou para mim o ponto alto do dia, ou da noite, no caso. Sob um céu estrelado e a deixar ver o que os olhos conseguirem alcançar, conseguimos avistar do marco geodésico o farol do Cabo Espichel o que, em linha recta são exactamente 43Km. Impressionante! No fim do passeio, ainda presenciámos um par de trovões seguidos dos respectivos clarões o que nos fez recordar por momentos que estávamos na noite das bruxas. A terminar e já nos últimos 2km em direcção ao carro, apanhámos as primeiras pingas mas nada que nos arrefecesse o ânimo pois na roulote no estacionamento ainda nos iríamos atirar a dois bifanões acompanhados das respectivas bebidas.

Gostámos e não achámos caro pois aos 10€ da inscrição se retirarmos os 3,5€ do bifanão e a bebida (não sei preço) e contarmos com uma engraçada cabaça-vela e uma caneta em forma de fémur como lembranças, fica uma noite bem passada por cerca de 5€.

Creio que depois desta nocturna ganhei um adepto do BTT ao luar, não é verdade senhor JB? É difícil transmitir a sensação de andarmos por aqueles trilhos à noite pelo que se quiserem senti-la, eu acompanho-vos! Por enquanto sei que posso contar com o amigo do pódio.”

2008-10-11

Passeio de apoio ao Paulo Pedro - 27 de Setembro de 2008


No dia 27 de Setembro os Just4Fun estiveram presentes com uma participação de peso neste passeio de apoio à recuperação do Paulo Pedro.
Foi um passeio muito agradável, que serviu para rever alguns Just4Funners menos assíduos e iniciar alguns amigos nas pedaladas.
Terminou com uma almoçarada à boa maneira Just4Fun.
Foi um dia muito bem passado, daqueles que não vamos esquecer.
Ficam aqui algumas do evento (umas tiradas por nós e outras publicadas no ForumBTT).










2008-09-22

Arruda-Atlântico 2008 - 21 de Setembro de 2008

Desencaminhados por dois elementos do ForumBTT, três Just4Funners (DN, FF e PL) compareceram à partida deste raide, cujo objectivo era ligar Arruda dos Vinhos ao Atlântico e regressar à Arruda. Estavam previstos mais de 95 km e cerca de 1300 m de altitude acumulada.

Cumprimos o percurso de 98 km em 9:09 em perigos e guerras esforçados, mais que permitia a força humana, quase chegávamos à Taprobana ;-)

Aquilo foi mais duro do que se estava à espera, não apenas pelo acumulado de subidas, que segundo as nossas contas rondou os 1700 m, mas porque no regresso apanhámos chuva e muita lama o que complicou bastante a progressão. Mesmo assim cumprimos o percurso na íntegra, o que parece ter sido feito por poucos, pois estávamos na cauda do pelotão e havia poucas marcas de rodas nos locais mais enlameados.

Almoçámos umas bifanas banais na Praia do Navio perto de Santa Cruz, mas pelo caminho comemos amoras, uvas de vários tipos, peras e figos. Um espectáculo.

Quando a percalços, ainda no asfalto da Arruda o PL foi ao charco por causa de um “31” arranjado por um artista que ia de carro a implicar com os ciclistas. Um toque no travão da frente e lá vai ele a escorregar pelo asfalto molhado. Nada de ferimentos (além do orgulho), mas partiu os suportes dos bidons, o que podia ser complicado para seguir em autonomia. Logo ali desenrascou-se com a fita de tecido que traz na bolsa do selim e “siga a Marinha”. Lá pelo km 20, numa subida, sente a transmissão presa e pára logo. Um arame de 3 mm de espessura tinha-se enfiado pela corrente e estava preso no rolete inferior do desviador. Chegou-se a temer o pior mas depois de verificado que não havia nada partido fez-se uma reparação de recurso para permitir continuar a andar e aproveitou-se uma paragem mais à frente para fazer os acertos finais.
Desta vez calharam-lhe os azares, que acabaram por não ser muito complicados.

Concluindo, não houve Beja (ex-Penedo Gordo), mas houve um quase Portalegre e passámos em algumas zonas bem engraçadas, que não ficam a dever nada às paisagens alentejanas, bem pelo contrário.

Havemos de lá voltar para fazer uma coisa mais ligeira, a começar e acabar mais perto do Atlântico, evitando assim as zonas mais complicadas e usando alguns dos trilhos mais engraçados.

2008-09-10

Desafio TriumviratumBTT - 6 de Setembro de 2008

No dia 6 de Setembro os Just4Fun atiraram-se ao percurso do TriumviratumBTT, com vontade e determinação para cumprir o desafio antes das 12 horas que estão estabelecidas como tempo limite, mas fomos vencidos pelos percalços que nos foram retardando a progressão ao longo do dia, tendo sido apanhados pela noite na zona de Ourém, com 120 km percorridos em 12 horas. Ficou um certo amargo de boca, porque o sentimento geral era que se conseguiria concluir o percurso, mas logo ali foi decidido que em Maio estaríamos de volta para vencer o Desafio.
A partida de Leiria foi mais tarde do que o programado e já passava das oito horas quando tirámos a foto junto à Fonte Luminosa e começámos a pedalar. Nestas coisas os que vêm de longe costumam ser os que chegam primeiro, o que acabou por se verificar. Na véspera à noite seguiram cinco que ficaram a dormir na Praia do Pedrógão (SD, JP, DN, PL e JB) e na manhã seguinte ainda estavam a caminho de Leiria quando ficaram a saber que o PM e o FF (que vinham de Lisboa de madrugada) já lá estavam há muito tempo. A "culpa" do atraso foi do JB ;-) que além de os deixar ficar lá em casa ainda arranjou pão com chouriço acabadinho de fazer e cafés expresso à maneira. Quem é que quer pedalar com estas mordomias? ;-)

Os preparativos foram acompanhados de algumas gotas de chuva que felizmente não passaram de ameaças, mas as coisas começaram a correr contra-feição ainda em Leiria onde andámos um bocado à nora para seguir as indicações dos GPS’s, que teimavam em nos dizer que o percurso seria pela margem contrária do rio. Após algumas hesitações e depois de andarmos para trás e para a frente lá encarreirámos e rapidamente entramos no Valinho da Curvachia, que é uma zona muito bonita e que nos ficou nas retinas. Iniciava-se então a ascensão mais longa do percurso que fomos cumprindo a bom ritmo e sem contratempos além de muitos arranhões nas silvas que teimam em invadir os caminhos.
Mal sabíamos nós o que as silvas ainda nos guardavam mais à frente.
Com pouco mais de 20 km paramos para reparar um furo, o que é encarado em ambiente de brincadeira até porque serviu para tirar umas fotos e comer qualquer coisa. Os próximos três furos antes de Torres Novas começaram a deixar alguma preocupação ao SD porque foi o mais massacrado e aos restantes, porque a perspectiva da má sorte calhar a todos começava a ser real. Para terminar a primeira etapa “em beleza” o DN partiu o dropout a cerca de cinco quilómetros de Torres e depois de analisar o que fazer decidiu-se transformar a bicicleta em Single Speed para permitir chegar ao final da etapa. Com estes contratempos e com mais uma meia dúzia de enganos no percurso a possibilidade de cumprir o desafio começava a estar em causa, mas ainda não era impossível, bastava que os azares parassem e que o terreno fosse propício a maiores velocidades, o que não se verificou. Não só o terreno não permitia recuperar muito tempo como o massacre dos furos continuou e começou logo à saída do excelente almoço com que a equipa de apoio (EN e TF) nos brindou em Torres Novas.
Tínhamos andado 50 m quando o SD verificou que tinha um novo furo, mas não ficaria por aí. Até Tomar o PL também teria que parar uma vez para meter ar e esperar que o Magic Seal actuasse, mas na zona da Bezelga (onde estava outro ponto de abastecimento) teve mesmo que desmontar a roda de trás para ver o que se passava porque continuava a perder ar. Foram retirados cinco picos do pneu e apesar da câmara ter vários furos foi montada novamente porque montar uma câmara sem Magic Seal seria provavelmente uma pior opção, tendo em conta a quantidade de picos que teimava em se cravar nos pneus. A verdade é que o líquido milagroso foi fazendo o seu trabalho daí para a frente.

A aproximação a Tomar foi feita sem grandes ocorrências, apenas com mais uns enganos no percurso e no centro da cidade tirámos a foto da praxe, seguindo de imediato para o Convento onde estaria o próximo ponto de apoio. Aqui houve um ligeiro desencontro com o carro de apoio. O apoio estava lá, mas sem carro e ligeiramente afastado do percurso. Como íamos com o nariz no guiador quem ia à frente não se apercebeu que era para parar e continuou. Depois de alguns acertos por telemóvel combinámos encontrar-nos junto ao Aqueduto de Pegões (se entretanto o carro chegasse, pois o DN tinha ido à procura do dropout).

Chegados ao aqueduto estivemos a avaliar se passávamos por cima ou não. Dois de nós ainda andaram um pouco a pé em cima do aqueduto para ver a paisagem e avaliar a situação, mas decidiu-se ir por baixo.
Entretanto chegou o carro de apoio com o DN e um dropout novo, que ele começou logo a montar na bicicleta. Aproveitámos a desculpa para fazermos uma paragem mais prolongada para comer e beber, porque já era hora de lanche. Nesta altura era claro que não conseguiríamos concluir o percurso de dia e portanto restava-nos aproveitar ao máximo o passeio e o convívio e chegar o mais longe possível. Foi o que fizemos. Chegámos às imediações de Ourém já ao anoitecer, não sem que antes o SD voltasse a furar, o DN também tivesse um furo e o PL tivesse que parar para voltar a meter ar na roda de trás para tentar continuar sem reparar o furo, porque estávamos a poucos quilómetros do ponto onde se tinha decidido que iríamos parar. Nota engraçada para o último furo do SD e o do DN que estavam parados a 100 metros um do outro e a 300 metros da estação de Fátima, onde a equipa de apoio nos esperava. Aos gritos comunicamos uns com os outros e o DN vem a correr para junto do SD e reparam os furos em simultâneo. Mais uns metros e reparavam os furos na zona de abastecimento.

Seguiu-se uma operação de resgate de ciclistas em que alguns foram buscar os carros a Leiria para recolher todo o pessoal e terá sido o período mais complicado, já que não havia agasalhos e estava a ficar fresco. O pessoal teve que esperar cerca de uma hora com a roupa suada até os carros chegarem, o que não foi nada agradável.

Em Maio voltaremos a desafiar o percurso, esperando ter menos azares, mas também um pouco mais preparados para os contratempos, de modo a tentarmos perder menos tempo parados e acabar dentro das doze horas, o que é perfeitamente possível, pois desta vez estivemos apenas cerca de oito horas e vinte minutos a pedalar.

Para finalizar umas dicas para quem tentar fazer o desafio:
Não descurem os pneus e câmaras. A possibilidade de ter muitos furos é bem real.
É aconselhável ter um apoio externo. Além de facilitar os abastecimentos pode ser essencial para recolha de ciclistas.
Muita atenção ao percurso. Há zonas onde é muito fácil haver enganos e muitos enganos pequenos são muito tempo perdido. Aconteceu-nos isso muitas vezes, quer por distracção, quer por fraca recepção de satélites.
Aproveitem para ver as paisagens. O percurso é muito variado e passa por zonas muito bonitas.