2011-03-22

Maratona do Centro - Leiria - 20 de Março de 2011

Relato do JB

"Estava a ver que não conseguia participar em mais uma edição da maratona do centro, tudo porque a carrinha logo de manhã não quis funcionar. Gastei ali umas energias, mas não foram necessárias para as 4h50m26s de btt que se seguiram.

Carrinha estacionada, dirigi-me para o secretariado para levantar o dorsal nº1170 dos Não Federados. Este ano as inscrições esgotaram...cerca de 1100 bttistas que se dividiram por 75km e por 40 km. Dirigi-me para a partida e como o meu dorsal era o nº1170, fiquei mais ou menos a meio do pelotão.

9.30 e mais alguns minutos - PARTIDA.

Sabia que a partida iria ser de alguma confusão e foi…os primeiros 5 kms foram em alcatrão para dispersar o pessoal, depois entrámos na parte do btt, onde havia alguns estradões para rolar. O problema foram as subidas, algumas com pedra e bastava alguém parar para haver “engarrafamentos”. Aos 18 kms inicia-se a subida mais dura da prova, por ser longa, quase 3 kms, de piso muito técnico, com pedra e inclinações que variam entre os 10 e os 20%.

Ao final de 21kms com 740m de desnível acumulado, a primeira zona de assistência (ZA1). Fruta, bolos, bebidas energéticas mas o que queria era água, pois o calor já era muito.

Até à ZA2, que se situava ao km 41, o percurso foi novamente de subidas e descidas. Nas descidas era preciso ter algum cuidado, pois havia delas em que predominava o calhau. Aliado ao esforço, a temperatura, cerca de 27 graus já se faziam sentir. Nesta parte do percurso rolei com uma bttista da zona de Leiria e andámos quase sempre juntos até ao final, o que facilitou o andamento. As mudanças da KTM começaram a dar-me dor de cabeça. A corrente roçava no desviador dianteiro, fazia um barulho estranho e muitas das vezes as mudanças não queriam funcionar…e assim continuou até ao final.

Chegado à ZA2 já com 41kms e 1430m de Desnível Acumulado Total (690m Desnível Parcial ZA1-ZA2) abasteci-me de água, pois o muito calor a isso obrigava.

A parte mais rápida da prova, inicia-se após a ZA2. Trilhos rápidos, e um ou outro susto por causa das curvas e assim se chega à ZA3 já com 56kms e 1730m Desnível Acumulado Total (300m Desnível Parcial ZA2-ZA3).

A última parte foi exigente, pois o calor era mais do que muito e não soprava vento devido ao trilho que percorremos cortado na encosta do monte, com partes com cerca de 20% de inclinação, para depois se subir para o Pé da Serra para acabar com a “reserva” de energias. Para os últimos kms, um conjunto de trilhos muito divertido e aqui vi o único acidentado do dia.

A Maratona foi concluída com o tempo 4h50:26. Na classificação final dos não federados (federados foi ganho pelo José Silva em 3h16.23), fiquei em 87º lugar a 1h16.50 do vencedor, que foi o Vítor Gamito.

Mais uma vez adorei o percurso feito pela organização da Maratona do Centro. Foram cerca de 75 kms, com 2200mts de desnível acumulado, dureza quanto baste, bem sinalizado e com muita gente a apoiar. Por tudo isto, foi um dia bastante FUN!"

PT OPEN XCR - 1ª Etapa - ABRANTES - 19 de Março de 2011 - II

Relato do JP:

"Pois é! Esta já está! Venham as próximas, sabendo à partida que pelo menos a 3º etapa, Proença-a-Nova, vou ter de faltar devido a indisponibilidade da data anunciada! Tenho pena, pois no mínimo os pontos de presença, estariam garantidos! ;)


Esta foi de facto, das 3 vezes em que participei a solo em provas de 12 horas a solo, a mais difícil de todas elas!

Um percurso tremendamente difícil! Não pela sua extensão, apenas 4,7 kms por volta, mas sim pelas dificuldades ao longo do mesmo! Uma primeira parte de percurso praticamente todo a descer, sim, mas onde a velocidade máxima que consegui atingir foram apenas 37,2 kms/h e num único ponto onde isso era possível. Não mais de uns 100 metros e ainda assim com pedras soltas. Porque o resto da descida era toda ela em single track e com um grau de dificuldade bem grande. Ora porque num dos lados era declive. Ora porque era muito sinuoso e com pedras soltas na primeira parte, sendo que a segunda parte do single era uma terra mais húmida e mais solta onde à passagem dos concorrentes foi ficando gradualmente cavado nalguns pontos, dificultando assim a negociação de algumas curvas bem fechadas!

Este tipo de terreno levava-nos até cerca dos 2,7 kms da pista. A partir daí, começavam outro tipo de dificuldades! Não só porque os praticamente 100 metros de acumulado de subida estavam todos neste km e meio final de volta, como o tipo de piso a que estávamos sujeitos volta após volta. Começava-se a subir gradualmente e a bom ritmo mas com as irregularidades do terreno a fazerem mossa no corpo ao longo das horas passadas e eis que nos deparávamos com um piso que nem sei bem como o descrever?!?!?

Era um misto de areia (movediça) com uma espécie de goma que nos mantinha colados ao solo e por muito que pedalássemos, pouco progredíamos! Terrível a cada passagem!

Seguia-se mais umas 2 centenas de metros de subida, embora em melhor piso e depois... sim... depois... é que "a-porca-torcia-o-rabo"! Passados uns estrados de madeira que minimizavam uma lama muito viscosa, seguia-se um ziguezaguear por uma encosta acima onde até fazia confusão como um plano tão inclinado não era o suficiente para escorrer a água que se acumulava naquele terreno. Criava rasto a cada passagem e com o passar das horas era uma aventura passar ali, pois nos rastos anteriores a água aparecia vinda de baixo nas voltas seguintes...!

Tornou-se um martírio passar por ali, sendo que a partir das sensivelmente 17 voltas, passei a fazer quase tudo em "empurra-bike" e assim minimizava o esforço de em cada pedalada, metade da volta da roda era literalmente a patinar...! Findo este ponto de martírio, uma ligeira subida mais que nos levava até ao início da recta que era feita em ambos os sentidos e aqui era mesmo o único ponto, em minha opinião, em que podíamos descansar um pouco, pois era em asfalto, e nos levaria a cruzar a meta. Mas, não teria mais de 200 metros, já considerando ambos os sentidos em que era feita!

Bem, depois desta breve descrição ao percurso.... rsrsrs... vamos à prova em si! Comecei a mesma em bom ritmo mas rapidamente me apercebi que teria de diminuir um pouco, senão... as pilhas iam descarregar depressa demais! O calor que se fazia sentir, também não ajudava lá muito...!

Ao fim de 10 voltas ao percurso e depois de muito reclamar comigo próprio sobre o que andaria ali a fazer que justificasse o sofrimento... decidi parar para me alimentar melhor, para além de barrinhas e meia dúzia de biscoitos que levava comigo.

Fui ver as classificações, visto até ali não fazer a mínima ideia de como estariam e fiquei surpreso ao ver que (já) me encontrava em 6º lugar. Muito melhor do que esperava, confesso! Foi um alento para combater o desespero que estava a passar! A partir daí, foi tudo uma questão de estratégia e gestão. Quer de esforço, quer de autonomia de luzes. Pois nesta altura do ano anoitece mais cedo, o que faz com que necessitamos de mais horas de luz.

E assim lá foram passando as horas, à medida que os concorrentes em pista também foram diminuindo. Nomeadamente com o final das provas das 6 horas e com a saída de pista das autênticas "locomotivas" que eram alguns dos concorrentes às 6 horas.

Ainda me cruzei algumas vezes com o nosso amigo PL, que tentava incentivar-me a cada passagem. Mas a minha velocidade era de cruzeiro e não dava para mais!

No seguimento da gestão que fui fazendo, sabia que estava uma volta atrás do concorrente que me precedia e sem hipóteses de o apanhar, a menos que ele parasse.... e sabia também que estava com uma volta de vantagem para o concorrente que vinha atrás de mim. Pelo que, também não podia parar! Lá fui continuando até às 23h51m, altura em que junta à meta lá estava o PL a informar-me que poderia ficar por ali, pois já não havia perigo de alterar a classificação. Mas como já vinha "formatado" para uma volta mais, lá continuei por uma questão de teimosia e tira-teimas com o cronómetro oficial da prova. Pois consegui retirar 3 minutos na última volta, às 5 voltas anteriores que insistentemente foram completadas sempre no mesmo minuto, numa regularidade irritante! Havia que tirar a forra e queimar os últimos "cartuchos"! rsrsrsrs

E pronto, lá ficou aqui mais um dos meus resumidos relatos...! ;)

Quanto à participação do amigo PL, deixo para ser ele a comentar, como é óbvio! Contudo, agradeço-lhe aqui o grande companheirismo e apoio que me foi dando ao longo da prova!

Quero ainda agradecer ao JB e ao SD, por se terem desdobrados em esforços de modo a conseguirem fazer-me chegar uma bateria suplementar que estava no Coimbrão e num ápice veio parar a Lisboa. Daí a Miraflores e seguiu comigo para Abrantes. Foi de facto uma ajuda preciosa que fez com que não houvesse praticamente tempo perdido com a questão das luzes!"

Relato do PL:


“Então cá vai o relato…
Chegados a Abrantes comprovámos o que seria previsível. O local de acampamento era no parque de estacionamento do complexo desportivo. Havia um relvado um pouco mais afastado, mas ficámos com dúvida se o sistema de rega não dispararia automaticamente. Jogámos pelo seguro e optámos pelo asfalto. Antes de montar o estamine tratamos das formalidades administrativas, que decorreram com grande agilidade.

Como chegámos cedo havia tanto espaço que a dificuldade era a escolha. Decidimos ficar afastados da pista para conseguir ter algum recato e tentar que o descanso fosse longe dos barulhos. Como homem prevenido vale por dois tinha comprado uns pregos de aço valentes que nos permitiram agarrar as tendas ao solo.

Nesta prova experimentei uma nova versão de box, constituído por um abrigo Base II Seconds da Quechua, com 5 metros quadrados, no interior do qual montei a tenda, que ficou assim mais abrigada, e sobrando espaço suficiente para vestiário, para guardar tralhas (e a bicicleta, durante a noite) e para o que fosse preciso mais. Está aprovado.

Estávamos nos preparativos finais quando começou a decorrer o briefing e ficámos a saber que a prova de Maio seria em Monsanto (no de Lisboa).

Até à partida o tempo passou a correr e quando demos por isso estávamos a começar a prova, que por acaso se iniciou uns minutinhos adiantada. Como de costume deixei-me ficar para trás evitando as molhadas, mas ainda assim apanhei algum engarrafamento, porque pouco depois iniciavam-se logo singles e zonas técnicas.

A primeira volta serviu como volta de reconhecimento e como tal fui progredindo com o cuidado possível. Já estava prevenido que o circuito não seria fácil e pude comprová-lo, mas também pude verificar que tinhas singles muito divertidos.

Ao contrário do que é costume, não tinha nenhum plano delineado e só após concluir a primeira volta determinei que tentaria fazer conjuntos de cinco voltas seguidos de uma ligeira paragem. Foi assim que fiz a primeira paragem às 14:07 para comer algo substancial, porque tinha comido pouco antes do meio-dia. Pude nesta altura constatar que estava em 31º lugar e portanto fora dos pontos. Voltei a pedalar cerca de 35 minutos depois para mais um conjunto de cinco voltas. A partir desta altura deixei de tentar pedalar na subida mais complicada do percurso. No balanço custo/benefício, o tempo que se ganhava não justificava o desgaste adicional, pelo que da sexta volta até ao final, esta seria uma zona de empurra-bike para descansar (dentro do possível). Havia também uma subida de cinco metros logo no inicio da volta que também decidi fazer a pé, porque mais uma vez não justificava o desgaste, até porque era depois de uma curva apertada e do lado direito tinha uma encosta pouco simpática, onde cheguei a apanhar um pequeno susto. O resto do percurso era todo ciclável e a primeira metade era um mino. Era daqueles em que cada passagem na meta significava mais uns minutos de gozo nos singles. Era assim fácil decidir fazer só mais uma volta a cada vez que se passava na meta (ou não, como à frente se verá…).

Estava a fazer voltas em cerca de 30 minutos, mais cerca de 3 minutos que no primeiro conjunto de cinco voltas, pelo que fiz a nova paragem às 17:10. Comi qualquer coisa, tratei da bike e voltei ao percurso cerca de meia hora depois. Tinha subido uns lugares e andava agora por volta do 27º lugar, mas com muita gente por perto, pelo que subir ou descer três lugares era muito fácil, dependendo das paragens de cada um. Não ia conseguir fazer cinco voltas antes de ter montar luzes, mas faria o que conseguisse. Foram só duas. Parei às 18:40 para jantar e montar as luzes. Aproveitei esta paragem para tratar da suspensão dianteira, onde o bloqueio estava a dar problemas, dado que não desbloqueava totalmente e a tornava muito dura. Desmontei a parte de cima da perna direita e limpei, mas não resolveu, pelo que cortei o mal pela raiz e fiz o que já há algum tempo tinha pensado fazer. Retirei o bloqueio e a suspensão passou a funcionar muito melhor. Fui depois comer e quando peguei na bicicleta para voltar ao circuito tive a surpresa desagradável de ter a roda de trás completamente em baixo. Tentei encher para ver se o líquido fazia a sua obrigação, mas sem sucesso. Procurei algum pico espetado no pneu, mas a lama não me permitiu ver nada. Tive mesmo que desmontar a roda, de onde tirei um espinho de tojo com mais de um centímetro de comprimento. Devo ter perdido uns vinte minutos adicionais nestas operações todas e só voltei a pedalar quase às oito da noite.

A primeira volta nocturna é uma nova volta de reconhecimento e feita com o devido cuidado. Para meu espanto o circuito estava a aguentar-se bem, havendo mesmo algumas zonas onde tinha melhorado, pelo que só havia que desfrutar das voltas ao luar, que mais uma vez nos proporcionavam vista espectaculares sobre o Tejo. Na última das cinco voltas decidi mesmo parar para ver o pessoal a descer o single que estava traçado na encosta da margem do Tejo. Foram uns dez minutos de paragem que valeram bem a pena. De facto, as luzes dos concorrentes aos esses na encosta faziam um efeito espectacular.

Concluí a volta 17 às 22:47 e tinha agora de decidir se voltava ao percurso ou esperava pelo fim das 12H para acompanhar o JP na chegada. Estava em 26º e seria previsível que descesse uns lugares, mas optei por ficar. Tratei da máquina e mudei de roupa e segui para a zona da meta para ver como estava classificado o JP. Um pouco antes da meia-noite avisei-o que não valia a pena dar mais nenhuma volta. Estava em sexto e já não ia subir nem descer. Não me ligou e seguiu para mais uma volta. Ganda maluco!...

Esperei por ele e assistimos ao pódio das 12H, após o que ele seguiu para os balneários e massagem e eu fui beber um chocolate quente cedido pela organização antes de recolher ao meu T1.

Como me deitei cedo, pretendia começar a pedalar cedo e acertei o despertador para as 6:00. Custou-me a adormecer, mas ao fim de algum tempo consegui. Acordei com a Luz do Sol. Já passava das 7:00. Acertei o despertador, mas esqueci-me de o ligar. Dah!...

Como tinha tudo preparado para começar a pedalar, foi só tomar o pequeno-almoço e seguir para o circuito. Tinha descido um lugar (menos do que o expectável) e muito antes da 8:00 já estava a pedalar. No fim as cinco voltas da ordem fiz uma flash pit stop para tirar os agasalhos, porque estava a ficar calor. Se não perdesse muito tempo conseguiria completar 25 voltas por volta do meio-dia e este passou a ser o meu objectivo.

Cerca de cinco minutos antes do fecho do circuito preparava-me para sair após as 25 voltas programadas quando o JP me chama. Dizia ele que eu há pouco tempo estava em 25º lugar e se desse mais uma volta podia subia para 21º. Ora eu tinha dado a última volta um pouco mais rápida, para tentar não ser passado por nenhum dos meus adversários directos, que eu sabia estarem muito perto. Tinha mesmo esperança de ter passado alguns nesta volta (pelo menos tinha-me parecido). O cenário de ter de fazer mais uma volta era aterrador. Estava esgotado e decidi ficar por ali. Fui ver as classificações e de facto, mesmo sem a volta adicional tinha subido para 23º, com três minutos de vantagem sobre o 24º. Não me arrependi da decisão.

Foi uma participação ao nível do expectável. Trouxe mais uns pontinhos que os devidos apenas à participação, o que é sempre agradável.

Fomos desmontar o estamine após o que tomei banho e comemos “qualquer coisa para o caminho”. Fizemo-nos à estrada já a pensar na próxima etapa, mesmo à porta de casa, com as vantagens e inconvenientes associados.

Faltou falar da organização, mas se em 2010 foi bom, agora ainda foi melhor, com mais alguns detalhes (como o chocolate quente a e sopa durante a noite, estrados de madeira na zona mais lamacenta e até rampas de madeira nas zonas em que se tinha de subir passeios). O cuidado com que tudo é tratado e a constante preocupação com os participantes são a imagem de marca da Horizontes.”

2011-03-21

24 H Abrantes - 19 e 20 de Março de 2011

Primeiros ecos do PL em resposta ao post do BRM 300 do SD:

"Nós (JP e eu) também sobrevivemos, mas o relato fica para depois.

Para já ficam os highlights:
Ambos pontuámos, embora o JP muito mais do que eu porque andou sempre a cheirar o pódio. Ele ficou em 6º nas 12H e eu em 23º nas 24H.

Percurso muito giro com singles espectaculares, mas muito duro, em que o JP fez média global (descontando as paragens) de 11,99 km/h nas 12h e eu fiz 9,47 km/h nas 24h. Só para referência, o vencedor das 24h fez média de 12,45km/h (abaixo de qualquer das médias dos vencedores do ano passado).

A organização esteve no nível elevado a que já nos habituámos em 2010, mas ainda assim conseguiu melhorar em algumas coisas, como colocar rampas sempre que o percurso obrigava a subir passeios e estrados em zonas com mais lama (a bicicleta e o esqueleto agradecem) e distribuir sopa e chocolate quente à noite (o corpo todo, mas o estômago em particular, também agradeceram).

Fartámo-nos de dar ao pedal para fazermos "apenas" 131,6 km (JP) e 117,5 km (eu). É mesmo isso que estão a ver: o JP fez nas 12h mais três voltas que eu nas 24h (no comments, please). Na verdade e como era esperado, eu também fiz 12 horas, mais correctamente 12h02m, que foi o tempo que efectivamente pedalei (incluindo as deslocações para as Boxes). Tudo conforme o planeado, como se infere do relato do BRM200.

A grande novidade do fim-de-semana é que a próxima etapa do PT-Open XCR será no Parque de Campismo de Lisboa, em Monsanto, no último fim-de-semana de Maio, o que perfigura uma forte possibilidade de churrasco. Será que a carne que se comprou para as 24 h do Jamor do ano passado e que tivemos de trazer de volta por não ter sido autorizado o churrasco ainda estará boa? ;-)"

BRM 300 - 19 de Março de 2011

Relato do SD:

"…e pronto, sobrevivi a esta loucura dos 300km num dia.

Tudo começou às 06:10 em Vila Franca de Xira. Pela frente 300 km de estrada. Os primeiros km’s foram percorridos em grupo e com alguma apreensão. Tentava seguir acompanhado sem entrar em loucuras. Luzes acesas e algum frio que se fazia sentir, mesmo ao ponto de fazer gelar as pontas dos dedos.

Por volta do km 65 decidi deixar o grupo e seguir sozinho com o Carlos. O Carlos acompanhava-me desde o início e já o conhecia da etapa dos 200km.

Às 9:24, com mais de 90km, o Carlos seguia na minha roda quando eu me desviei de um buraco e lhe fiz sinal para fazer o mesmo, só que ele acabou por rebentar os 2 pneus. Parei com ele e enquanto tratava da roda da frente ele tratava da roda de trás. Foram 13 minutos nesta operação e quando arrancámos, seguimos já com outros 3 elementos (2 da organização) que entretanto se tinham juntado a nós. O rebentamento da roda da frente fez mesmo com que a borracha do seu pneu cortasse, ao ponto de ser conveniente colocar um remendo por dentro do pneu, operação que o Carlos viria a realizar ao km 115, aquando do controlo em Ponte de Sôr.

Eram 10:36, quando cheguei a Ponte de Sôr. Estava com 115 km e era altura de carimbar o passaporte num café local. Um sandes de fiambre e uma Coca-Cola depois, estava pronto para continuar. Decidi não perder muito tempo (ainda assim estive 26 minutos parado) e continuar sozinho. Não tendo amigos para nos acompanhar, prefiro mesmo andar sozinho e gerir eu o meu próprio ritmo.

A próxima paragem que eu tinha previsto era na Nossa Senhora da Graça do Divor, aos 196km, para voltar a carimbar o passaporte no posto de controlo. Era suposto o Café Besica estar aberto, acolhendo assim os randonneus para o controlo enquanto tomavam alguma coisa mas contrariando o que a própria organização pensava, o café encontrava-se encerrado. Precisava de comer alguma coisa mas algo em mim já não estava a funcionar muito bem pois tinha deixado de conseguir ingerir sólidos e sentia muita sede. Na mesma aldeia, parei numa tasca 200m depois onde encontrei 3 randonneurs que estavam prontos a seguir. Este café não tinha nada para comer mas quando vi um motolof em cima do balcão, não resisti. Pedi uma fatia daquele docinho e fresco doce. Felizmente “escorregou” bem na garganta, com a ajuda de uma Coca-Cola, é claro. Como continuava com sede, bebi mais uma água das pedras enquanto metia também alguma cafeína no estômago. Entretanto, tinha chegado mais um rapaz mas pouco depois eu arrancava novamente sozinho. Estive aqui parado 16 minutos.

Até Montemor-o-Novo foi um saltinho. Apesar de não me estar a alimentar, senti a energia do último abastecimento. Estava bem fisicamente e segui em bom ritmo até Vendas-Novas, onde decidi fazer a minha única paragem fora controlos. Sentei-me numa esplanada e pedi uma bifana. Momentos depois percebi que não a ía conseguir comer e acabei por a carregar até Vila Franca. Tinha pedido uma Coca-Cola (é claro) para acompanhar e esta acabou por ajudar uma tangerina a “descer”. Antes de me ir embora, após 25 minutos de paragem, bebi mais um café com uma água das pedras.

Faltava-me pouco mais de 60km para chegar e eu começava a ficar preocupado, pois sem comer começava a ter receio de me sentir fraco de repente. Até ao fim, fui sempre a beber pequenos golos de água para me manter hidratado. Quando entrei na recta do cabo, comecei a pensar que o BRM300 começava a ser uma realidade. Já lusco-fusco acendi as luzes e pedalei na berma da estrada com muito cuidado, pois ali o trânsito circula com alguma velocidade. Começava a sentir alguma dor nas mãos, tendo acabado mesmo com uma bolha em cada um delas. O forro das luvas já “era” e um dia inteiro fez mossa nas mãos. A cada irregularidade da estrada sentia quase que um reflexo de dor na mão.

Cheguei às 19:35. No final um enorme sentimento de satisfação. Foram mais de 200km completamente sozinho, o que como disse, permitiu-me gerir o meu andamento mas criou também alguma monotonia.

Alguns números deste longo dia…
Distância: 308km
Tempo total: 13:25:22
Tempo andamento: 11:50:38
Avg: 25,9km/h
Calorias: 6058 Cal."

Brevet Randonneurs Mondial, Tejo-Sorraia-Tejo, 213.819m, 26 de Fevereiro de 2011

Relato do SD:

"Como previsto, PL, SD, TA, JP e NMC completaram os mais de 200km da primeira prova dos Randonneurs em Portugal.

Os 214km foram completos em 8:30. Houve 2 furos (TA claro e desta vez também NMC) e o NMC fez quase a totalidade do percurso com dores no joelho mas provou ter espírito Just4Fun. No fim, mesmo com dificuldades, terminou com “carinha sorridente”, como é apanágio do nosso grupo.

A chegada a Vila Franca de Xira, decorreu já noite cerrada. Não foi muito agradável fazer a Recta do Cabo com trânsito, desvios causados por obras, mau piso na berma… mas nada fez parar 4Funner’s! Parabéns malta e obrigado pela vossa companhia. Só gostava de poder contar convosco na próxima distância mas sozinho não sei se irei. Logo se vê."

Relato do PL:

"O pára-quedas lá abriu e eu consegui aterrar de pé.
A pancada foi forte, porque as pernas ainda se queixam de vez em quando, mas está tudo no normal caminho da recuperação.
Mas porque é que insisto em fazer pára-quedismo em eventos de ciclismo? ;-)

Como dizia o JP, que me acompanhou durante 200km, foi um bom treino para as 12h. No meu caso devia ser para as 24h, mas como não devo conseguir andar muito mais que as tais 12h ficamos quites ;-).

A partida atrasou um bocadinho, porque às 8:00 ainda estava tudo de volta do “bife” e quando este acabou (pelas 8:10), como parecia que o pessoal estava com pouca vontade de começar a pedalar, eu enchi-me de brios e lancei-me ao caminho com o habitual: “Vou andando, que vocês já me apanham...”
Eu gosto de cumprir horários e sabia que minutos perdidos aqui iam-me fazer falta no final do dia.

Acabei por fazer a Recta do Cabo sozinho e a bom ritmo e o pessoal só me apanhou já depois do Porto Alto. Como é sabido, as minhas pilhas duram cerca de uma hora e foi o que voltou a acontecer. Quando o pessoal me apanhou, o JP colocou-se a meu lado e fomos um bocado a falar e às tantas demos por nós a puxar um grupo comprido. Ora ia um coxo e um gordo em máquinas de BTT a rebocar os “rodas finas”, o que não parecia lá muito bem. Cheguei-me para o lado e deixei-os passar, só que passado pouco tempo o “elástico” partiu e nos quilómetros seguintes os outros transformaram-se em pequenos pontos fluorescentes, que se iam afastando continuamente até desaparecerem ao fundo das longas rectas a caminho de Coruche.

O JP ficou para trás e acabámos por recrutar um roda fina que ia só, mas com uma pedalada parecida com a minha. Depois de alguns quilómetros de rotação aleatória (quase sempre a dois), o JP lá deu ao neófito umas breves lições de como se troca na frente do grupo e o trio passou a funcionar que nem um relógio. Até parecia o “Trio Admira”. “Admira” porque eu ia admirado com a velocidade a que “ainda” estava a rolar, para quem já tinha esgotado as pilhas umas dezenas de quilómetros atrás. Na aproximação a Mora, as pilhas deram o bafo definitivo e a paragem dos 88km veio mesmo a calhar. Anteriormente já tínhamos parado uns minutos nos arredores de Coruche para o pequeno-almoço, afinações mecânicas, deixar “lastro” e ligeira recuperação.

Em Mora encontrámo-nos esporadicamente com os outros Just4Funners e até partimos ao mesmo tempo, mas indo a navegar à vela, não tinha velocidade para acompanhar o “comboio” e fiquei para trás ainda no interior da localidade, seguindo num ritmo mais consentâneo com a (minha) realidade. O JP voltou a ficar para trás e fizemos o percurso até Montemor quase sempre sozinhos a uma velocidade que para mim era exigente, mas não esgotante, mas que para o JP era de passeio. Foi a parte que gostei mais do percurso, apesar de ser teoricamente a mais difícil. O ritmo permitiu apreciar as paisagens e o dia soberbo que estava e a estrada tinha muito pouco movimento.

Em Montemor voltámos a encontrar os outros no Posto de Controlo, mas repetiu-se a rotina quando voltámos a pedalar. À passagem por Vendas Novas decidimos não parar para a prometida bifana, porque a distância desde Montemor era pequena e ainda tínhamos muitos víveres. Optámos por parar na rotunda de Pegões, numa esplanada de onde foi muito difícil arrancarem-me. Estava um final de dia esplêndido e finalmente tinha conseguido sentar-me num local cómodo e com encosto, mas faltavam cerca de 50 km, pelo que lá tive de me fazer à estrada. Nesta paragem juntaram-se a nós o SD e o NMC, que vinha com um joelho a ameaçar falência e se via aflito para suportar as médias dos rodas finas.

Até ao final foi rolar a uma média ligeiramente abaixo dos 20 km/h, de modo a manter o grupo unido (ou pelo menos em linha de vista). Para o JP e SD ia muito lento, mas para mim (nesta altura) ia “no ponto”. Eu gosto é de rolar, mas estes quilómetros, quase sempre planos, foram algo massacrantes, dado que foram raras as vezes que não tivemos de pedalar.

A Recta do Cabo à noite foi uma experiência péssima, mas no final cumprimos o objectivo, mais de duas horas antes do fecho do controlo.

E pronto, para mim está feito o primeiro e último BRM deste ano. No meio da “overdose de adrenalina” falava com o JP sobre a possibilidade de conseguir fazer o de 300km, mas em Pegões já agradecia o facto de este calhar na data das 24h de Abrantes, não fosse dar-me uma coisinha ruim e inscrever-me. É que nessa altura, com cerca de 160 km feitos ainda faltariam outros 140 e não consigo imaginar como iria percorrê-los.

Boa sorte para quem continuar a saga, que me vai passar ao lado, mas o facto de termos concluído o primeiro BRM em Portugal já ninguém nos tira.

Just4Fun, mais uma vez na crista da onda ;-)"