2011-08-31

Etapa final da Volta a Portugal - 15 de Agosto de 2011

Onde está o Wally? Just4Fun apanhado a ver os ciclistas passar:

Just4Fun nos Pirinéus - Pedals de Foc

Relato do JP:

"Pois é... como tudo o que é bom se acaba depressa, passou uma semaninha num instantinho!

Bem, não foi bem uma semaninha. Foram 6 dias já com 1 dia para cada lado de viagem. Sempre são 1240 km para cada lado e feitos num único carro onde iam as 4 bikes e os 4 marmanjos amontoados com mochilas, alforges, ferramentas e outros quejandos...!

Ficaram muito, muito boas recordações e a experiência que foi pedalar a 2300 mts de altitude, que foi o ponto mais alto de toda a rota dos Pedals de Foc, nos Pirinéus, com saída e chegada a Viella. A saída foi debaixo de chuva, o que de certo modo aumentou os níveis de adrenalina, mas a chegada foi com sol e uma temperatura excelente para se pedalar!

Resumiu-se em cerca de 220 km já com uma ou outra volta a mais, pois a rota total era de 215 km e um total ascendente a rondar os 6000 mts de acumulado. Nada de transcendente, se bem que o peso acrescido da bagagem que carregávamos é que fazia toda a diferença! Mesmo assim, fomos apelidados dos "portugueses malucos"... pois mais ninguém se atreveu a fazer aquilo com alforges. Aliás, chegámos mesmo a ser desaconselhados no uso dos mesmos! O restantes aventureiros usaram os meios disponibilizados pela organização, pagando à parte como é óbvio...! Mas o nosso "F.M.I." fez com que poupássemos nesse aspecto...! :)

Mesmo com tanto peso, era ver-nos quer a subir, quer a descer (principalmente) a passarmos por eles que nem doidos (como nos chamavam), desviavam-se mesmo para que passássemos e assim apreciavam as nossas conduções...! Aquilo que não sabiam, era que alguns de nós quase não tinham pastilhas de travão devido à sobrecarga que levávamos...! ;)

Quando completámos a rota, local coincidente com a loja da organização, a nossa fama já havia chegado lá... antes mesmo de nós! rsrsrsrsrs

Foram de facto uns dias espectaculares, passados com amigos muito divertidos e todos com o mesmo espírito: Desfrutar de toda a rota. Aproveitando cada canto e recanto. Sem pressas. Sem corrermos demasiados riscos que hipotecassem a aventura e principalmente divertimo-nos muito com as "macacadas" de cada um. Tudo isto, no meio de paisagens soberbas e num ambiente que não sendo único, nós não o temos por cá!

Houve ainda uma etapa marcante, a terceira etapa, que num total de 66 kms teve um acumulado muito interessante... pois nesta etapa estava aquela que era a subida "rainha".

Logo à saída da residencial onde pernoitámos, estavam à nossa espera 11,5 km de ascensão, onde passámos dos 1244 mts de altitude aos 2138 mts... numa subida seguida e progressiva de 900 metros de altitude em apenas menos de 12 km e não esquecendo que carregávamos os tais 23/24 kgs de bagagem... Chegados ao topo, houve uma ligeira subida e seguiu-se um plano mais ou menos direito e voltámos a subir até aos 2300 de altitude, onde se situava o ponto mais alto ciclável desta rota. Pena que o nevoeiro que estava instalado não nos tivesse deixado ver na sua plenitude, tudo aquilo que os montes tinham para nos mostrar!!!

Pelo meio houve ainda algum contacto com outras pessoas que estavam em aventuras semelhantes pelos Pirinéus. Aventuras essas, bem mais audazes, por sinal. Pois faziam a "TransPirináica". Uns de bicicleta, em grupo, e até um elemento a solo. Faço-lhe daqui a minha vénia. Encontrámos ainda um casal, pai e filha, que pernoitaram na mesma casa onde pernoitámos na primeira noite e que faziam a dita TransPirináica mas de cavalo. Qualquer coisa como 25 dias, já incluindo 5 dias de descanso pelo meio. Ainda assim, 20 etapas a cavalgar por entre pedras e trilhos, alguns deles bem escorregadios... é de louvar!!!

Avarias praticamente não houve, a não serem dois furos. Um do RF e outro do meu. Houve de facto problemas com as pastilhas de travões nas bicicletas que já levavam pastilhas um tanto desgastadas. Mesmo tendo trocado as mesmas por outras também já com algum desgaste, ainda assim acabaram por terem chegado ao fim quase sem pastilhas de travão. Ainda com os travões, notou-se que em altitude havia alguns problemas com a pressão de óleo no sistema hidráulico. Felizmente não notei nada disso, mas também, os meus travões tinham apenas 200 e poucos km antes desta volta...! Quedas praticamente, não houve. Praticamente... pois o amigo RF teve dois (muito) ligeiros deslizes laterais...! Nada de grave, felizmente! A tal facto não foi certamente alheio, o compromisso que tínhamos desde o início da rota, de bebermos uma cerveja em cada posto de controlo por onde tivemos de carimbar o nosso passaporte/roadbook :)

Felizmente, foram apenas 8 postos de controlo. Alguns deles coincidentes com a paragem para almoço. Logo... outra cerveja! rsrsrrsrs (Não haveria de haver deslizes laterais e/ou descidas em excesso de velocidade...).

Os nossos companheiros de aventura, espanhóis, é que só se aperceberam disso no segundo dia da rota...! rsrsrsrssrsrs

Pelo meio ficaram cerca de 800 fotografias e ainda cerca de 250 pequenas filmagens a serem editadas pelo nosso amigo David Portelada que, tal como o nosso amigo Pedro Cravo, se juntaram ao RF e ao JP e completaram esta aventura!

Sem dúvida, importante foi o teste que juntos havíamos efectuado na Páscoa passada, na zona de Castelo Branco/Proença-a-Nova e que deu para testar "máquinas" e alforges e as diferenças de comportamento que existe em "conduzi-las" com peso acrescido, maioritariamente colocado na traseira da bicicleta. Nada de preocupante, mas com algumas diferenças...!

É tudo uma questão de hábito e de vontade de se levar por diante...!

Venha a próxima, que estes moldes de passeio/aventura fascinam-me!"
 
e Vídeo (espectacular) do RF:
 

24 H de Proença-A-Nova - 23 e 24 de Julho de 2011

Relato do PL:

"Estão feitas as pazes com Proença, depois do desaire das 12h do ano passado.

Desta vez fui até ao final (das 24h) e até consegui recordar o gozo que dá pedalar no monte ao nascer do Sol com os aromas silvestres no auge.

Tinha um plano de prova algo exigente que apontava para valores a rondar os 4000 m de acumulado, mas o percurso era demasiado duro e acabou por fazer mossa empurrando-me para o descanso nocturno duas voltas mais cedo que o planeado, com apenas nove voltas e 2340 m de acumulado, mas com algumas dores nas costas a começarem a dar sinais.

Nessa altura estava animada a luta pelo terceiro lugar de Masters, que foi ocupado por este vosso escriba de modo efémero ao início da noite, mas o meu concorrente directo recomeçou a pedalar à meia-noite e pelo nascer do Sol, quando voltei ao percurso já ele levava mais de duas voltas de avanço. Ainda assim, não deitei a toalha ao tapete e cumpri as cinco voltas que estavam planeadas para domingo, acrescentando 1300 m ao acumulado do dia anterior.

A volta tinha cerca de 9,1 km e 260m de acumulado. Não era extremamente técnico mas era muito exigente fisicamente. O percurso era engraçado e variado, com alguns locais com muita condução, como uns singles apertados entre pinheiros nos quais cheguei a tocar algumas vezes com o guiador e com os braços, riscando o cromado e ameaçando seriamente a posição vertical que deve manter qualquer ciclista que se preze :-) .

Antes de sair para a última volta planeada fui ver as classificações e verifiquei que tinha recuperado uma volta, mas seria impossível alcançar o pódio de Masters. Dei a volta para cumprir o plano e para tentar segurar o 23º lugar na classificação geral, que estava a ser ameaçado por dois concorrentes que estavam a andar. Esse pelo menos consegui manter graças a essa volta final.

Apesar de ter pedalado pouco mais de 120 km o ascendente total foi de 3640 m. Não são os Pirinéus, mas não anda muito longe ;-)."