2011-05-17

24H BTT regressam a Lisboa em Maio

O Parque de Monsanto volta a ser palco de uma prova de 24H BTT. O evento está agora integrado no troféu de resistência em BTT PTopen-XCR, constituído por quatro provas de 24 horas que decorrem em diversos locais do país.

O PTopenXCR teve a primeira edição em 2010, com organização a cargo da Horizontes, que desenvolveu o conceito, e tem brindado os participantes com provas de elevado nível organizativo. O desafio de fazer uma prova em Lisboa é grande, mas as experiências das provas anteriores do troféu permitem que as expectativas se mantenham altas.
Altas também são as expectativas relativamente ao percurso, que se vai manter secreto atá à data do evento, mas já andam pela net algumas fotos e vídeos que aguçam o apetite e dão pistas a quem conhece Monsanto. Pela amostra, o percurso englobará alguns dos singles mais divertidos e mais técnicos que há por lá e o perfil de altimetria, entretanto também divulgado, não vai dar descanso aos participantes. Espera-se que a chuva não seja companheira desta aventura, o que complicaria extremamente a prova.
Há alguma curiosidade em saber como vão conviver neste tipo de percurso muito estreito e técnico andamentos tão diferentes comos são os dos participantes nas provas de 24 horas (mais lentos) e os das 12 e 6 horas (mais rápidos). Estes vão ter de aguardar pacientemente na fila pelos locais onde seja possível a ultrapassagem (que certamente estarão previstos), porque nos singles que estão nos vídeos vai ser impossível. Se se mantiver o nível de civismo que tem marcado as provas anteriores do troféu isto não será de certeza um problema.

Alheios às dificuldades que se esperam, ou talvez motivados por elas, mas também certamente por terem a prova à porta de casa, seis Just4Funners disseram "Presente!" e alinharão à partida: quatro nas 24H (AAF, JHB, DN e PL) e dois nas 12H (JP e TA). Espera-se ainda que por lá apareçam outros J4F que optaram por não pedalar, mas não vão perder a oportunidade apoiar os masoquistas.

2011-05-10

BTTralhos - A Passagem do Canhão - 7 de Maio de 2011

“Um grande passeio a preço de saldo! Trilhos espectaculares! Companhia cinco estrelas! Tudo o que um Just4Fun pode desejar para um dia bem passado.” SD

Relato do SD:
"Sábado, eu, o JB e o JP fomos até Vermoil, ao III Desafio BTTralhos – A Passagem do Canhão. Para mim, o desafio começou mesmo na sexta-feira à noite, quando ao preparar a bicicleta percebi que tinha um problema e que precisava de ajuda para o resolver. Ao lubrificar a corrente, verifiquei que quase não conseguia movimentar o pedal, pois este encontrava-se muito preso. Numa primeira análise, pensei que pudesse ter algo a ver com a cassete na roda traseira mas ao retirar a roda verifiquei que o problema só poderia estar no eixo pedaleiro. Para desmontar o eixo, não tinha nem ferramentas nem conhecimentos e confiança para fazer a operação sozinho, pelo que foi dessa forma que recorri à ajuda de um entendido na matéria – PL!

Ainda antes de usar os serviços fora de hora do mecânico PL, decidi pôr ao no pneu de trás e mal desaperto a tampinha que cobre o pipo, sai “algo” disparado para o ar e o pneu esvazia-se completamente. Já me tinha acontecido o mesmo quando estava na linha de partida do SRP160 mas só agora vi com mais calma o que se passara. Não foi o pipo que se desenroscou e saiu, não. Foi o tubinho que sai da jante que estava partido (cortou!) a meio, como se alguém o tivesse serrado com uma serra. Inacreditável! O mais engraçado foi que a primeira vez aconteceu precisamente em Serpa e não sei como consegui encavalitar as 2 partes, de forma ao pneus aguentar os mais de 160km que aquele passeio teve este ano! Estava portanto a começar bem este desafio BTTralhos. Troquei a câmara-de-ar e fui ter com o mecânico.

O PL também nunca tinha visto um pipo “rebentado” daquele jeito e pareceu-nos tratar-se de um defeito de fabrico mas ainda assim algo muito esquisito. Relativamente ao problema principal, o rolamento do lado direito tinha gripado. O estranho foi ter deixado bem a bicicleta após um passeio e quando lhe vou pegar estar assim mas o facto de ter estado a lavá-la antes de a ter guardado, pode ter feito com que os rolamentos já em fim de vida “agarrassem”. Nunca tinha trocado os rolamentos da bicicleta, pelo que os mais de 12 000 km sem qualquer manutenção espantaram o experiente mecânico mas ele estaria a esquecer-se que estava perante uma grande máquina – Specialized! (Quero lá saber qual é a marca do rolamento… ). “Parece-me que estás com sorte”, foram estas as palavras do PL quando se lembrou que tinha guardado os últimos rolamentos que substituiu na sua bicicleta (quando não se confia no material, fazem-se muitas substituições para minimizar o risco de avaria :-)).

Foi assim que iniciei o empeno de Vermoil, com um rolamento transplantado de uma qualquer pasteleira (o gajo ainda é pobre e mal agradecido, irra!). O meu medo agora era que houvesse uma rejeição deste órgão mecânico, coisa que não viria a acontecer. :-)

Com o track carregado no GPS a acusar quase 150km, às 8:30 quando a ‘organização’ juntou os participantes, comunicou que o percurso seria na casa dos 120km’s. O track tinha efectivamente mais quilómetros mas era a componente alternativa que estava a fazer a diferença.

Às 8:45 arrancámos. Pouco depois as primeiras pingas testavam os impermeáveis e assim continuámos debaixo de chuva numa parte da manhã. Como a chuva não parava e começavam a ser horas do segundo pequeno-almoço, parámos para comer num café o que deve ter enganado o São Pedro pois quando saímos tinha parado de chover. Até ao final do dia não choveu mais.

Não tenho comparação com edições anteriores, pois esta foi a primeira em que participei mas adorei a zona e os percursos escolhidos. Quem gosta de pedalar em single-tracks tirou a barriga de miséria como eu, pois havia-os para todos os gostos e feitios, a subir, a descer, com pedra, sem pedra, em curva, na ravina… Eu sabia que toda aquela zona era dura de terreno, i.e., era uma zona com muita pedra, não imaginava era que fosse com tanta assim! Chiça, que era difícil dar 2 pedaladas sem ver calhau! Um terreno tão irregular fez mossa, sacudindo o pó do esqueleto durante o dia todo. No início, apanhámos pedra molhada e húmida o que nos fazia escorregar e desmontar em algumas subidas/descidas que se tornavam difíceis e perigosas. Com calma fomos progredindo e às 13:45 sentávamo-nos numa esplanada a comer uma bela de uma bifana. Estávamos sensivelmente a meio do percurso com 61km e tentámos não perder muito tempo, pois queríamos chegar de dia, até porque nenhum de nós tinha luzes.

Prosseguimos e passámos uma das zonas mais bonitas que dá o nome ao passeio - Canhão do Vale do Poio. Zona cheia de single-tracks muito sinuosos, uns atrás dos outros e que a determinada altura passa à porta de uma caverna. Parámos para apreciar o momento e quando seguimos, seguiram-se outros singles mas agora a subir, com pedra lisa no chão, à beira da montanha com uma ravina do nosso lado esquerdo. Foi uma sensação indescritível fazer aqueles trilhos. Mais à frente, saíamos do vale do Poio e chegávamos ao ponto de optar ou não pela alternativa. A organização recomendava seguir pela alternativa se se chegasse aquele local depois das 18 horas e como não era o caso, decidimos fazer o percurso completo.

Arrancámos por novos trilhos que rapidamente começaram a subir em direcção às eólicas. Com pouca água (estávamos avisados que não iríamos encontrar muitos pontos de abastecimento ao longo do passeio), decidimos não arriscar e desviámo-nos por alcatrão até ao café mais próximo, a cerca de 1km. De regresso ao trilho, lá começámos a longa subida que nos conduziu às gigantes ventoinhas. Neste momento, recordei-me da odisseia do passeio da Lousã (PR15), pois por instantes deixámos de saber como apanhar o trilho, estava vento e cada vez estava a ficar mais tarde. Com esforço e espírito de missão, chegámos ao Pombal às 20:40. Estávamos “perto” de Vermoil e a noite aproximava-se. Sem perder mais tempo, decidimos seguir por asfalto até ao fim, onde chegaríamos perto das 21:30. Este foi o único troço que alterámos, face ao inicialmente previsto mas foi-nos dito pela organização que a nossa opção de seguir por asfalto era idêntica à prevista no track com a diferença que uma vai por um lado da linha férrea e a outra… por outro lado e que a nossa opção seria aquela com mais altimetria para vencer.

No final, um quente banhinho nos balneários femininos (é verdade…) junto ao campo de futebol e seguimos para um tardio jantar às 22:30 onde a opção (forçada) foi frango assado requentado para aconchegar o estômago antes do regresso a Lisboa.

Sem quedas, furos, roletes gripados e outras complicações, tudo correu pelo melhor, isto é, quase tudo. Há aqui um grande pormenor que não vos estou a contar pois infelizmente tem sido comum nas últimas tiradas mais longas. Por volta do km 80 comecei a não conseguir andar mais depressa e a ter dificuldade em acompanhar o JB e JP. Não percebia o que se passava no meu organismo, pois comecei a ter vontade de parar e dormir ao ponto de fechar os olhos e ter a sensação que em poucos segundos estaria a partir choco. Esta sensação agravou-se com o passar dos km’s e nada teve a ver com a alimentação pois quando eles comiam eu comia também. Esta situação é algo que se vem arrastando nos últimos meses e que não encontro uma justificação.

Agradeço assim, o espírito Just4Fun e toda a ajuda prestada pelos grandes Amigos que me acompanharam por montes e vales. Obrigado!

Uma palavra de agradecimento também ao PL pois sem a sua ajuda mecânica provavelmente não teria conseguido ir.

Distância: 128.32km
Altimetria: +2800m (sensivelmente)
Tempo de pedal: 9:54:56
Média: 12.94 km/h"

Relato do JB:
"Relato longo, pois o dia foi longo.

O passeio começou bem cedo e por volta das 8.45 lá arrancámos para um passeio de btt maravilhoso. O São Pedro também ajudou à festa e a chuva só apareceu durante 30 minutos.

Este ano começámos a pedalar para sul, onde a paisagem é caracterizada por pinhal. A primeira paragem foi efectuada ao km30, em Freixianda para mais um pequeno almoço. Já a pedalar para norte, seguimos em direcção a Ansião, onde começámos a ter um terreno com alguma pedra escorregadia, pois a chuva umas horas antes assim deixou o terreno. Com maior ou menor dificuldade lá seguimos em direcção a Ansião, onde acabámos por almoçar uma bela bifana e onde aproveitámos para descansar um bocado. Até Ansião tínhamos já 60km e estava tudo a correr bem.

Depois de Ansião o percurso mudou quase radicalmente. O piso estava seco, a temperatura estava excelente e o percurso a cada km ficava mais bonito. Havia single tracks uns a subir, outros a descer para todos os gostos: com pedra, sem pedra, com vegetação, sem vegetação e até parecia que havia single tracks que tinham sido criados entretanto.

Depois de um single track a descer com pedra e vegetação à mistura fomos dar a um vale espectacular de seu nome Canhão do Vale dos Poios. Aproveitámos uma gruta para tirar umas fotos, para descansar e para contemplar a paisagem. Ainda no vale percorremos um single track simplesmente espectacular, para mim foi o momento do dia.

Depois foi seguir em direcção ás eólicas, para conseguirmos ver o mar bem ao loooonge. Chegados a Pombal optámos pelo alcatrão e seguimos em direcção a Vermoil para um banho totalmente merecido. A boa disposição continuou e reparámos que cada um de nós se tinha esquecido de algo em casa....eu dos boxers, o SD das calças e o JP da toalha.

Um muito obrigado ao SD e ao JP por este dia FANTÁSTICO."

Trilhos e Courelas - Vendas Novas - 10 de Abril de 2011

Relato do JP:

"Como já vai sendo hábito, há sempre algo para contar! Desta vez, tudo estava a correr dentro de previsto e com um ritmo bem vivo desde o início. Havia que mudar um pouco a estratégia desde o G100, visto não ter resultado muito bem, em minha opinião.

Tudo corria bem até ao km 76. Aqui, a escassos 7 km do final e já praticamente sem quaisquer dificuldades pela frente, apesar de já há algum tempo vir a sentir mais dificuldade na pedalada acompanhada com alguns barulhos poucos aconselháveis da transmissão, a bicicleta resolveu "parar"... Ou melhor, quem resolveu parar fui eu, antes que partisse qualquer coisa, dado o desviador traseiro estar completamente voltado para trás.

Depois de várias tentativas infrutíferas para que voltasse a trabalhar na sua posição normal, pois apesar de estarem a entrar as mudanças, a roda rodar livre e não haver nada à vista que justificasse, até mesmo depois de retirada a roda.... estava a entrar em desespero por não conseguir descobrir o porquê da situação. Eis que, os meus dedos passaram pelos roletes de desviador...

Um deles, mudado há cerca de 2 semanas por se encontrar totalmente desgastado, estava normal. O outro... que não apresentava sinais de desgaste acentuado e até aqui trabalhou sempre na perfeição, resolveu literalmente "gripar". Ou seja, bloqueou por completo. Nem mesmo com esforço o conseguia fazer rodar!

Estava descoberta a avaria. Agora havia que conseguir ultrapassá-la!

Primeiro ainda injectei umas gotas de óleo para as esferas que ficaram visíveis, pois a peça que devia de estar a selar o rolete estava um pouco "descolada do rolamento"... O efeito foi quase nulo. Aquilo quase não mexia.

Desmontei o rolete e ao apertá-lo novamente, mal ajustava o parafuso, prendia de novo. Assim, a táctica foi manter o parafuso apenas "encostado" e sem qualquer tipo de pressão. O perigo agora estava no parafuso não se aguentar e cair, fazendo com que o rolete caísse e a minha participação ficasse também ela por ali...!

Mas não, lá se aguentou, felizmente, e assim consegui concluir os 83 km da Maratona.

Pena foi, que estes 8 minutos perdidos com a operação me tivessem custado cerca de uns 10 lugares na classificação geral e com isso fui atirado para fora do top 50, num total de 115 concorrentes que concluíram o trilho longo.

Assim, concluí a distância no 59º lugar da geral, com o tempo total de 4h15m27s. Com o tempo de 4h01m07s a andar. Os restantes 14 minutos foram perdidos entre a reparação do rolete, os 4 postos de controlo de passagem e ainda umas breves paragens nas ZA para recolher líquidos e um ou outro sólido.

De facto, poderia ter corrido melhor! Fiquei com um certo "amargo de boca" no final devido aquela peripécia provocada pelo rolete. Nunca tinha tido uma avaria daquelas, nem nunca tinha ouvido falar que este tipo de avaria pudesse ter acontecido a alguém!

Quanto ao percurso, gostei imenso, apesar da presença de alguma areia na parte inicial, onde os mais de 800 participantes à partida para os 3 percursos possíveis, tivessem dificultado um pouco a progressão, mais a mais porque não estávamos (JP/RF/HS) nada bem colocados na partida e me obrigou a algum esforço inicial em busca de uma melhor posição! A partir de sensivelmente meio da prova, surgiram 3 ou 4 subidas daquelas de nos darem que fazer...! De resto, nada a que não estejamos já habituados!

A organização a cargo da Adn Trilhos esteve em muito bom nível. Boas marcações, abastecimentos razoavelmente bem apetrechados, e até apoio mecânico num deles. Só não entendi muito bem o porquê de uma última ZA a cerca de 5 km da meta.

Parei por lá pois acabei por me desconcentrar devido à avaria 2 km antes, mas não havia necessidade de o ter feito, caso me tivesse apercebido da proximidade da meta! Ainda assim, atribuo uma luz bem verde à organização!

Não fiquei para almoçar, pois fi-lo em companhia do HS e do RF, a quem agradeço o convite.

E pronto, nada mais há a acrescentar naquele que foi o meu regresso a Vendas Novas 3 anos depois da minha estreia por lá! Desta vez com imenso sol e a temperatura bem alta para a época a que nos encontramos!"