2008-09-22

Arruda-Atlântico 2008 - 21 de Setembro de 2008

Desencaminhados por dois elementos do ForumBTT, três Just4Funners (DN, FF e PL) compareceram à partida deste raide, cujo objectivo era ligar Arruda dos Vinhos ao Atlântico e regressar à Arruda. Estavam previstos mais de 95 km e cerca de 1300 m de altitude acumulada.

Cumprimos o percurso de 98 km em 9:09 em perigos e guerras esforçados, mais que permitia a força humana, quase chegávamos à Taprobana ;-)

Aquilo foi mais duro do que se estava à espera, não apenas pelo acumulado de subidas, que segundo as nossas contas rondou os 1700 m, mas porque no regresso apanhámos chuva e muita lama o que complicou bastante a progressão. Mesmo assim cumprimos o percurso na íntegra, o que parece ter sido feito por poucos, pois estávamos na cauda do pelotão e havia poucas marcas de rodas nos locais mais enlameados.

Almoçámos umas bifanas banais na Praia do Navio perto de Santa Cruz, mas pelo caminho comemos amoras, uvas de vários tipos, peras e figos. Um espectáculo.

Quando a percalços, ainda no asfalto da Arruda o PL foi ao charco por causa de um “31” arranjado por um artista que ia de carro a implicar com os ciclistas. Um toque no travão da frente e lá vai ele a escorregar pelo asfalto molhado. Nada de ferimentos (além do orgulho), mas partiu os suportes dos bidons, o que podia ser complicado para seguir em autonomia. Logo ali desenrascou-se com a fita de tecido que traz na bolsa do selim e “siga a Marinha”. Lá pelo km 20, numa subida, sente a transmissão presa e pára logo. Um arame de 3 mm de espessura tinha-se enfiado pela corrente e estava preso no rolete inferior do desviador. Chegou-se a temer o pior mas depois de verificado que não havia nada partido fez-se uma reparação de recurso para permitir continuar a andar e aproveitou-se uma paragem mais à frente para fazer os acertos finais.
Desta vez calharam-lhe os azares, que acabaram por não ser muito complicados.

Concluindo, não houve Beja (ex-Penedo Gordo), mas houve um quase Portalegre e passámos em algumas zonas bem engraçadas, que não ficam a dever nada às paisagens alentejanas, bem pelo contrário.

Havemos de lá voltar para fazer uma coisa mais ligeira, a começar e acabar mais perto do Atlântico, evitando assim as zonas mais complicadas e usando alguns dos trilhos mais engraçados.

2008-09-10

Desafio TriumviratumBTT - 6 de Setembro de 2008

No dia 6 de Setembro os Just4Fun atiraram-se ao percurso do TriumviratumBTT, com vontade e determinação para cumprir o desafio antes das 12 horas que estão estabelecidas como tempo limite, mas fomos vencidos pelos percalços que nos foram retardando a progressão ao longo do dia, tendo sido apanhados pela noite na zona de Ourém, com 120 km percorridos em 12 horas. Ficou um certo amargo de boca, porque o sentimento geral era que se conseguiria concluir o percurso, mas logo ali foi decidido que em Maio estaríamos de volta para vencer o Desafio.
A partida de Leiria foi mais tarde do que o programado e já passava das oito horas quando tirámos a foto junto à Fonte Luminosa e começámos a pedalar. Nestas coisas os que vêm de longe costumam ser os que chegam primeiro, o que acabou por se verificar. Na véspera à noite seguiram cinco que ficaram a dormir na Praia do Pedrógão (SD, JP, DN, PL e JB) e na manhã seguinte ainda estavam a caminho de Leiria quando ficaram a saber que o PM e o FF (que vinham de Lisboa de madrugada) já lá estavam há muito tempo. A "culpa" do atraso foi do JB ;-) que além de os deixar ficar lá em casa ainda arranjou pão com chouriço acabadinho de fazer e cafés expresso à maneira. Quem é que quer pedalar com estas mordomias? ;-)

Os preparativos foram acompanhados de algumas gotas de chuva que felizmente não passaram de ameaças, mas as coisas começaram a correr contra-feição ainda em Leiria onde andámos um bocado à nora para seguir as indicações dos GPS’s, que teimavam em nos dizer que o percurso seria pela margem contrária do rio. Após algumas hesitações e depois de andarmos para trás e para a frente lá encarreirámos e rapidamente entramos no Valinho da Curvachia, que é uma zona muito bonita e que nos ficou nas retinas. Iniciava-se então a ascensão mais longa do percurso que fomos cumprindo a bom ritmo e sem contratempos além de muitos arranhões nas silvas que teimam em invadir os caminhos.
Mal sabíamos nós o que as silvas ainda nos guardavam mais à frente.
Com pouco mais de 20 km paramos para reparar um furo, o que é encarado em ambiente de brincadeira até porque serviu para tirar umas fotos e comer qualquer coisa. Os próximos três furos antes de Torres Novas começaram a deixar alguma preocupação ao SD porque foi o mais massacrado e aos restantes, porque a perspectiva da má sorte calhar a todos começava a ser real. Para terminar a primeira etapa “em beleza” o DN partiu o dropout a cerca de cinco quilómetros de Torres e depois de analisar o que fazer decidiu-se transformar a bicicleta em Single Speed para permitir chegar ao final da etapa. Com estes contratempos e com mais uma meia dúzia de enganos no percurso a possibilidade de cumprir o desafio começava a estar em causa, mas ainda não era impossível, bastava que os azares parassem e que o terreno fosse propício a maiores velocidades, o que não se verificou. Não só o terreno não permitia recuperar muito tempo como o massacre dos furos continuou e começou logo à saída do excelente almoço com que a equipa de apoio (EN e TF) nos brindou em Torres Novas.
Tínhamos andado 50 m quando o SD verificou que tinha um novo furo, mas não ficaria por aí. Até Tomar o PL também teria que parar uma vez para meter ar e esperar que o Magic Seal actuasse, mas na zona da Bezelga (onde estava outro ponto de abastecimento) teve mesmo que desmontar a roda de trás para ver o que se passava porque continuava a perder ar. Foram retirados cinco picos do pneu e apesar da câmara ter vários furos foi montada novamente porque montar uma câmara sem Magic Seal seria provavelmente uma pior opção, tendo em conta a quantidade de picos que teimava em se cravar nos pneus. A verdade é que o líquido milagroso foi fazendo o seu trabalho daí para a frente.

A aproximação a Tomar foi feita sem grandes ocorrências, apenas com mais uns enganos no percurso e no centro da cidade tirámos a foto da praxe, seguindo de imediato para o Convento onde estaria o próximo ponto de apoio. Aqui houve um ligeiro desencontro com o carro de apoio. O apoio estava lá, mas sem carro e ligeiramente afastado do percurso. Como íamos com o nariz no guiador quem ia à frente não se apercebeu que era para parar e continuou. Depois de alguns acertos por telemóvel combinámos encontrar-nos junto ao Aqueduto de Pegões (se entretanto o carro chegasse, pois o DN tinha ido à procura do dropout).

Chegados ao aqueduto estivemos a avaliar se passávamos por cima ou não. Dois de nós ainda andaram um pouco a pé em cima do aqueduto para ver a paisagem e avaliar a situação, mas decidiu-se ir por baixo.
Entretanto chegou o carro de apoio com o DN e um dropout novo, que ele começou logo a montar na bicicleta. Aproveitámos a desculpa para fazermos uma paragem mais prolongada para comer e beber, porque já era hora de lanche. Nesta altura era claro que não conseguiríamos concluir o percurso de dia e portanto restava-nos aproveitar ao máximo o passeio e o convívio e chegar o mais longe possível. Foi o que fizemos. Chegámos às imediações de Ourém já ao anoitecer, não sem que antes o SD voltasse a furar, o DN também tivesse um furo e o PL tivesse que parar para voltar a meter ar na roda de trás para tentar continuar sem reparar o furo, porque estávamos a poucos quilómetros do ponto onde se tinha decidido que iríamos parar. Nota engraçada para o último furo do SD e o do DN que estavam parados a 100 metros um do outro e a 300 metros da estação de Fátima, onde a equipa de apoio nos esperava. Aos gritos comunicamos uns com os outros e o DN vem a correr para junto do SD e reparam os furos em simultâneo. Mais uns metros e reparavam os furos na zona de abastecimento.

Seguiu-se uma operação de resgate de ciclistas em que alguns foram buscar os carros a Leiria para recolher todo o pessoal e terá sido o período mais complicado, já que não havia agasalhos e estava a ficar fresco. O pessoal teve que esperar cerca de uma hora com a roupa suada até os carros chegarem, o que não foi nada agradável.

Em Maio voltaremos a desafiar o percurso, esperando ter menos azares, mas também um pouco mais preparados para os contratempos, de modo a tentarmos perder menos tempo parados e acabar dentro das doze horas, o que é perfeitamente possível, pois desta vez estivemos apenas cerca de oito horas e vinte minutos a pedalar.

Para finalizar umas dicas para quem tentar fazer o desafio:
Não descurem os pneus e câmaras. A possibilidade de ter muitos furos é bem real.
É aconselhável ter um apoio externo. Além de facilitar os abastecimentos pode ser essencial para recolha de ciclistas.
Muita atenção ao percurso. Há zonas onde é muito fácil haver enganos e muitos enganos pequenos são muito tempo perdido. Aconteceu-nos isso muitas vezes, quer por distracção, quer por fraca recepção de satélites.
Aproveitem para ver as paisagens. O percurso é muito variado e passa por zonas muito bonitas.