2008-09-10

Desafio TriumviratumBTT - 6 de Setembro de 2008

No dia 6 de Setembro os Just4Fun atiraram-se ao percurso do TriumviratumBTT, com vontade e determinação para cumprir o desafio antes das 12 horas que estão estabelecidas como tempo limite, mas fomos vencidos pelos percalços que nos foram retardando a progressão ao longo do dia, tendo sido apanhados pela noite na zona de Ourém, com 120 km percorridos em 12 horas. Ficou um certo amargo de boca, porque o sentimento geral era que se conseguiria concluir o percurso, mas logo ali foi decidido que em Maio estaríamos de volta para vencer o Desafio.
A partida de Leiria foi mais tarde do que o programado e já passava das oito horas quando tirámos a foto junto à Fonte Luminosa e começámos a pedalar. Nestas coisas os que vêm de longe costumam ser os que chegam primeiro, o que acabou por se verificar. Na véspera à noite seguiram cinco que ficaram a dormir na Praia do Pedrógão (SD, JP, DN, PL e JB) e na manhã seguinte ainda estavam a caminho de Leiria quando ficaram a saber que o PM e o FF (que vinham de Lisboa de madrugada) já lá estavam há muito tempo. A "culpa" do atraso foi do JB ;-) que além de os deixar ficar lá em casa ainda arranjou pão com chouriço acabadinho de fazer e cafés expresso à maneira. Quem é que quer pedalar com estas mordomias? ;-)

Os preparativos foram acompanhados de algumas gotas de chuva que felizmente não passaram de ameaças, mas as coisas começaram a correr contra-feição ainda em Leiria onde andámos um bocado à nora para seguir as indicações dos GPS’s, que teimavam em nos dizer que o percurso seria pela margem contrária do rio. Após algumas hesitações e depois de andarmos para trás e para a frente lá encarreirámos e rapidamente entramos no Valinho da Curvachia, que é uma zona muito bonita e que nos ficou nas retinas. Iniciava-se então a ascensão mais longa do percurso que fomos cumprindo a bom ritmo e sem contratempos além de muitos arranhões nas silvas que teimam em invadir os caminhos.
Mal sabíamos nós o que as silvas ainda nos guardavam mais à frente.
Com pouco mais de 20 km paramos para reparar um furo, o que é encarado em ambiente de brincadeira até porque serviu para tirar umas fotos e comer qualquer coisa. Os próximos três furos antes de Torres Novas começaram a deixar alguma preocupação ao SD porque foi o mais massacrado e aos restantes, porque a perspectiva da má sorte calhar a todos começava a ser real. Para terminar a primeira etapa “em beleza” o DN partiu o dropout a cerca de cinco quilómetros de Torres e depois de analisar o que fazer decidiu-se transformar a bicicleta em Single Speed para permitir chegar ao final da etapa. Com estes contratempos e com mais uma meia dúzia de enganos no percurso a possibilidade de cumprir o desafio começava a estar em causa, mas ainda não era impossível, bastava que os azares parassem e que o terreno fosse propício a maiores velocidades, o que não se verificou. Não só o terreno não permitia recuperar muito tempo como o massacre dos furos continuou e começou logo à saída do excelente almoço com que a equipa de apoio (EN e TF) nos brindou em Torres Novas.
Tínhamos andado 50 m quando o SD verificou que tinha um novo furo, mas não ficaria por aí. Até Tomar o PL também teria que parar uma vez para meter ar e esperar que o Magic Seal actuasse, mas na zona da Bezelga (onde estava outro ponto de abastecimento) teve mesmo que desmontar a roda de trás para ver o que se passava porque continuava a perder ar. Foram retirados cinco picos do pneu e apesar da câmara ter vários furos foi montada novamente porque montar uma câmara sem Magic Seal seria provavelmente uma pior opção, tendo em conta a quantidade de picos que teimava em se cravar nos pneus. A verdade é que o líquido milagroso foi fazendo o seu trabalho daí para a frente.

A aproximação a Tomar foi feita sem grandes ocorrências, apenas com mais uns enganos no percurso e no centro da cidade tirámos a foto da praxe, seguindo de imediato para o Convento onde estaria o próximo ponto de apoio. Aqui houve um ligeiro desencontro com o carro de apoio. O apoio estava lá, mas sem carro e ligeiramente afastado do percurso. Como íamos com o nariz no guiador quem ia à frente não se apercebeu que era para parar e continuou. Depois de alguns acertos por telemóvel combinámos encontrar-nos junto ao Aqueduto de Pegões (se entretanto o carro chegasse, pois o DN tinha ido à procura do dropout).

Chegados ao aqueduto estivemos a avaliar se passávamos por cima ou não. Dois de nós ainda andaram um pouco a pé em cima do aqueduto para ver a paisagem e avaliar a situação, mas decidiu-se ir por baixo.
Entretanto chegou o carro de apoio com o DN e um dropout novo, que ele começou logo a montar na bicicleta. Aproveitámos a desculpa para fazermos uma paragem mais prolongada para comer e beber, porque já era hora de lanche. Nesta altura era claro que não conseguiríamos concluir o percurso de dia e portanto restava-nos aproveitar ao máximo o passeio e o convívio e chegar o mais longe possível. Foi o que fizemos. Chegámos às imediações de Ourém já ao anoitecer, não sem que antes o SD voltasse a furar, o DN também tivesse um furo e o PL tivesse que parar para voltar a meter ar na roda de trás para tentar continuar sem reparar o furo, porque estávamos a poucos quilómetros do ponto onde se tinha decidido que iríamos parar. Nota engraçada para o último furo do SD e o do DN que estavam parados a 100 metros um do outro e a 300 metros da estação de Fátima, onde a equipa de apoio nos esperava. Aos gritos comunicamos uns com os outros e o DN vem a correr para junto do SD e reparam os furos em simultâneo. Mais uns metros e reparavam os furos na zona de abastecimento.

Seguiu-se uma operação de resgate de ciclistas em que alguns foram buscar os carros a Leiria para recolher todo o pessoal e terá sido o período mais complicado, já que não havia agasalhos e estava a ficar fresco. O pessoal teve que esperar cerca de uma hora com a roupa suada até os carros chegarem, o que não foi nada agradável.

Em Maio voltaremos a desafiar o percurso, esperando ter menos azares, mas também um pouco mais preparados para os contratempos, de modo a tentarmos perder menos tempo parados e acabar dentro das doze horas, o que é perfeitamente possível, pois desta vez estivemos apenas cerca de oito horas e vinte minutos a pedalar.

Para finalizar umas dicas para quem tentar fazer o desafio:
Não descurem os pneus e câmaras. A possibilidade de ter muitos furos é bem real.
É aconselhável ter um apoio externo. Além de facilitar os abastecimentos pode ser essencial para recolha de ciclistas.
Muita atenção ao percurso. Há zonas onde é muito fácil haver enganos e muitos enganos pequenos são muito tempo perdido. Aconteceu-nos isso muitas vezes, quer por distracção, quer por fraca recepção de satélites.
Aproveitem para ver as paisagens. O percurso é muito variado e passa por zonas muito bonitas.

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