2013-06-12

BRM 400 Alqueva - 25 de Maio de 2013


Relato do PL:
Foto RandonneursPortugal

Nada como algum distanciamento temporal sobre eventos em que participámos para não nos deixarmos envolver por euforias ou desalentos passageiros.

É assim que, mais de duas semanas depois de concluir na companhia do SD o meu primeiro Brevet de 400 km dos Randonneurs Portugal, me disponho a passar a escrito alguns detalhes da nossa participação.

Sem demorar muito em considerandos sobre o sucesso da aventura, ficam para memória futura os registos de 410 km a pedalar em menos de 24 horas. Foram três ou quatro minutos a menos, não importa, o que importa é que foram menos de 24 horas. Na verdade este registo apenas serve para alimentar o ego de cada um, porque na essência dos BRM, o tempo que se demora é irrelevante desde que seja concluído dentro da janela disponível, que neste caso se esgotava em 27 horas. Quer isto dizer que ainda tínhamos uma folga de três horas para resolver algum contratempo.

Estar a pedalar durante 24 horas (contando com os inevitáveis tempos de paragens) dá para passar por muitos estados de alma, o que se confirmou neste caso.

De início foi a euforia que me levou a exageros que viria a pagar mais tarde. Estava assumido que iríamos tentar apanhar o “comboio” até Montemor, para que as primeiras horas a pedalar se fizessem com menos esforço, mas tivemos a infeliz surpresa de apenas estar disponível o TGV, quando estávamos a contar apanhar o Intercidades. Foi assim que nas primeiras horas e até se chegar por volta de Pegões se pedalou a médias bem superiores a 28 km/h. Se para alguns isto não é nada, para mim é muito, mas o entusiasmo inicial e a insensatez da madrugada toldaram-me o raciocínio, que apenas acordou por alturas de Vendas Novas, onde decidimos saltar do comboio e continuar em ritmos mais adequados para o desafio que tínhamos que enfrentar.

Fez-se a primeira paragem em Montemor, como previsto, embora mais rápida que o planeado e ala que aí vão eles a caminho de Évora, por onde passámos sem parar em direção a Reguengos, já num ritmo bastante mais baixo que o inicial. A noite estava fria, mas com um luar espetacular. Por várias vezes referimos isso enquanto íamos vendo a Lua a deitar-se e o despontar da aurora com os sons únicos da madrugada no meio do campo. Eram poucos os carros que se cruzavam connosco, o que nos agradava muito, pois permitia desfrutar cada momento. Também já seguíamos sempre sozinhos, apesar de em alguns retas maiores ainda vislumbrarmos luzes vermelhas de outros participantes. Depois de alguns ameaços de sonolência, contrariados com umas bocas e umas “cantorias”, vimos o nascer do Sol pouco antes de Reguengos de Monsaraz, local onde fizemos uma paragem para transferir carga dos porta-bagagens para o estômago, seguindo em direção ao controlo do Mourão, onde chegámos antes das 8 da manhã, num tempo que apesar de não ser espetacular, era muito interessante, dado que estavam já percorridos 175 km sem pregar olho. Demorámos um pouco a tomar um segundo pequeno-almoço e estávamos de saída quando chegou um outro randonneur que decidiu ficar mais algum tempo a comer.

Foi depois desta paragem que a “suína torceu o apêndice retal”. Algures a meio caminho até Moura comecei a sentir picadas no joelho direito que não me permitiam pedalar em pé e mesmo sentado me dificultavam as subidas. Como é lógico a média caiu a pique e com a média caiu também o ânimo. Tentávamos gracejar e gozar as paisagens mas o joelho não permitia grandes ânimos. Arrastei-me até Moura, onde estava o controlo seguinte e onde fizemos uma paragem maior, que serviu para nos desfazermos do excesso de agasalhos, para comer, besuntar protetor solar e usufruir de uma spray para as dores que a organização tinha no carro (obrigado Filomena). Além de minimizar o desconforto, este spray funcionou também no ânimo que recuperou um bocadinho. Foi aqui que ficámos a saber que atrás de nós só havia mais dois participantes (Apolinário e Ângela) com quem nos cruzamos à saída de Moura e a caminho de Alqueva.
Infelizmente, o troço que se seguia até Portel era pouco simpático, com muito sobe e desce e se o “desce” era bem-vindo, o reverso da medalha era o “sobe” que se seguia. A média não recuperava e eu começava a fazer contas ao tempo de conclusão que ia ser muito longe do que tínhamos planeado, pois já tínhamos consumido a pedalar os tempos que tínhamos poupado com a média inicial elevada e com as paragens mais curtas. Não me passava pela cabeça não concluir, mas ainda haveria muito sofrimento até final, até porque me lembrava vagamente do perfil de altimetria e sabia que até voltarmos a passar em Montemor ainda muitas picadas havia de sentir nas subidas.

Quando avistámos o típico castelo de Portel tive uma nova injeção de ânimo, porque queria dizer paragem para almoço, ligeiramente mais tarde do que o previsto, mas ainda assim almoço. Parámos no primeiro café que encontrámos e se inicialmente tinha mais sede que fome (“é uma cerveja, uma frize limão e duas águas frescas sff”), acabei por me render ao aspeto da bifana e batatas fritas que o SD tinha pedido e acompanhei-o, até porque tinha que comer qualquer coisa para ensopar os líquidos. Tivemos sorte porque o café estava num parque e tinha as casas de banho ao lado, o que nos permitiu fazer alguma higiene básica que soube muito bem. Tudo isto somado há de ter feito algum bem ao ânimo porque as velocidades a que seguimos nas longas retas até Viana do Alentejo nada tinham a ver com o passo de caracol com que vínhamos a progredir anteriormente. O joelho, que tinha acordado antes de Portel, de vez em quando dava sinal, mas o ânimo recuperado parecia que não lhe ligava.

Em Viana do Alentejo fizemos uma paragem não muito longa no controlo, demorando apenas o tempo necessário para abastecer de líquidos e voltar a por spray no joelho. Seguia-se uma parte onde sabia que ia sofrer, pois ainda teríamos de subir uma serra antes de Montemor e não fazia ideia como o joelho ia estar, no entanto ia dizendo ao SD que quando chegássemos a Montemor o desafio estava feito. O SD argumentava que nessa altura ainda faltariam quase 90 km, mas eu mantinha a convicção que lhe fui repetindo de vez em quando.

O problema de termos muita informação é que às tantas antecipamos demais as dificuldades e mesmo tendo parado em Santiago do Escoural, para comer, beber e descansar antes da subida à serra, não consegui transpor a subida a pedalar. Atirei-me a ela com vontade, mas à medida que foi empinando a velocidade diminuiu e a cada pedalada sentia uma picada no joelho. Sensivelmente a meio decidi desmontar e fazer o resto a andar (a andar o joelho não me doía) na perspetiva de chegar a Montemor com o joelho em condições mínimas que me permitissem garantir os 90 km quase sempre a rolar que nos faltariam. Já em algumas subidas antes de Portel eu tinha feito pequenos troços a andar, mas desta vez terá sido mais de um quilómetro. Julgo que o SD terá ficado apreensivo quando parou no fim da subida e me viu aparecer a andar, mas expliquei-lhe a opção e lembrei que quando chegássemos a Montemor estava feito.

De facto, quando avistámos o Castelo de Montemor apoderou-se de mim uma grande alegria e o tal sentimento de que estava feito. Agora eram só 90 km e quase sempre rolantes. Está bem, ainda tinha umas subidinhas até Vendas Novas e a subida no quilómetro final, mas não era isso que nos impediria de terminar dentro do tempo limite.

Foi por estas alturas que cada um de nós assumiu o desafio de terminar antes da meia-noite, de tal forma que diminuímos ao mínimo as paragens planeadas, nem sequer parando em Montemor e seguindo logo para Vendas Novas, onde paramos apenas no LIDL para comprar líquidos e preparar o material para a noite que se avizinhava.

Daí para a frente foi “sempre a dar” com algumas ligeiras paragens para estender a perna e aliviar o joelho. Estava convencido que não ia conseguir fazer a subida para o controlo final a pedalar, mas quando fiz a curva e ela me provocou, não se ficou a rir. Força nos pedais que agora “ou morro ou fico maluco”. Não fiquei maluco nem morri, mas acabei com o que restava do joelho. Aparentemente teria sido uma estupidez, mas o que fez mal ao físico fez bem ao ego. A verdade é que uma semana depois o joelho já não doía e se fizesse aquilo a empurrar a bicicleta nunca mais me ia esquecer.

Foi assim que alguns minutos antes das 24:00 estávamos a entregar os cartões de controlo com um ar estafado mas feliz.

Como calculava, este seria o brevet de 2013 onde iria tirar mais ensinamentos. Para isso foi muito importante e não defraudou as expectativas.

Havia a questão da noite inteira a pedalar, que me deixava apreensivo, mas que foi bem resolvida. Só depois do almoço em Portel senti alguma sonolência.
Havia a questão da distância, que foi ultrapassada, mas mal resolvida por causa do joelho. Há que refletir um pouco mais sobre isto para minimizar possibilidade de repetição.
Havia a questão das costas, das mãos e do “fundo das costas”, que se poderiam ressentir das muitas horas em cima da bicicleta. As costas portaram-se muito bem, sem nenhuma dor, ao que não deve ser alheio o trabalho específico de ginásio que tenho feito. As mãos revelaram alguma dormência e vão merecer alguma atenção na procura de material que amorteça melhor o contacto com o guiador. O “fundo das costas” também se portou relativamente bem, com a conjugação, selim, calções e creme a ter resultados positivos (houve uma reposição de besuntamento cremoso cerca dos 300km).

Para 2014, de acordo com o Plano delineado até 2015, há que aumentar a fasquia, até lá ainda há muito que pedalar 

2013-03-03

BRM 300 - Planícies e Montados - 2 de Março de 2013

Relato do PL:

"E os 300 estão feitos… Quem diria há algum tempo atrás…

Quinze horas e 305 km depois de ter começado a pedalar (a horas demasiado matutinas para o meu gosto: 06:00), eis-me de volta ao complexo de piscinas de Vila Franca de Xira.
Podia haver muito para contar, mas de facto tudo se resume a meia dúzia de palavras (vá lá, onze dúzias e meia, no máximo).

Início noturno em pelotão compacto quase até perto do Couço, segundo ponto de controlo. Daqui até à Barragem de Montargil fui integrando pequenos grupos, mas a partir daí foi um exercício a três (Eu, a Sirrus e o MP3). Foram mais de 200 km em solitário com encontros fugazes nos postos de controlo ou quando por mim passava alguém, o que se tornou cada vez mais raro até Montemor, não tendo encontrado ninguém depois deste ponto. Em Vendas Novas fiz a última paragem para alimentar, ligar luzes e ganhar alento para os quilómetros noturnos que me haviam de levar ao final, onde o Pedro Alves e restante malta dos Randonneurs acolhiam quem chegava com um sorriso e uma palavra de conforto e felicitações. O tempo, embora frio, esteve do nosso lado e não complicou o que já seria complicado.

E pronto, está contado o que havia para contar.
Bem, posso acrescentar que no final estava moído, porque quinze horas no selim não se passam impunemente (na verdade, efetivamente no selim deve ter andado perto das catorze), mas convencido que podia ir mais longe, o que me deixou animado para enfrentar o próximo desafio, já em Maio.

O melhor bocado foi entre Graça do Divor e Montemor, onde o bom piso, o vento favorável e o facto de ser quase sempre a descer, me permitiu andar bem e recuperar a média e ânimo que levaram grandes rombos no troço entre Ponte de Sôr e Arraiolos (o pior bocado), onde cheguei muito cansado e onde podia ter levado um golpe ainda maior no ânimo quando, após ter parado um pouco para comprar líquidos e mantimentos, vou para começar a pedalar e vejo que me tinham desaparecido do topo da bolsa de guiador os cartões plastificados que tinha preparado com o Roadbook. Depois do primeiro impacto (e respetivos impropérios mentais), recompus-me e fui buscar a folha de papel suplente que trazia no porta-bagagens traseiro. É a vantagem de tentar antecipar o que pode correr mal e estar preparado para os imprevistos. Ainda fui uns quantos quilómetros a matutar como é que aquilo podia ter desaparecido, mas acabei por me voltar a focar no desafio que tinha em mãos. 
Depois do merecido descanso (pelo menos eu acho que foi merecido) já estou a pensar no próximo."

2013-02-05

BRM L'Antique 200 - 2 de Fevereiro de 2013

Relatos do SD e TA:

SD:

"214km à L’Antique…

Sábado fiz o meu 3º BRM, o 2º na distância dos 200km mas o 1º à moda antiga. J

Bom, e quê é que distingue este BRM dos restantes? A organização deste Brevet Randonneur Mondial (BRM) programou um percurso afastado do trânsito automóvel e que traz “à memória o espírito e as condições que os Randonneurs do início do século XX tinham de superar quando pedalavam para longe”, segundo Pedro Alves, o fundador da associação Randonneurs Portugal.

A prova “L’Antique 200”, em alusão aos tempos em que percorrer 200 quilómetros era uma grande aventura, trouxe aos nossos tempos o espírito e até algum do sofrimento que provavelmente representava pedalar longas distâncias em estradas… menos cuidadas, para sermos simpáticos.

Com partida às 08:00, cada Randonneur tinha 13h30m para completar o percurso com saída e chegada em Vila Franca de Xira. Com controlos onde era necessário carimbar e com algumas gaitinhas para contar e registar também no passaporte, foi bastante aprazível contudo pedalar por zonas menos povoadas.

Azambuja, Santarém, Golegã, Vila Nova da Barquinha e Constância, foram apenas algumas das terras por onde mais de 50 Randonneurs inscritos à partida se propuseram a percorrer até atingir o ponto de retorno.

Sempre acompanhado dos meus amigos JB e TA, encontrámos neste BRM piso com bom alcatrão, mau alcatrão, muito mau alcatrão e até… sem alcatrão! Ah e um empedrado terrível. Odeio empedrado, pelo menos se estiver de fininha. J Até o troço de 1,5km de terra batida se fez melhor que o empedrado! Já vos disse que detesto empedrado?! J

Contámos candeeiros, registámos o nome de um café, de um quiosque e almoçámos uma reconfortante sopa acompanhada de uma bifana e 1,5lt de, claro, Coca-Cola (1,5lt a dividir por 3, ok?!) numa esplanada ao sol sobre o rio Tejo/Zêzere. Claro, com estas condições, permanecemos por ali cerca de 1 hora mas estávamos conscientes que terminaríamos dentro do tempo. Bom, uns mais conscientes que outros, pois havia até quem pensasse ainda conseguir ir lanchar ao Coimbrão…

De estômago aconchegado, lá prosseguimos, agora pela margem sul. Chamusca, Alpiarça, Benfica do Ribatejo, Muge e Porto de Muge pela ponte centenária Rainha D. Amélia, foram alguns dos locais percorridos no regresso a Vila Franca de Xira.

A apimentar um pouco ainda mais as dificuldades por vezes sentidas no mau piso, saliento ainda a desagradável companhia do vento que embora não sendo muito forte, foi… lixado por vezes. J

Não sei se já vos disse mas eu odeio empedrado. Eu e o material mais sensível, mais rasca, mais fraquinho, de inferior qualidade mesmo! Que o diga o raio da bicicleta do JB. Literalmente, o “raio”! A determinada altura ouviu-se ‘plinnnnn…’ e imediatamente mandei encostar o artista da Giant para ver o que se passava e para nosso espanto, tinha-se partido um raio, no raio da roda do raio da bicicleta do raio do dono! J Com recurso ao canivete suíço, desapertei o resto e removemos o raio da roda (não, essa ficou, foi só mesmo o raio que tirámos!) e assim o nosso companheiro lá prosseguiu mais leve a sua peregrinação. Felizmente a roda não desalinhou. Esta, porque outra roda que desalinhou foi a do nosso amigo TA, pois “TÁ” claro! Mas aqui foi um simples furo, ou o jovem não furasse cada vez que põe a roda na estrada. O curioso foi que se tratou de uma micro-cagagéssima pedrinha!!! Curiosa também foi a sua reparação. Numa primeira tentativa para evitar trocar a câmara, dei ao Tiago uma daquelas latas maravilha anti-furo. Até aqui, tudo “jóia”, o problema foi que quando a lata estava quase no fim, a roda começou a vomitar (literalmente!) espuma de barbear (jovem, quando cheguei a casa tinha um bocado preso na sobrancelha que entretanto endureceu!) pelo metal que, também não entendo porquê, tem uns furinhos!! Que coisa estranha! Nem parece uma Specialized – bom, de facto a roda não é!! Mas a coisa não ficou por aqui pois após trocar a câmara, nem a bomba do TA nem a do JB tinham alcance para um pipo ‘Presta’ que de facto não presta(va) para nada. Lá tive eu de sacar de uma bomba como deve ser (foi a estreia de uma, confesso que também fiquei apreensivo) mas evitámos ter de deixar o TA para trás a soprar no pipo…

Lá prosseguimos juntos, vendo a luz do sol desaparecer enquanto ligávamos os nossos caga-lumes. Desde Alpiarça que tivemos a companhia acrescida de mais um randonneur e que só o foco dele iluminava mais que os nossos 3 juntos, pelo que foi uma boa companhia até ao final. Curiosamente, ainda a semana anterior tinha estado a micar aqueles focos de led e foi como que um test-drive para o que irei comprar em breve. 1000 lumens com led cree é brutal!!

A chegada a Vila Franca de Xira, fez-se já de noite, eram 19:45.

Foram 11h45m de BRM para 8h58m a pedalar, o que representou um total de 2h45 de paragens. Excessivas, é um facto mas controladas, algumas necessárias e outras muito aprazíveis.

Pessoalmente percorri 214,37km, a uma média de 23,8km/h, com alguns pouquinhos enganos à mistura. J

No final, posso congratular-me por nunca ter percorrido tamanha distância com o corpinho tão bem tratado, apesar do piso muito irregular. Foi a estreia da ‘nova’ máquina nestas distâncias e está aprovadíssima!

Venha o próximo BRM, já no mês que vem e com ele, mais companhia para mais uma participação Just4Fun."

TA:

"E afinal surgiu mais um risonho – quer dizer, no final era mais um esgar de sofrimento do que um sorriso – no BRM200 L’Antique! Foi mesmo uma sova à antiga em que a menor das dores terá vindo dos 2km de terra.

O meu pensamento principal antes da prova (ou provação) era tal qual um Alcoólico Anónimo “já não pedalo à 2 meses e 2 dias”.

Às 8.05h, depois do JB ter adicionado pela 3ª vez o impermeável à sua indumentária, partimos para um percurso que a Organização indicava percorrer todo o tipo de pisos:  estradas  nacionais, estradas municipais (a maioria até em bom estado mas quando tinha buraco…), caminhos agrícolas asfaltados (qb), pavé (uuuuuuiiii, o meu… tudo)  e até estrada de terra batida (depois de tudo o resto foi pra meninos). Ao todo eram 55 bravos que causaram alguma apreensão aos elementos organizadores dada a dimensão do pelotão.

Ao contrário dos outros BRM que têm VF Xira como Quartel General, o percurso levou-nos a experimentar a margem norte do Tejo: Carregado, Azambuja, Porto de Muge (onde tínhamos de atravessar um extenso pavé) e a ascenção a Santarém onde se encontrava o 3º posto de controlo e onde fizemos uma pausa para abastecer de açucares, cafeína e o que mais nos ajudasse. Felizmente a chuva que caiu foi muito pouca mas o vento, quase sempre de frente, não permitia médias mais elevadas. Até este momento apenas havia a registar a corrente que tinha saltado da minha montada.

A saída de Santarém dá-se por uma descida em pavé que me deixou e ao SD meios abananados pois erradamente seguimos por uma subida (e ‘alimentados’ pela indicação de um velhote que nos disse de passagem que os nossos colegas já iam muita lá para a frente…) em vez de atravessar a linha de comboio, uma constante neste BRM. Felizmente o SD tinha o percurso GPS carregado e o erro apenas gerou um desvio de 1,5km. Continuamos a deslocação rumo à Quinta da Cardiga onde desta vez o SD e o JB, entretidos na conversa, quase falhavam o desvio. Após o Controlo (com recurso a pergunta), fazemos os 2km de terra batida, bastante mais confortáveis que uma boa parte do percurso dito asfaltado, em direcção à vila de Constância (felizmente mudou o nome, anteriormente era conhecida como Punhete!), recorrendo muitas vezes a percursos usados no BRM existente o ano passado e com partida de Santarém. Depois de mais uma passagem sobre o pavé em direcção ao Centro Histórico  da terra que deu residência a Luís de Camões, carimbámos mais um Controlo e sentámo-nos numa esplanada virada para o Tejo para repor energias. Metade do percurso estava feito e eu já dava alguns sinais de cansaço.

Quase uma hora depois, arrancamos para refazer o pavé, agora a subir, pela N118  na margem Sul do Tejo num sobe e desce que o vento ajudava a transpor. Mais uma fuga da nacional para caminhos menos próprios, desviando-nos do Vale dos Cavalos e dirigindo-nos a Alpiarça em que quase falhávamos o posto de Controlo. O GPS é muito útil mas as indicações em papel também J Nesta altura não me sentia com grande disponibilidade para acompanhar a pedalada do SD e JB e disse para irem andando. Recusaram-se a ir sem mim (sorte malvada eheh) e juntou-se um 4º elemento, o Nuno. Seguiu-se Almeirim onde o BRM de Santarém cortava para o final, nós seguiríamos para Sul para cruzar o rio em Muge, não sem que eu não tivesse o meu furo da praxe (atrás para chatear ainda mais). Para não perdermos tempo, o SD sugeriu usar o spray que… nos fez relembrar o Natal: não sei bem porquê a jante tem dois furinhos (será para escoar água?) por onde saiu a espuma toda. Não tendo funcionado, lá trocámos a câmara de ar. Só à terceira bomba é que conseguimos encher o pneu (parece que consigo sempre acertar em material não standard: desta vez o pipo era curto LOL). Para atravessar o rio usámos a ponde Rainha Dona Amélia, uma ponte com sentido reversível mas com bermas para permitir a passagem de peões e bicicletas (por sinal, em muito mau pois o corrimão estava todo torcido reduzindo o espaço de passagem).

A partir daqui o percurso era idêntico ao inicial, pelo que já de luzes acesas, passámos pelo empedrado de Muge e onde temos novo problema técnico: o JB parte um raio da roda traseira. Seguimos o restante trajecto já de noite e eu arrastava-me para conseguir manter-me com eles. Passávamos então no sentido inverso, Vila Nova da Rainha, Azambuja (paregem para a última barrinha), Carregado (em que fugíamos de novo às vias principais) para volver à EN1 e subir até ao Pavilhão após quase 12 horas desde a partida (seguramente duas horas a mais que os meus companheiros faria se não me levassem às costas).

Como dizia no Sábado, nesse dia no meu pensamento apenas tinha a ideia de NÃO ir ao BRM300. Dois dias depois já estou repensar a coisa, pode ser que consiga rolar qualquer coisa neste mês.


Muito obrigado ao SD e ao JB por partilharem as vossas rodas."

Travessia Natalícia - 22 e 23 de Dezembro de 2012

Relato do SD:


"Como previsto, juntei-me aos já 2 habituais companheiros destas andanças e partimos para a Travessia Natalícia Just4Fun 2012. J

Estava planeado irmos de comboio até à Azambuja e como todo o bom planeamento… correu conforme o esperado. Às 7:43 de sábado, eu e o Pedro Roque (Velocipédia) embarcávamos em Sete Rios, depois de termos vindo a pedalar cada um de sua casa. Duas estações depois, Roma-Areeeiro, era a vez do amigo João Bronze se juntar a nós.

Uma hora depois, chegámos à estação da Azambuja onde demos início ao traçado que nos levaria nesse dia até Torres Vedras.
Sob uma temperatura amena e com ausência de chuva, apesar do tempo algo cinzento, rapidamente abandonámos o asfalto para… experimentar a lama da lezíria da Azambuja. Para quem se lembra do caminho do peregrino que nos levou já a Fátima, lembra-se de uns estradões de bom piso. Pois bem, estes estavam agora transformados em vastos lamaçais. Rapidamente passámos de imaculados com as nossas bicicletas e alforges para, digamos, todos cagados!

Felizmente, o terreno mais enlameado encontrava-se no início do percurso, o que não deixou de causar alguma apreensão pois não sabíamos o que iriamos ainda encontrar. Instantes depois, fazíamos uma habitual paragem junto a um café, onde além de comer, se tirou também alguma lama de cima dos desviadores e se efetuou o primeiro post no facebook…

A partir daqui, o terreno foi melhorando e a travessia decorreu com toda a normalidade. Voltámos a parar em Aveiras de Cima, onde além de umas fotos carregadas para o ciberespaço, utilizámos também a hotelaria local para forrar os nossos estômagos.

Pela frente, teríamos a Serra de Montejunto como maior dificuldade do dia e rapidamente chegámos até ela. Com vontade e algum esforço, chegámos perto dos 500m de altitude onde parámos num miradouro para fazer algumas fotografias.

Até Torres Vedras, tínhamos agora alguma descida em alcatrão, vencida a boa velocidade como mandam as regras…

A chegada a Torres foi feita por um engraçado single-track e seguidamente, pedalámos através da estação de comboios para encontrar a Carolina que nos esperava do outro lado. Eram 16h e era o fim do primeiro dia desta travessia. Comemos qualquer coisa no café/bar da estação e despedimo-nos do João Bronze no posto de lavagem, após termos devolvido ao nosso equipamento o brilho merecido.

Com o material lavado, segui com o Pedro Roque para a Residencial dos Arcos, onde guardámos as bicicletas na garagem e nos instalámos confortavelmente no quarto. Banho tomado, esqueleto esticado e descansado sobre a cama e saímos para jantar qualquer coisa. Sem muito para fazer, preparámos o dia seguinte e démos em seguida algum descanso ao corpo.

A partir daqui, a travessia decorria a 4 rodas, mas a 2 bicicletas…

Às 8:30 do dia seguinte, sentávamo-nos para tomar o pequeno-almoço na Residencial. Pouco passava das 9h quando nos fizemos ao caminho, não sem antes irmos comer um típico pastel de feijão desta bela localidade, onde aproveitei também para comprar uma caixinha deles pois há que compensar o pessoal lá em casa, nesta quadra… ;-) Os primeiros km’s feitos à saída de Torres Vedras foram feitas por uma ecopista, com bom piso e sem grandes dificuldades. Como previsto, a temperatura continuava amena e a chuva continuava arredada, apesar de um céu muito cinzento por vezes.

Comparativamente com o dia anterior, as dificuldades sentidas foram maiores, tanto no que toca ao terreno como à altimetria. Houve mais momentos de lama do que no dia anterior e houve até quase que um tombo dentro de uma grande poça. Foi um daqueles momentos de quem vai atrás lamenta não levar a câmara ligada. Sem qualquer tipo de consequência, a não ser para um sapato completamente “castanho” e uma mala do alforge parcialmente molhada, seguimos caminho.

Instantes depois, parávamos para tomar qualquer coisa num café com um chão imaculado. Isto antes de entrarmos, claro. A despesas de 2 cafés nem deve ter compensado o necessário passar de esfregona no chão…

A dificuldade do dia, tardava. Como tal, aproveitámos para parar num junto ao mercado da Malveira. Na esplanada, aquecemo-nos com umas excelentes sopas “saloias”, servidas numas grandes tijelas. Que bem que souberam estas sopinhas. As sopas e os pregos que se lhes seguiram! De estômagos forrados, montámos nas burras para percorrer 10 metros, a distância necessária até pararmos na fábrica de trouxas, outra iguaria que viajou numa segunda caixa nos meus alforges diretamente para a mesa de Natal lá de casa…

Os momentos que se seguiram, permitiram-nos rolar ao mesmo tempo que acamávamos o que ía no estômago, pois o Cabeço de Montachique estava perto. Estava perto e rapidamente chegou e empinou de tal maneira que a última subida já não era compatível com os alforges (ou não seria compatível com a perna?). Vencida esta última dificuldade do dia, havia que descer no meio de algum nevoeiro.

Atravessámos Loures e seguimos até Sacavém por caminhos não asfaltamos mas não muito mal tratados. Daqui, seguimos para a Expo e daí, apanhámos as ciclovias que nos conduziram até Benfica onde nos separámos. Não conhecia toda este caminho de ciclovias mas fiquei bem impressionado, pois o mesmo já nos permite atravessar Lisboa de uma ponta a outra.

De Benfica, segui a pedalar para casa, onde cheguei às 17h.

Em jeito de resumo, foi um grande fim-de-semana, passado em boa companhia a percorrer trilhos desconhecidos. O tempo ameno e sem chuva ajudou e a lama deu algum colorido a esta época festiva. J

Venham mais iguais a estas…

Sábado, 91,5Km com 1423m acumulado.
Domingo, 93km com 1592m acumulado."

Skyroad Granfondo - Outubro 2012


Relato do JB: 
"Estava bastante entusiasmado com este evento SkyRoad, uma vez que ia pedalar por zonas que não conhecia e por ser também um evento que decorria em estrada. Aproveitei para levar a máquina fotográfica e tirei umas fotos que podem ver no FB.

A viagem iniciou-se na sexta em direcção ao Coimbrão, onde descansámos umas horas, pois o despertador tocou às 5.15.

A bike Giant e a "S" do Sérgio já estavam dentro da carrinha e por isso era só arrancar, mas não foi bem assim. A carrinha estava "morta" e  tivemos de ligar uns cabos para ver se ela ganhava vida...E ganhou e assim lá fomos até à padaria mais próxima (a do meu pai) para levarmos uns pães quentes para a Lousã.

A viagem foi rápida e às 7.20 já estávamos a levantar os dorsais e os sacos com as ofertas. A caminho do secretariado, reparámos que estava um calor estranho e ambos começámos a bater o dente.

Quando a buzina soou estávamos nós a ir para a grelha de partida, mas isso não foi problema, pois passados uns minutos já estávamos no pelotão. Os primeiros kms foram feitos sempre a subir e de repente passam os "meninos" da equipa profissional do Tavira num ritmo supersónico que até abanámos.
A subida deu para aquecer bem e por volta do 30 km tínhamos o primeiro abastecimento. Parámos, bebemos e comemos qualquer coisa ao som de uns tambores característicos daquela zona mas como era uma zona ventosa tivemos de ir rapidamente para a estrada para aquecer. E aquecemos, mas de repente sentimos um ventinho que ao virar certas curvas ficava forte e fresco. Reparei que já estávamos a pedalar acima dos 800 metros e as antenas que se avistavam a rodar a grande velocidade queria dizer isso mesmo. A paisagem era espetacular, o sol era uma constante, de vez em quando aparecia o nevoeiro que dava um ar especial a certas partes do percurso.
Continuámos a subir, estradas com óptimo piso, carros nem vê-los (excepto os da organização), mas víamos motas. Estas motas, umas da organização outras da BT GNR acompanhavam-nos ao longo da subida. Aproveitei para meter conversa com um motard da GNR e perguntei-lhe se queria trocar, mas ele só concordou fazer essa troca no final da subida. Esperei por ele no final da subida mas ele não estava lá :))))

Depois de uma subida, há uma descida e neste caso que descida...era a descida para a barragem de Santa Luzia. Umas curvas que mais pareciam rectas e um belo lago iam prendendo a nossa vista. Aproveitei para consultar as minhas notas e verifiquei que se estava a aproximar um muro. Ah pois é, toca a subir quase 2km com uma inclinação média de quase 12%. Nesta subida estavam muitos ciclistas e fui ultrapassando alguns sempre com o SD por perto. Tínhamos feito 60km e o corpo estava a reagir bem ao desgaste e lá continuámos serra acima em direcção à Pampilhosa da Serra onde chegámos com 75km nas pernas.

Chegámos à Pampilhosa, mais um abastecimento com muita variedade de comida. Tentei não ficar ali muito tempo, pois estas paragens dão cabo de mim. Consultei novamente as minhas notas e verifiquei que tinhamos de enfrentar uma subida de 5,3km a 6,7% de inclinação média e pensei "tá-se bem!". Pedalámos aí uns 200 metros e de repente paralelo e depois sem avisarem "zás" uma parede com alguns metros com 20%. Fiquei todo baralhado e até os bolos vieram ao cérebro...esta não estava nas minhas notas. O SD já devia estar avisado, pois ele subiu aquilo com alguma tranquilidade. Entretanto entrámos numa estrada larga lá continuámos no nosso ritmo e até alcançámos um conhecido meu e fomos pondo a conversa em dia. Distraí-me um pouco e o SD estava a ficar ligeiramente para trás. Pensei que ele tivesse comido demais e como íamos a subir, o "lastro" do seu corpo estava a fazer com que ele ficasse mais afastado....

Percebi que o SD estava a "quebrar" e então fiquei com ele. Apesar de se ter alimentado o corpo não estava a reagir (cá para mim o problema era da "S" lol). Chateou-me para eu ir ao meu ritmo, mas ao contrário do que ele pediu fiquei com ele. SD, não és mais chato do que eu :)))))))))))

Estava a ficar calor, a pedalar numa estrada nacional, grandes rectas, carros poucos ou nenhuns e eis que vê-mos a placa dessa especial localidade de Picha, isto queria dizer que já tínhamos nas pernas (e no resto do corpo também) 100 km e que da Picha até à Lousã era "quase" um tiro. Mas para chegar à Picha tivemos alguns obstáculos que foram a inclinação da entrada na aldeia e o seu piso em paralelo. Lá conseguimos chegar e tivemos de parar na Picha, pois havia abastecimento....
Depois do abastecimento, 200 metros a seguir uma placa a indicar outra bela localidade com o nome de Venda da Gaita....muito bom!

A seguir à Picha fomos em direcção a Castanheira de Pera. Tínhamos de pedalar cerca de 10km a 3.5% de média por uma estrada estreita, no meio de pinhal onde oxigenámos os pulmões.
Chegámos a Castanheira de Pera e mais um abastecimento. O SD aproveitou para provar de quase tudo um pouco e eu também lol.
Estávamos com cerca de 120km nas pernas e só tínhamos de vencer esta ultima subida  e que subida...aqui a organização brindou-nos com umas placas de informação dos kms que faltavam até ao final da subida e a sua inclinação média. A estrada era fantástica e como íamos a subir dava para observar a fabulosa paisagem. Ao virar de uma curva reparo novamente numas eólicas, olhei para o GPS e verifiquei que estava novamente perto dos 1000 metros. Que espectáculo!!!

A subida acaba e o SD já estava novamente com a energia toda e lá fomos em direcção à Lousã. Foram 20 km sempre, mas sempre a descer. A organização disponibilizou os locais onde devíamos ter atenção por serem perigosos e ao longo destes 20km estavam assinalados alguns, como por exemplo, curvas bastante fechadas, piso irregular, folhas nas estradas, trânsito em sentido contrário e já perto do final umas lombas...
Eu e a minha GIANT aproveitámos esta longa descida para queimar as ultimas energias e para desfrutar da paisagem, da adrenalina e da enorme satisfação de termos tido um dia FANTÁSTICO!

Lá cortei a meta com  07h 04 e pouco tempo depois lá vinha o SD, com uma cara de enorme satisfação.

A organização foi espectacular. Ao longo do percurso fomos tendo sempre a companhia das motas da organização, os abastecimentos não sofriam da chamada "politica de austeridade", nos cruzamentos, nas descidas, nas zonas perigosas tudo muito bem sinalizado com pessoas  a avisarem-nos através de bandeiras, tivémos direito a música, a incentivos por parte das populações e tivémos um amigo especial que se chama São Pedro que proporcionou um dia espectacular de outono.

Como o SD já disse na sua crónica e até tínhamos comentado isso durante o evento do GrandFondo, temos de voltar um dia destes com a malta dos Just4Fun. Temos os tracks, por isso é só marcar na agenda. Acreditem, que vale mesmo a pena!!!!

Obrigado SD pela companhia e para o ano estamos lá quer tu queiras ou não :)))))

Um abraço

JB & GIANT


Aqui vai o resumo do dia:
Distância:
154,78km
Veloc. Média:
20,9 km/h
Ganho de elevação:

3.207 m
Tempo:
7:23:43
Tempo Movimt.:
6:42:36
Elapsed Time:
7:23:43
Veloc. Média:
20,9 km/h
Avg Moving Speed:
23,1 km/h
Veloc. Máxima:
79,7 km/h

Elevação
Ganho de elevação:
3.207 m
Perda de elevação:
3.148 m
Elevação mín.:
128 m
Elevação máx.:
995 m

e ganhei também uma ligeira constipação que o GPS não registou :)))))"