2009-01-19

Arruda-Montejunto-Arruda

Dois elementos (FF e PL) marcaram presença neste evento, como comprova a foto abaixo ;-)
Se clicarem na imagem vêem toda a variedade de cores de lama que existe entre a Arruda e Montejunto, num efeito muito artístico ;-)

Aqui fica o relato do PL:

"A montanha pariu a lama.
É assim mesmo, sem papas na língua.
A sabedoria popular diz "a montanha pariu um rato", mas neste caso aplica-se uma versão diferente.

A minha expectativa era muita, já que a vontade de subir a Montejunto já vinha de longe e o Sábado até parecia indicar que iam estar boas condições para a prática da modalidade, mas infelizmente no Domingo assim que saí de casa verifiquei que a versão dos acontecimentos ia ser outra. Neblina acompanhada de chuva-molha-tolos (ou o inverso) quase todo o dia, com excepção de breves minutos já no regresso, estragaram o que prometia ser um belo passeio. Não vi paisagens, não vi trilhos, só lama e pedras e lama e pedras e lama e mais lama e ainda lama. Estivemos a um pau de fósforo de vir por estrada desde Montejunto, mas a dúvida sobre o caminho a seguir levou-nos a completar a volta seguindo o track.

Bem, mas nem tudo foi mau, os trilhos quase todos prometem muito, mas em tempo seco. Ontem, nos trilhos potencialmente mais engraçados, apenas conseguia ter atenção àquela meia dúzia de metros à frente da roda para tentar manter-me na posição vertical.
A ida até ao sopé da Serra foi a parte que gostei mais, mas já se sabe: eu gosto é de rolar.
O início do ataque à Serra foi feito por um estradão largo, muito longo e muito inclinado, para fazer "devagar e passo certo", mas depois disto veio a parte mais complicada, com muita lama e pedra, numa mistura explosiva que obrigou a muito empurra-bike, quer a subir quer a descer. Acredito que estivemos no alto de Montejunto, porque estivemos a bem mais de 600m de altitude, ao pé das antenas e junto a um painel de azulejos que indicava as atracções turísticas do topo da Serra, mas não se via um palmo à frente do nariz.

Quando pensávamos que agora vinha a parte melhor, porque era a descer, tivemos uma desilusão, dado que a descida era muito complicada, com muita lama e muita pedra, que nos obrigou a vir de empurra-bike a descer, o que ainda é mais frustrante que a subir. Por diversas vezes tentei montar-me, mas não havia condições. Além do risco para o corpinho (e respectivo esqueleto), a determinada altura tínhamos que andar constantemente a limpar a lama que nos prendia as rodas.
Quando atingimos asfalto estivemos a conferenciar, mas por via das dúvidas fomos seguindo o track na expectativa de chegar a um ponto com indicações para a Arruda. Fomos andando assim até que já faltavam menos de 10 km para o final e decidimos continuar no percurso, que entretanto tinha abandonado os trilhos mais enlameados (pensávamos nós).
Já com Arruda no horizonte ainda nos meteram numa vinha e mais uma vez tive que tirar quilos de lama das roda para poder andar. Estava eu neste trabalho e a dizer mal da minha vida quando uma senhora começa aos gritos a dizer que aquilo não era caminho público, que era serventia da fazenda e não era para fazer corridas.
O Fernando ainda começou por pedir desculpa, mas a mulher continuava a refilar e às tantas já não lhe ligávamos, o que a deve ter chateado, porque começou a falar em ir buscar uma enxada. Aí eu comecei a ficar desconfiado e tentei acelerar o processo de remoção de lama, mas ela lá esclareceu que era para abrir um rego para dificultar a passagem. Ora isso é que ela tinha feito bem, mas tinha sido melhor na altura em que andaram a fazer os reconhecimentos. Como continuávamos sem sair do raio de acção da gritaria terminou com um: "Se soubessem o que a vida custa não andavam nessas coisas. Vão mas é trabalhar!". Afinal aquela gritaria tinha o patrocínio d'Os Contemporâneos. ;-)
O Fernando entretanto concluiu que ela deve ter estado ali todo o dia à nossa espera. Eu digo que se calhar fomos nós os únicos que lhe proporcionámos audiência, porque estávamos ali atascados.
O melhor do dia foi o convívio que estas actividades proporcionam. Não havendo classificações nem objectivos que não fossem chegar ao fim ainda de dia, vamos juntos o tempo todo, embora ontem não desse para falar muito, pois não havia muitos locais onde se pudesse ir lado a lado.
De registar com agrado que isto nem é um passeio organizado e que o preço foi zero euros, com direito a banho e a alguma assistência da MotoReis.
Tivemos azar com o tempo, porque senão estaria aqui provavelmente a dizer maravilhas da volta. (foto http://trilhossemfim.blogspot.com/)

Para os registos foram cerca de 82 km em mais de oito horas, o que dá uma ideia da dificuldade de progressão, mas no final ainda havia muitos carros sem bicicletas no parque, pelo que havia ainda muito pessoal no percurso. Registei mais de 2000 m de acumulado positivo."

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