2011-03-21

Brevet Randonneurs Mondial, Tejo-Sorraia-Tejo, 213.819m, 26 de Fevereiro de 2011

Relato do SD:

"Como previsto, PL, SD, TA, JP e NMC completaram os mais de 200km da primeira prova dos Randonneurs em Portugal.

Os 214km foram completos em 8:30. Houve 2 furos (TA claro e desta vez também NMC) e o NMC fez quase a totalidade do percurso com dores no joelho mas provou ter espírito Just4Fun. No fim, mesmo com dificuldades, terminou com “carinha sorridente”, como é apanágio do nosso grupo.

A chegada a Vila Franca de Xira, decorreu já noite cerrada. Não foi muito agradável fazer a Recta do Cabo com trânsito, desvios causados por obras, mau piso na berma… mas nada fez parar 4Funner’s! Parabéns malta e obrigado pela vossa companhia. Só gostava de poder contar convosco na próxima distância mas sozinho não sei se irei. Logo se vê."

Relato do PL:

"O pára-quedas lá abriu e eu consegui aterrar de pé.
A pancada foi forte, porque as pernas ainda se queixam de vez em quando, mas está tudo no normal caminho da recuperação.
Mas porque é que insisto em fazer pára-quedismo em eventos de ciclismo? ;-)

Como dizia o JP, que me acompanhou durante 200km, foi um bom treino para as 12h. No meu caso devia ser para as 24h, mas como não devo conseguir andar muito mais que as tais 12h ficamos quites ;-).

A partida atrasou um bocadinho, porque às 8:00 ainda estava tudo de volta do “bife” e quando este acabou (pelas 8:10), como parecia que o pessoal estava com pouca vontade de começar a pedalar, eu enchi-me de brios e lancei-me ao caminho com o habitual: “Vou andando, que vocês já me apanham...”
Eu gosto de cumprir horários e sabia que minutos perdidos aqui iam-me fazer falta no final do dia.

Acabei por fazer a Recta do Cabo sozinho e a bom ritmo e o pessoal só me apanhou já depois do Porto Alto. Como é sabido, as minhas pilhas duram cerca de uma hora e foi o que voltou a acontecer. Quando o pessoal me apanhou, o JP colocou-se a meu lado e fomos um bocado a falar e às tantas demos por nós a puxar um grupo comprido. Ora ia um coxo e um gordo em máquinas de BTT a rebocar os “rodas finas”, o que não parecia lá muito bem. Cheguei-me para o lado e deixei-os passar, só que passado pouco tempo o “elástico” partiu e nos quilómetros seguintes os outros transformaram-se em pequenos pontos fluorescentes, que se iam afastando continuamente até desaparecerem ao fundo das longas rectas a caminho de Coruche.

O JP ficou para trás e acabámos por recrutar um roda fina que ia só, mas com uma pedalada parecida com a minha. Depois de alguns quilómetros de rotação aleatória (quase sempre a dois), o JP lá deu ao neófito umas breves lições de como se troca na frente do grupo e o trio passou a funcionar que nem um relógio. Até parecia o “Trio Admira”. “Admira” porque eu ia admirado com a velocidade a que “ainda” estava a rolar, para quem já tinha esgotado as pilhas umas dezenas de quilómetros atrás. Na aproximação a Mora, as pilhas deram o bafo definitivo e a paragem dos 88km veio mesmo a calhar. Anteriormente já tínhamos parado uns minutos nos arredores de Coruche para o pequeno-almoço, afinações mecânicas, deixar “lastro” e ligeira recuperação.

Em Mora encontrámo-nos esporadicamente com os outros Just4Funners e até partimos ao mesmo tempo, mas indo a navegar à vela, não tinha velocidade para acompanhar o “comboio” e fiquei para trás ainda no interior da localidade, seguindo num ritmo mais consentâneo com a (minha) realidade. O JP voltou a ficar para trás e fizemos o percurso até Montemor quase sempre sozinhos a uma velocidade que para mim era exigente, mas não esgotante, mas que para o JP era de passeio. Foi a parte que gostei mais do percurso, apesar de ser teoricamente a mais difícil. O ritmo permitiu apreciar as paisagens e o dia soberbo que estava e a estrada tinha muito pouco movimento.

Em Montemor voltámos a encontrar os outros no Posto de Controlo, mas repetiu-se a rotina quando voltámos a pedalar. À passagem por Vendas Novas decidimos não parar para a prometida bifana, porque a distância desde Montemor era pequena e ainda tínhamos muitos víveres. Optámos por parar na rotunda de Pegões, numa esplanada de onde foi muito difícil arrancarem-me. Estava um final de dia esplêndido e finalmente tinha conseguido sentar-me num local cómodo e com encosto, mas faltavam cerca de 50 km, pelo que lá tive de me fazer à estrada. Nesta paragem juntaram-se a nós o SD e o NMC, que vinha com um joelho a ameaçar falência e se via aflito para suportar as médias dos rodas finas.

Até ao final foi rolar a uma média ligeiramente abaixo dos 20 km/h, de modo a manter o grupo unido (ou pelo menos em linha de vista). Para o JP e SD ia muito lento, mas para mim (nesta altura) ia “no ponto”. Eu gosto é de rolar, mas estes quilómetros, quase sempre planos, foram algo massacrantes, dado que foram raras as vezes que não tivemos de pedalar.

A Recta do Cabo à noite foi uma experiência péssima, mas no final cumprimos o objectivo, mais de duas horas antes do fecho do controlo.

E pronto, para mim está feito o primeiro e último BRM deste ano. No meio da “overdose de adrenalina” falava com o JP sobre a possibilidade de conseguir fazer o de 300km, mas em Pegões já agradecia o facto de este calhar na data das 24h de Abrantes, não fosse dar-me uma coisinha ruim e inscrever-me. É que nessa altura, com cerca de 160 km feitos ainda faltariam outros 140 e não consigo imaginar como iria percorrê-los.

Boa sorte para quem continuar a saga, que me vai passar ao lado, mas o facto de termos concluído o primeiro BRM em Portugal já ninguém nos tira.

Just4Fun, mais uma vez na crista da onda ;-)"

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