2010-05-11

Idanha-a-Nova / Zarza La Mayor - 8 de Maio de 2010

Relato do TA:

"Às 5:15h arrancava de casa após pouco mais de 3 horas de sono. Tudo a postos para mais uma maratona que me tinha ficado na retina após ler a reportagem no ano passado. ‘Como é que aguentas fazer isso?’ era a frase que me martelava constantemente na cabeça (por entre sonoros bocejos ao estilo do Chewbacca), a frase com que a minha mãe se tinha despedido de mim na noite anterior… ‘Eu sei lá!’ foi a minha resposta para todas elas.

Às 7:30h cheguei a Idanha-a-Nova. Apesar de já irmos adiantados na Primavera o dia amanheceu bastante nublado e fresco e já tinham caído alguns aguaceiros. Antes assim para a temperatura não subir demasiado. Mais uma vez tinha a companhia de 2 funners: o Sérgio Duarte e o João Bronze o que é sempre bom para quando as forças começam a falhar. A partida foi pontual e bastante animada ao som de gaitas-de-foles. Após uma pequena volta pela vila que incluía a descida por um dos seus ex-líbris, a calçada romana (sempre com cuidado pois estava escorregadia e o aglomerado de maratonistas não permitia grandes aventuras), rapidamente nos metemos na terra que se encontrava na sua maioria seca e com muita pedra e rocha à mistura. Em algumas descidas ainda pensei que os gaiteiros nos acompanhavam mas afinal era a chiadeira dos travões molhados. O percurso inicial apresentava-se bastante acessível com muito sobe e desce fácil de percorrer e bastantes single-tracks por entre campos de pastorícia e aos 32km chegávamos ao 2º abastecimento também ele animado por um grupo folclórico.

O percurso até ao abastecimento seguinte foi um pouco mais penoso pois era um single-track que exigia alguma perícia devido ao constante serpentear a que as pedras obrigavam num espaço tão curto e que, por diversas ocasiões, nos obrigou a desmontar para ultrapassar algumas rochas de maiores dimensões. A paisagem, essa, era fantástica: o rio mesmo ali ao lado, com alguns rápidos que o tornavam audível, acompanhou os participantes por largos kms. No terceiro abastecimento, em Salvaterra do Extremo, tive de corrigir o encaixe de um dos sapatos que tinha ficado torcido, fruto de uma queda nas pedras (parece que arranjo sempre maneira de travar conhecimento com o chão de uma maneira mais pessoal).

A saída do 3º abastecimento dava-se por uma descida serpenteante em alcatrão e na última curva o SD não evitou uma queda devido à areia e ao piso molhado. Eu ia tendo a mesma sorte e acho que, se lhe acertasse, acabávamos os dois no rio. Felizmente sofreu apenas alguns arranhões.

De novo na terra passámos pela zona mais técnica da prova: uma descida, também ela serpenteante, mas desta vez em rocha. Aqui demorei-me mais pois tinha pastilhas de travões novas que se apresentavam pouco progressivas o que me fazia bloquear as rodas inúmeras vezes. Novamente com o rio a acompanhar-nos mesmo ali ao lado teve-se de novo de desmontar para subir alguns degraus talhados na rocha. Só pensava que nesse mesmo dia em Alfama também se faziam degraus mas no sentido inverso… Após esse sobe e desce menos ortodoxo, cruzámos uma ponte e passou-se a ‘hablar en castelhano’ para ir picar Zarza, 3º posto de controlo e nova zona de abastecimento. Estava percorrido metade do caminho.

A partir daqui o percurso foi feito quase sempre debaixo de uma chuva ténue. O single-track deu lugar a estradões, alguma lama e a umas poucas travessias de água. A pedra também voltou a surgir e os rins começaram a queixar-se (se calhar o peso cada vez maior dos reforços que ia acumulando nos bolsos não ajudava). Do meu lado também dois pulsos mal curados faziam o seu queixume nas zonas mais acidentadas.

Praticamente no final tivemos direito a uma subida bem comprida em alcatrão onde perdemos o contacto do JB. No final desta eu e o SD recuperámos os rins com alguns alongamentos e voltámos à terra para mais uma zona de rochas escorregadias. Até a pé quase caíamos.

A provação final deste passeio é terminar por onde começámos: a mítica calçada romana. Colocando a relação mais modesta, subimos por ali acima com os rins a queimar a cada volta do pedal. A meta estava mesmo ali ao virar da esquina: «‘Bora lá» como animavam as tabuletas de orientação.

No final, um banho ‘revigorante’ (mais frio que a chuva que nos acompanhou) e um repasto retemperador (porco no espeto com arroz, batata, salada, pão, cerveja, refrigerantes, fruta e café).

Pontos Positivos: A organização: pontual na saída e muito prestativa para além de ter apresentado diversas animações pelo percurso; as orientações: para além de extremamente bem posicionadas têm o condão de animar a cada curva com aquele «´Bora lá» típico (e não só indicam as descidas mais perigosas mas também as subida mais íngremes); os abastecimentos: bastantes e diversificados na oferta (água, sumos, iced tea, bebidas isotónicas, fruta, barras energéticas, gomas, croissants…) para além de animados com as gentes da terra sempre muito cooperantes; a refeição: muito agradável em qualidade e quantidade para quem tivesse estômago para repetir.

Pontos Negativos: O banho frio: saí dos balneários a tremer. E já agora, incluíam no souvenir as fotos (que já estão impressas). Estavam à venda por 3 EUR mas duvido que, caso os atletas não as comprem, tenham alguma utilidade…

Dados da prova:
Distância: 102km
Acumulado: ?m
Tempo: 7h:39m15s (6h46m41s a pedalar)
Velocidade média: 15,11km/h
Velocidade máxima: 55,64km/h
Calorias: 4383 Kcal"

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