2010-05-24

Alvalade-Porto Covo-Alvalade - 16 de Maio de 2010

Relato do TA:

"Finalmente uma noite razoavelmente bem dormida antes de me fazer à estrada (ou à terra neste caso). Desta vez pernoitei na casa de família do Rui Pinto, a minha única companhia neste evento, e que já tinha servido de Quartel-general na edição (falhada no meu caso) do ano anterior. Não fosse ter acordado umas poucas vezes pela mão (literalmente falando) da minha pequenota e tinha sido uma noite santa…

Alvorada às 6:40h e já com pequeno-almoço tomado, seguimos para Alvalade para levantar os dorsais, juntamente com as lembranças: 2kg de arroz (já tradição), uma t-shirt e uma pala para o carro alusiva ao evento.

Às 9 horas o numeroso pelotão arrancou debaixo de um céu azul. Finalmente o S. Pedro fez as pazes com os BTTistas e ofereceu-lhes um dia solarengo. O grupo arrancou bastante rápido e pouco depois rolava-se numa enorme nuvem de pó. Sentia-me bem e pouco depois perdi o contacto com o Rui. Entre estradões de terra e pedra solta, bancos de areia e um ou outro pedaço de alcatrão rapidamente cheguei ao primeiro abastecimento. A oferta não era muita e a paragem serviu apenas para comer meia laranja e reabastecer de água. Seguiu-se em direcção a Vale de Água, o 2º abastecimento que distava apenas 6km de distância pelo que nem sequer parei. O abastecimento seguinte era a Barragem de Campilhas à qual se acede por um single-track fácil mas bastante cerrado e com algumas travessias de água. Os metros que antecediam a chegada à Barragem, local bastante bonito e que costuma concentrar bastante público, transformavam um caminho largo e rolante num single-track com acesso através de duas curvas a 90º que, juntamente com a grande concentração de atletas parados mesmo à chegada da zona de abastecimento, obrigavam todos a seguir a passo. Achei que seria preferível e até mais espectacular se permitissem o acesso à ZA pela continuação do tal caminho largo, mesmo com uma poça de água com uns 20 metros de comprimento. Mais uma vez não parei.

O percurso iria agora fazer a primeira passagem pelo Cercal (4ª zona de abastecimento ao km 44) e era mais uma vez composto por estradões de terra e pedra e a média de velocidade mantinha-se alta. Só a partir daqui é que o caminho começava realmente a empinar um pouco e isso notou-se na quantidade de atletas a pé que era necessário serpentear para continuar a escalar a serra. Lá em cima, junto de uma vista fantástica que chega até ao mar, havia um pequeno apoio mecânico onde quase abalroei dois ciclistas que decidiram atravessar as suas bicicletas no preciso momento em que passava. Com um grito tudo se resolveu. Daqui a Porto Covo era (quase) sempre a descer por percursos largos, com a areia a surgir nas zonas de pinhal e que obrigavam a uma atenção redobrada. A chegada à meta da meia maratona era feita pelo lado contrário ao que foi usado no ano passado, bem juntinho às praias e ao mar que apresentava um azul bem apetecível.

Ao fim de 3h30m estava em Porto Covo, após 65km, no meio de uma enorme festa, com a praça cheia de gente, barraquinhas para abastecimento dos atletas. A minha chegada foi no mínimo bizarra: estava a preparar-me para desencaixar os pés quando o sapato rodou e… não se soltou! Não sei como, a bicicleta deu quase uma cambalhota e eu… não caí! O pé desprendeu-se mesmo a tempo para eu não passar (maiores) vergonhas… Valeu pela cara do idoso que assistiu ao espectáculo ‘na primeira fila’!

Depois de hidratado e de hidratar a corrente, iniciei o percurso de retorno que apresentava enormes montes de areia, alguns deles a obrigarem a desmontar e seguir a pé. O percurso iria subir, primeiro suavemente até ao abastecimento seguinte onde apareceu finalmente a famosa sandes de carne assada, e depois com 4km de serra que me levaram até à relação mais pequena. Nessa subida não evitei uma queda quando, na passagem de mudanças a corrente prendeu e os pés mantiveram-se agarrados aos pedais. Levanta-te e anda (neste caso pedala) e assim fui de novo até Cercal onde havia mais um abastecimento. Só aqui é que percebi o problema que estava a ter a sair da bicicleta: os cleats estavam algo soltos e rodavam no sapato em vez de o fazerem nos pedais. Isso obrigava-me a rodar ainda mais os pés para poder desmontar. Até ao km 90 o percurso voltou a apresentar bastante areia e lá surgiu mais uma queda. O cansaço acumulava-se e a areia simplesmente não ajudava.

Após o abastecimento em Bicos (km 102) onde havia tintol para os estômagos mais fortes, percorreram-se vários kms ao lado dos canais de irrigação, por um single-track seguido de algum alcatrão. O corpo já estava há algum tempo a pedalar com o gémeo direito a adivinhar uma cãibra por isso tinha de controlar o esforço. Ainda tive um empurrãozinho que deu algum alento no estradão que se seguiu e foi com algum alívio que cheguei ao abastecimento de Monte de Alhos. Depois de comer 2 donuts e de beber um bom trago de água arranquei com todas as forças. Faltavam apenas 6km e agora era só alcatrão. Após 121km feitos em 7h19m cheguei a Alvalade onde me esperavam a Susana, a Inês e o Rui que entretanto tinha ficado por Porto Covo. Para o ano há mais e espero que com mais companhia. Talvez para a próxima façam o percurso ao contrário para poder terminar com um mergulho no mar. A refeição não sei se estava boa pois não sabia das senhas de almoço e por isso fomos afinfar duas bifanas e uma imperial à Mimosa.

Pontos positivos: O percurso acessível e bem demarcado; a quantidade de Zonas de Abastecimento; o pequeno-almoço fornecido pelo Supersol

Pontos negativos: de novo o banho frio; a areia mas acho que essa é da zona e só tenho é de aprender a passá-la ou a contorná-la.

Dados da prova:
Distância: 121km
Acumulado: 1400m
Tempo: 7h:19m26s (6h42m39s a pedalar)
Velocidade média: 16,52km/h (18,03km/h a pedalar)
Velocidade máxima: 48,68km/h
Calorias: 4311 Kcal"

Sem comentários: