2010-04-20

SRP160 2010 - Rescaldos

Relato do SD:

"Como se costuma dizer que uma imagem vale mais do que mil palavras, deixo-vos aqui o link para 2 vídeos da participação dos Just4Fun na Ultra-Maratona de Serpa – SRP160. Este ano com a participação dos seguintes Just4Funner’s: DN,JB,JP,SD,TA.

http://www.youtube.com/watch?v=2XeDc37moR8

http://www.youtube.com/watch?v=mRgc4R1Ki5I

Esta foi a minha segunda participação neste evento da TrilhosVivos. Mais uma vez nada tenho a apontar à organização. Excelente marcação ao longo de todo o percurso, bons abastecimentos, mangueira para lavar as bicicletas, banho quente e boa refeição. Parabéns!

Este ano tive necessidade de puxar pelos galões se quis chegar ao fim pois a partir do quilómetro 50 comecei a fazer uma espécie de shutdown. À medida que pedalava ía-me sentido cada vez mais mal disposto, incapaz de me alimentar ou hidratar e a sentir-me cada vez mais fraco ao ponto de numa zona de abastecimento me ter sentado numa cadeira e quase, quase ter apagado mas afinal o shutdown foi mais um restart pois ao cruzar uma povoação disse aos meus companheiros que ía só ali tomar uma água das pedras, entrando depois num cafézito e pedido uma Coca-Cola gelada. Posto isto, fui renascendo e ganhei ânimo para pedalar até ao fim! A melhor bebida do ciclista sem dúvida. Pelo menos do ciclista reles que há em mim…

Foram 149Km com uma média de 16Km/h por entre paisagens magníficas em trilhos lindíssimos, muitos deles cheios de barro, lama, ribeiros com pouca água, ribeiros com muita água, ribeiros com corrente, ribeiros do jeito que quiserem, charcos e poças de todas as formas e feitios, alguma chuva por vezes, estradões a descer, estradões a subir… enfim, um Empeno com direito a tudo.

Obrigado aos companheiros de aventura que se preocuparam sempre comigo!"

Relato do TA:

"Mais uma vez os momentos anteriores à corrida não me permitiram descansar decentemente para uma prova desta natureza. Tinha planeado ir dormir próximo do local da prova mas devido a imponderáveis relacionados com o trabalho fiquei agarrado ao telefone até bastante tarde. Assim, após 4 horas de sono, arrumei as coisas no carro e arranquei para a mais ultra das maratonas feitas em Portugal (pelo menos que seja do meu conhecimento).

Cheguei ao local da prova e já só faltavam 15 minutos para a partida, ainda faltava fardar-me, tratar da bicicleta, encontrar os restantes companheiros do pedal dos Just4Fun (Sérgio Duarte, João Bronze, João Pedro e Delgado Nunes) e ainda o Pedro Cravo e o David Portelada. Felizmente já tinham levantado o meu dorsal pois a secretaria fechava às 7:30h. Na pressa de fazer o controlo 0 ficou esquecida a câmara-de-ar, os desmontas, o elo de corrente e quase atropelava uma miúda à saída do estacionamento… isto de pedalar e calçar as luvas ao mesmo tempo dificulta o sistema de travagem que por acaso estava quase sem pastilhas…

Lá me juntei aos 300 loucos que às 8 da manhã se preparavam para dar início ao SRP160, reduzido para 149km devido às chuvas que caíram durante a semana. Os participantes do SRP80 (encurtado para 48km) tinham a sua partida agendada para as 9h.

Os primeiros kms em alcatrão souberam bem para aquecer os músculos até porque não levava casacos, manguitos, perneiras ou qualquer tipo de agasalho adicional. Da chuva nem sinal. Após o alcatrão seguiram-se alguns estradões até que… chega finalmente a lama! Escorregadia para os pneus, pesada para os pés parecia agarrar-se a tudo, obrigando a desmontar e seguir a pé por diversas vezes. Entretanto o grupo partiu-se e não via nenhum deles, uns estariam para trás outros quantos lá para a frente.
De seguida surgiram os riachos e ribeiros cheios de água, uns límpidos e que permitiam a passagem montado, outros, ou porque o fundo era em pedra solta ou porque eram autênticos buracos com um metro de parede, obrigavam a uma travessia a pé. Até nem era mau passar por esses cursos de água pois permitiam retirar a lama que se acumulava no resto do percurso. Por falar em água, isso foi outra coisa que me faltou até à ZA1 nos 22km: esqueci-me de atestar antes da prova! Felizmente os trilhos até aí eram bastante acessíveis. Entretanto juntei-me ao JB e seguimos juntos.

Na ZA1 cruzámo-nos com o SD e o JP, nós a chegar e eles a partir pelo que a segunda fase, mais dura que a anterior, foi feita em exclusivo com o JB. As subidas já eram maiores e já se encontravam umas descidas bem interessantes que terminavam no leito de riachos e que me provocaram a primeira queda: entrei a grande velocidade num rio sem baixar as mudanças e como o fundo era arenoso as rodas enterraram-se (com nota artística: 4). Também tivemos direito a uns singletracks bem engraçados junto ao rio com direito a um dos locais mais bonitos por onde passámos.
Chegámos à ZA2 (36km) junto com o SD e o JP e seguimos juntos até ao fim (pelo menos eu tentava desesperadamente ir junto). Até aí o corpo estava impecável a viver à custa de Goldrink fornecido pela organização, uns bolos óptimos e alguma fruta à mistura.

Até à ZA3 a coisa também correu com relativo à vontade, o corpo já dava alguns indícios de cansaço e os ombros iam acumulando alguma tensão. O SD é que começou a sentir-se mal-disposto sem vontade de repor energias.
Arrancámos da ZA3 com chuva o que foi muito mau para mim: como ia sem agasalhos e ainda por cima o percurso começava com uma descida em alcatrão (cerca de 55km/h sem pedalar) o corpo esfriou bastante criando mais tensão no pescoço e ombros. E foi assim, debaixo de chuva, durante uma hora ou mais.

A partir daqui o percurso foi mais do mesmo: lama, poças de água, passagens de ribeiras, subidas lentas e descidas a alta velocidade, a corrente do JB partida e mais uma queda minha (acho que esta entra para o top: descida em terreno com alguma lama e rêgos, entra-me um pouco de lama para a vista o que me leva a fechar os olhos no preciso momento em que deveria cruzar um dos rêgos… para além da pasta de lama que me cobriu o lado esquerdo do corpo apenas a registar uns arranhões no cotovelo e na anca, nota artística: 5).

Da ZA5 (108km) à ZA7 (139km) o percurso começou a moer-me bastante e era cada vez mais difícil acompanhar os restantes smiles. As cãibras estavam mesmo à beira de rebentar pelo que tinha de fazer um equilíbrio entre manter-me junto do grupo e a perna não estoirar. O percurso proporcionou outro local muito giro que suponho ser uma mina abandonada. Acho que daria umas fotos bem catitas. Também neste percurso a quantidade de poças aumentou e que permitiram dizer ‘não há duas sem três’. Lá fui tomar banho de novo, desta vez numa poça de água que teimei em passar montado. A not artística aqui rebentou a escala! O SD continuava na sua guerra contra a indisposição que teimava em manter-se. E manteve-se até tomar a sua poção mágica, a sua bendita Coca-Cola. A partir daí, renascido das cinzas (mas não eram do Eyjafjallajökull), voltou ao pedal como se não tivesse já percorrido 130km!

Até ao final o empeno apenas se agravou mas cruzar a meta junto daquelas caras sorridentes e aquele sentimento de dever cumprido… dá outro significado à camisola Finisher J Venha ela!

Parabéns à organização por um trajecto tão bonito e bem marcado, bastantes ZA (que pecaram apenas por ter pouca diversidade), banho para a bicicleta, banho quente para os campeões e um jantar digno de quem fez tamanho esforço. Se fosse agora não sei se repetiria o empeno mas como o tempo faz esquecer o pior para o ano espero estar lá de novo (espero que com menos lama).

Para quem nunca foi dou um conselho: não percam este evento, é tecnicamente acessível e foi fisicamente extenuante devido à distância (obviamente) e devido à quantidade de lama pois os declives que surgiram não eram complicados.

Dados da prova:
Distância: 149km
Acumulado: 2288m (segundo o V. Gamito)
Tempo: 10h46m27s
Calorias: 5449 Kcal"

Relato do JB:

"Agora é a minha visão do SRP160 :-)

Bem, nem sei por onde hei-de começar :-)
Aqui vai...

Despertador para as 6 da manhã e toca a levantar. A caminho de Serpa fomosverificando que o terreno ao longo da estrada estava com muita água, ou seja, começámos logo a imaginar o melhor :-)
Dorsal na mão, bike pronta e aí vamos nós para a linha de partida. Fiquei a saber que tinha havido uma ligeira redução do percurso devido às chuvas dos últimos dias e que afinal já não eram 160, mas sim 149, portanto SRP149 :-)

8H - Partida para o SRP149
Os primeiros kms foram feitos em alcatrão e deu para aquecer os "motores".
Depois do alcatrão, entraram em "acção" os caminhos com lama, com muita lama e um ou outro ribeiro. Nesta parte do percurso houve alturas em que tive de desmontar, logo os sapatos ficaram ligeiramente mais pesados e ouve uma ou outra vez que ia ficando sem eles, pois aquela lama parecia cola.
Primeira ZA e aí encontrei o JP e o SD que já estavam de saída, aproveitei e fui com o TA. O DN vinha mais atrás e enquanto estivemos ali a alimentar-nos ele não apareceu.
Esta parte do percurso até à ZA2 foi feita com o TA. Aqui não apanhámos lama, mas sim umas boas subidas e uns ribeiros ou rios :-) que davam enorme prazer ao atravessar.
A partir do ZA2 seguimos todos juntos. Nesta parte do percurso a corrente da bike partiu... ao passar uma ribeira, havia uma ligeira subida e dei uma pedalada e a corrente ficou feita em duas...
Depois de alguns minutos, lá fiquei com uma corrente nova. Agradeço a todos por me terem ajudado nesta operação delicada :-).
Mais uma paragem no ZA3 e aqui a chuva aparece. Toca a tirar o impermeável e siga para mais uns kms. Estes primeiros kms foram feitos em alcatrão com uma boa descida para depois entrarmos numa zona de paralelo que massacrou ainda mais o corpo... a chuva continuava agora com algum vento à mistura. O percurso esse continuava a ser muito giro, com imensas ribeiras, com paisagens lindas, com subidas e descidas e Serpa cada vez mais perto.
As pernas, o corpo estavam a reagir bem à longa distância e a única ameaça de cãibra que tive foi quando mudei a corrente. A bike também estava a sofrer um bom empeno devido à lama, à água das ribeiras e às constantes subidas e descidas. Quando havia paragens estava sempre a lubrificar a corrente, pois esta estava constantemente seca...
Entre a ZA4 e ZA5 e alertado pelo JP, é que me apercebi que o SD estava maldisposto. Ao atravessar uma aldeia o SD pediu para pararmos num café para ir beber algo... viemos a saber que tinha bebido uma coca-cola (se eu soubessetambém tinha entrado e bebia uma mini, mas a organização podia ter controle anti doping e era mau...) e foi a partir daí que a má disposição finalmente desapareceu.
Entretanto começou a cheirar a Serpa e as forças aumentaram. Cortámos a meta todos juntos e à nossa espera tínhamos uma claque (DN) muito eufórica :-).

Este foi o meu segundo SRP160 e mais uma vez adorei o "empeno". O percurso,a paisagem, os trilhos, a companhia, enfim acho que para o ano estou lá novamente nem que mais não seja para conhecer uma "Tal" "Pela Cinta" (private joke :-) )

Obrigado a todos pela companhia,"

Registos Trilhos Vivos:
Vencedor: Vítor Gamito - 6:10
193º a 196º: JP, JB, SD, TA - 10:46
239º - 11:56

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