Relato do TA:
"Atão lá vai um daqueles resumos! O patrão vai adorar a minha prestação hoje…
"Atão lá vai um daqueles resumos! O patrão vai adorar a minha prestação hoje…
Precisamente por causa da volta que
constatei que vou ter de largar umas verdinhas (pela lista que já fiz acho que
vai ser uma daquelas roxas) para me preparar para chuva a sério… O casaco
impermeável J4F foi ineficaz para toda aquela chuva, os sapatos que levei são
de verão e nem levei as sobre-capas, as pernas só iam com protecção para o
frio, os já falados alforges/bagageira…
Mas começando pelo princípio, após uma
curta noite de sono (a alvorada às 4 da matina não permitiu mais) e de um
briefing conciso, arranquei para o 3º randonneur juntamente com cerca de 20
‘artistas’, finalmente com direito a passaporte já que nos 2 anteriores fui
‘ilegal’ (por dificuldade em obter uma prova de seguro: nem a Federação de
Triatlo nem a de Ciclismo se dignaram a emitir a declaração, bem diferente da
FPCUB que em menos de uma semana após a inscrição já me tinha enviado o
documento).
O arranque começou no Parque Desportivo de
Vila Franca de Xira em direcção a Porto Alto, Coruche… Assim que começou a
raiar o dia (isto é meramente ilustrativo pois eram tantas nuvens que nem o céu
se via), a chuva começou a cair com intensidade e perdi a minha companhia
(Pedro e Albano) que parou para se preparar. Eu segui com a chuva a penetrar
aos poucos na minha roupa. Voltei a ter companhia (Ângela) por breves kms até
Azervadinha (km 55) que nos recebia com uma calçada que necessitava de alguns
cuidados a atravessar. Aí a chuva tinha dado tréguas e o equipamento ia secando
aos poucos.
Seguiu-se Couço e depois Montargil já com o
Sol a bater, sempre junto à barragem. Esta zona requer mais umas visitas pois é
bem agradável e calma (para desgosto dos hotéis que pareciam desertos). O
primeiro posto de controlo foi em Ponte de Sôr (114 km) a que cheguei com cerca
de 4.30h. Os últimos 10/15km foram chatos com rectas enormes e vento moderado
contra. A partir daqui o trajecto ia-se tornar mais acidentado em direcção a
Avis (nunca me tinha acontecido mas a dada altura comecei a sentir montes de
sono), Pavia (fiquei mal-disposto depois de ter comido um Morgado e meia
Pepsi), Arraiolos (188 km) e mesmo entre as árvores sentia-se um vento de
rajada bastante intenso (fez-me lembrar um duatlo em Arronches, lembram-se SD e
JB?). O pescoço, nuca e pés já se ressentiam por isso parei para esticar o
esqueleto. Reencontrei o Pedro, Albano e Ângela. Segui na companhia deles até
ao 2º posto de controlo, pouco antes de Montemor-o-Novo em Fonte do Petalim (km
206) em que me foi prestada alguma assistência à nuca. Para minha frustração
recomeçou a chover.
Deste ponto em diante terminariam as
subidas mas o vento, a chuva e o empeno acumulado não permitiam grandes
velocidades. A juntar a isto tive um problema com um dos sapatos: o cleat
soltou-se do pedal e ficou no pedal. Eu e o Pedro tentámos sem sucesso arranjar
forma de recolocar o cleat pois a cabeça do único parafuso que restava já não
tinha qualquer rasgo ou forma para permitir o seu aperto. Assim lá tive de
fazer 25km com um pé a escorregar do pedal (entre Vendas Novas e Pegões com a
ajuda de um alicate conseguimos enroscar a cabeça do parafuso e assim apenas
tinha de encaixar o parafuso no cleat já preso ao pedal). A noite foi caindo e
o frio juntou-se à chuva. As paragens eram cada vez mais frequentes e o
quinteto (juntou-se o Basílio) ia quase sempre junto. A Ângela queixava-se de
um braço, eu do pescoço mas preferia continuar a pedalar até que decidimos
separar o grupo combinados a reencontrar-nos em Porto Alto. Enquanto eu e o
Albano esperávamos no Continente de Porto Alto, apareceu o resto do grupo: a
Ângela tinha caído mesmo à entrada do parque. Aparentemente já não tinha força
num dos braços. Após comer, aquecer e avaliar o estado dela decidimos seguir 3
a pedalar (eu, Albano e Basílio) e o Pedro acompanhava a Ângela que faria os
restantes 12km a pé. Terminei às 23:02h. O resto do dia foi banho de imersão,
jantar e cama
Achei piada porque uma das moças da
Organização, o Pedro e o Albano (os elementos que iniciaram o Randonneurs
Portugal) lembravam-se de mim (e da inexistência de seguro do ano passado) e do
Sérgio (que logo disse ‘pois, ele veio aos 200 e aos 300 mas depois não pôde
vir aos 400 porque já tinha outra coisa na agenda’, para mim tens de fazer-lhes
a vontade)
Escrito ao abrigo do meu desacordo com o
Acordo Ortográfico"
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