2008-05-26

Maratona da Raia (Idanha-Zarza) 2008.05.11

Relato do DN:

"Contra as previsões, o tempo esteve óptimo, até a noite de sábado esteve limpa. Domingo, excelente temperatura para a prática da modalidade.

Prova da Escola Aventura, como tal, tinha que ser com os ingredientes todos. Até ter que atravessar o rio com água pelos joelhos. Não havia necessidade... digo eu. Quem fez os 100, teve que lá ir duas vezes e da segunda, parece que era com mais um pouquinho de água.

Os meios de apoio estavam lá, mas não se viam por aqueles caminhos onde era mesmo necessários em caso de haver algum problema, o que iria demorar bastante tempo a chegar socorro, caso fosse necessário.
A 5 km da partida, estive uns 15 minutos até que chegasse alguém da organização, com um bttista que tinha caído, estava com a cara mal tratada e o braço sem o conseguir mexer, (vinham três moto4 todas juntas a fechar as cancelas e a retirar as marcações) isto depois de ter estado com outro (uns 10 minutos) que teve uma quebra de tensão 1 km antes e que teimou em seguir viagem. Acabou por ficar mais à frente com o acidentado. Não sei quanto tempo é que a ambulância demorou, porque tratei de seguir viagem. O grupo foi andando porque não era preciso ficar mais ninguém para ajudar e então, pernas para que te quero, para não os deixar fugir muito.

Mais 11 km, ao passar na barragem, avisto uma camisola das nossas. É pá, ou estou a andar muito (hé hé, a andar muito) ou eles estão a andar muito pouco.
Tomei conhecimento que o amigo ZM se lembrou de tombar, ainda por cima, logo de umas pedras manhosas (podia ter escolhido o local de aterragem, foi como eu, também me esqueci de escolher um sítio bom): resultado, nem a cinta lhe valeu, acabou por empenar as costas. A EN, como é solidária, assustou-se com o tombo do ZM e parou para ajudar, mas vinham uns em speed e para os deixar passar, falhou qualquer coisa e acabou por cair também. Já tinham telefonado para o carro de apoio, mas não foi necessário porque estávamos, mais ou menos a 1 km do local onde pernoitámos. Deixamos o amigo ZM a deslizar para o parque, (era sempre a descer) e seguimos a aventura, por caminhos desconhecidos para nós.
Passámos por uma rampa de madeira para transpor um muro, (a organização esteve bem aqui) porque não devia haver nenhum portão por perto, algumas ribeiritas onde se passava muito bem, subidas para todos os gostos, mas as descidas que eu estava há espera (looongas) não tinha (velocidade máx. 52 km/h para mim, alguém deve de ter feito mais, em especial os que fizeram os 107 km em muito menos tempo que eu fiz os 56).

Primeiro abastecimento, já não estava lá ninguém, veio um fulano à porta de um café a dizer que o abastecimento era ali, mas só havia água, isso tinhamos nós, então vai de seguir.
Encontramos um a empurrar a bike, rebentou a câmara e não tenha para substituir, quem vai para ali só com remendos é o mesmo que, quem parte e reparte e não fica com a melhor parte...

Outro abastecimento. Água, queques e croissantezinhos com doce. Fruta ou sumos, nada.
Mais uns quilómetros, mais um abastecimento, simplesmente, água...
Aos 40 e tal, lá apareceu a descida da caçada para o rio, onde na falta de concentração e de mais alguma velocidade, eu resolvi tombar com os pezinhos encaixados nos pedais. Ah pois é, isto andava a prometer há tanto tempo que teve que ser logo numas pedras bem jeitosas. Resultado, o chamado orgulho ferido, um cotovelo deitado abaixo, uma porradita nas costelas e um joelho picado.
Ainda estava eu deitadinho no chão só com um pé desencaixado, (o que não fazia falta para ter ficado de pé) a ver se estava tudo no sítio para me levantar e a rir sozinho, já alguém do grupo perguntava se estava tudo bem, ao que eu respondi com uma perna e um braço no ar (sim, porque o resto ainda estava debaixo da bike) que sim. Como estávamos praticamente a terminar aquela montanha de pedras, entramos num carreiro de terra e a EN que tinha feito a maior parte daquela descida a pé, montou na bike e acabou por aterrar outra vez, mas desta vez em terra, o que só deu para sujar o fato. Ora e que de melhor podia vir para arrefecer os ânimos, atravessar o rio. Feita a travessia, já sabíamos que o final não estava muito longe, pelo menos em termos de altimetria já era quase só rolar.

Chegámos e logo uma senhora da organização nos disse que não podíamos prosseguir... olha que maçada... lá tivemos que ficar por ali, que era mesmo o nosso destino. O FF e a TF já tinham partido. Tínhamos combinado que se não estivéssemos às 14 eles partiam e como tal, depois de varias aventuras nesta aventura por Idanha, chegámos quase com uma hora de atraso.

A TF nos quilómetros que andou ficou ainda mais adepta da modalidade. Gostou bastante, mas para início era um percurso um tanto ou quanto complicado. Fomos apanhá-la e o FF fez questão de pedalar até Idanha. Fez um tempo tão bom, pois ainda estávamos a arrumar as coisas no parque e a dizer que tínhamos que ir esperaá-lo na meta e não tivemos tempo. Ainda teve que ficar à nossa espera para tomar banho. Até teve tempo também para tombar, pois parece que teve um contacto imediato com o solo, mas só deu para sujar o fato."

Relato do FF:

"Idanha valeu a pena. Apesar de desclassificados (partimos antes dos nossos colegas de equipa chegarem) mas isso não é importante. Nota máxima para o convívio, a participação, o desgaste físico - mas sempre prontos para outra - e os momentos passados em cima das máquinas, uns mais tranquilos, outros mais duros.
A Tatiana teve azar, ou melhor, foi ao encontro do azar. Não foi a melhor prova para quem queria iniciar-se nestas andanças. Os primeiros 10 km foram tranquilos e todos os desníveis foram-se fazendo bem. Depois veio a travessia do rio com água pela cintura e a partir daí foi desgastante num trilho longo de ladecos para o rio com "para-desmonta-monta-para-desmonta" constante que desgaste qualquer um. Aí a Tatiana deu o berro. Cumpriu 16 km com muita classe e desgastou-se por completo. No próximo fará mais km certamente.
Depois da Tatiana estar entregue ao carro de apoio segui solitário para os 34 km restantes: era apenas eu, a bike e os trilhos. Só muito perto de Idanha é que consegui alcançar alguns "desgraçados" que diziam mal da vida. "Desgraçados" no bom sentido, lutadores e persistentes contra as longas horas em cima da bike e contra os desníveis ligeiramente acentuados mas que ao fim de uma larga dezena de km parecem paredes.
A 1,5 km da meta a já famosa subida em calçada degradada que, ora com o assobio mais forte, ora bastante mais fraco, foi-se fazendo o que era possível, porque há lá alturas que não sei se acredite que alguém o faça.
Gostei de tudo, desde a partida de sábado às 08.00 até à chegada de domingo às 23.45h. Conto voltar no próximo ano."

1 comentário:

Anónimo disse...

O torpe e desafortunado bttista que caíu ao km 5 agradece ao Delgado (espero não ter confundido o nome) pela assistência e solidariedade prestada no verdadeiro espírito que deve persistir na nossa modalidade.
Em vez dos trilhos, por enquanto frequenta os corredores da fisioterapia, até recuperar o suficiente para recomeçar com calma, em estrada.
Talvez nos reencontremos em circunstâncias mais amenas, lá para Outubro em Évora ou Idanha (!).

João