2013-02-05

BRM L'Antique 200 - 2 de Fevereiro de 2013

Relatos do SD e TA:

SD:

"214km à L’Antique…

Sábado fiz o meu 3º BRM, o 2º na distância dos 200km mas o 1º à moda antiga. J

Bom, e quê é que distingue este BRM dos restantes? A organização deste Brevet Randonneur Mondial (BRM) programou um percurso afastado do trânsito automóvel e que traz “à memória o espírito e as condições que os Randonneurs do início do século XX tinham de superar quando pedalavam para longe”, segundo Pedro Alves, o fundador da associação Randonneurs Portugal.

A prova “L’Antique 200”, em alusão aos tempos em que percorrer 200 quilómetros era uma grande aventura, trouxe aos nossos tempos o espírito e até algum do sofrimento que provavelmente representava pedalar longas distâncias em estradas… menos cuidadas, para sermos simpáticos.

Com partida às 08:00, cada Randonneur tinha 13h30m para completar o percurso com saída e chegada em Vila Franca de Xira. Com controlos onde era necessário carimbar e com algumas gaitinhas para contar e registar também no passaporte, foi bastante aprazível contudo pedalar por zonas menos povoadas.

Azambuja, Santarém, Golegã, Vila Nova da Barquinha e Constância, foram apenas algumas das terras por onde mais de 50 Randonneurs inscritos à partida se propuseram a percorrer até atingir o ponto de retorno.

Sempre acompanhado dos meus amigos JB e TA, encontrámos neste BRM piso com bom alcatrão, mau alcatrão, muito mau alcatrão e até… sem alcatrão! Ah e um empedrado terrível. Odeio empedrado, pelo menos se estiver de fininha. J Até o troço de 1,5km de terra batida se fez melhor que o empedrado! Já vos disse que detesto empedrado?! J

Contámos candeeiros, registámos o nome de um café, de um quiosque e almoçámos uma reconfortante sopa acompanhada de uma bifana e 1,5lt de, claro, Coca-Cola (1,5lt a dividir por 3, ok?!) numa esplanada ao sol sobre o rio Tejo/Zêzere. Claro, com estas condições, permanecemos por ali cerca de 1 hora mas estávamos conscientes que terminaríamos dentro do tempo. Bom, uns mais conscientes que outros, pois havia até quem pensasse ainda conseguir ir lanchar ao Coimbrão…

De estômago aconchegado, lá prosseguimos, agora pela margem sul. Chamusca, Alpiarça, Benfica do Ribatejo, Muge e Porto de Muge pela ponte centenária Rainha D. Amélia, foram alguns dos locais percorridos no regresso a Vila Franca de Xira.

A apimentar um pouco ainda mais as dificuldades por vezes sentidas no mau piso, saliento ainda a desagradável companhia do vento que embora não sendo muito forte, foi… lixado por vezes. J

Não sei se já vos disse mas eu odeio empedrado. Eu e o material mais sensível, mais rasca, mais fraquinho, de inferior qualidade mesmo! Que o diga o raio da bicicleta do JB. Literalmente, o “raio”! A determinada altura ouviu-se ‘plinnnnn…’ e imediatamente mandei encostar o artista da Giant para ver o que se passava e para nosso espanto, tinha-se partido um raio, no raio da roda do raio da bicicleta do raio do dono! J Com recurso ao canivete suíço, desapertei o resto e removemos o raio da roda (não, essa ficou, foi só mesmo o raio que tirámos!) e assim o nosso companheiro lá prosseguiu mais leve a sua peregrinação. Felizmente a roda não desalinhou. Esta, porque outra roda que desalinhou foi a do nosso amigo TA, pois “TÁ” claro! Mas aqui foi um simples furo, ou o jovem não furasse cada vez que põe a roda na estrada. O curioso foi que se tratou de uma micro-cagagéssima pedrinha!!! Curiosa também foi a sua reparação. Numa primeira tentativa para evitar trocar a câmara, dei ao Tiago uma daquelas latas maravilha anti-furo. Até aqui, tudo “jóia”, o problema foi que quando a lata estava quase no fim, a roda começou a vomitar (literalmente!) espuma de barbear (jovem, quando cheguei a casa tinha um bocado preso na sobrancelha que entretanto endureceu!) pelo metal que, também não entendo porquê, tem uns furinhos!! Que coisa estranha! Nem parece uma Specialized – bom, de facto a roda não é!! Mas a coisa não ficou por aqui pois após trocar a câmara, nem a bomba do TA nem a do JB tinham alcance para um pipo ‘Presta’ que de facto não presta(va) para nada. Lá tive eu de sacar de uma bomba como deve ser (foi a estreia de uma, confesso que também fiquei apreensivo) mas evitámos ter de deixar o TA para trás a soprar no pipo…

Lá prosseguimos juntos, vendo a luz do sol desaparecer enquanto ligávamos os nossos caga-lumes. Desde Alpiarça que tivemos a companhia acrescida de mais um randonneur e que só o foco dele iluminava mais que os nossos 3 juntos, pelo que foi uma boa companhia até ao final. Curiosamente, ainda a semana anterior tinha estado a micar aqueles focos de led e foi como que um test-drive para o que irei comprar em breve. 1000 lumens com led cree é brutal!!

A chegada a Vila Franca de Xira, fez-se já de noite, eram 19:45.

Foram 11h45m de BRM para 8h58m a pedalar, o que representou um total de 2h45 de paragens. Excessivas, é um facto mas controladas, algumas necessárias e outras muito aprazíveis.

Pessoalmente percorri 214,37km, a uma média de 23,8km/h, com alguns pouquinhos enganos à mistura. J

No final, posso congratular-me por nunca ter percorrido tamanha distância com o corpinho tão bem tratado, apesar do piso muito irregular. Foi a estreia da ‘nova’ máquina nestas distâncias e está aprovadíssima!

Venha o próximo BRM, já no mês que vem e com ele, mais companhia para mais uma participação Just4Fun."

TA:

"E afinal surgiu mais um risonho – quer dizer, no final era mais um esgar de sofrimento do que um sorriso – no BRM200 L’Antique! Foi mesmo uma sova à antiga em que a menor das dores terá vindo dos 2km de terra.

O meu pensamento principal antes da prova (ou provação) era tal qual um Alcoólico Anónimo “já não pedalo à 2 meses e 2 dias”.

Às 8.05h, depois do JB ter adicionado pela 3ª vez o impermeável à sua indumentária, partimos para um percurso que a Organização indicava percorrer todo o tipo de pisos:  estradas  nacionais, estradas municipais (a maioria até em bom estado mas quando tinha buraco…), caminhos agrícolas asfaltados (qb), pavé (uuuuuuiiii, o meu… tudo)  e até estrada de terra batida (depois de tudo o resto foi pra meninos). Ao todo eram 55 bravos que causaram alguma apreensão aos elementos organizadores dada a dimensão do pelotão.

Ao contrário dos outros BRM que têm VF Xira como Quartel General, o percurso levou-nos a experimentar a margem norte do Tejo: Carregado, Azambuja, Porto de Muge (onde tínhamos de atravessar um extenso pavé) e a ascenção a Santarém onde se encontrava o 3º posto de controlo e onde fizemos uma pausa para abastecer de açucares, cafeína e o que mais nos ajudasse. Felizmente a chuva que caiu foi muito pouca mas o vento, quase sempre de frente, não permitia médias mais elevadas. Até este momento apenas havia a registar a corrente que tinha saltado da minha montada.

A saída de Santarém dá-se por uma descida em pavé que me deixou e ao SD meios abananados pois erradamente seguimos por uma subida (e ‘alimentados’ pela indicação de um velhote que nos disse de passagem que os nossos colegas já iam muita lá para a frente…) em vez de atravessar a linha de comboio, uma constante neste BRM. Felizmente o SD tinha o percurso GPS carregado e o erro apenas gerou um desvio de 1,5km. Continuamos a deslocação rumo à Quinta da Cardiga onde desta vez o SD e o JB, entretidos na conversa, quase falhavam o desvio. Após o Controlo (com recurso a pergunta), fazemos os 2km de terra batida, bastante mais confortáveis que uma boa parte do percurso dito asfaltado, em direcção à vila de Constância (felizmente mudou o nome, anteriormente era conhecida como Punhete!), recorrendo muitas vezes a percursos usados no BRM existente o ano passado e com partida de Santarém. Depois de mais uma passagem sobre o pavé em direcção ao Centro Histórico  da terra que deu residência a Luís de Camões, carimbámos mais um Controlo e sentámo-nos numa esplanada virada para o Tejo para repor energias. Metade do percurso estava feito e eu já dava alguns sinais de cansaço.

Quase uma hora depois, arrancamos para refazer o pavé, agora a subir, pela N118  na margem Sul do Tejo num sobe e desce que o vento ajudava a transpor. Mais uma fuga da nacional para caminhos menos próprios, desviando-nos do Vale dos Cavalos e dirigindo-nos a Alpiarça em que quase falhávamos o posto de Controlo. O GPS é muito útil mas as indicações em papel também J Nesta altura não me sentia com grande disponibilidade para acompanhar a pedalada do SD e JB e disse para irem andando. Recusaram-se a ir sem mim (sorte malvada eheh) e juntou-se um 4º elemento, o Nuno. Seguiu-se Almeirim onde o BRM de Santarém cortava para o final, nós seguiríamos para Sul para cruzar o rio em Muge, não sem que eu não tivesse o meu furo da praxe (atrás para chatear ainda mais). Para não perdermos tempo, o SD sugeriu usar o spray que… nos fez relembrar o Natal: não sei bem porquê a jante tem dois furinhos (será para escoar água?) por onde saiu a espuma toda. Não tendo funcionado, lá trocámos a câmara de ar. Só à terceira bomba é que conseguimos encher o pneu (parece que consigo sempre acertar em material não standard: desta vez o pipo era curto LOL). Para atravessar o rio usámos a ponde Rainha Dona Amélia, uma ponte com sentido reversível mas com bermas para permitir a passagem de peões e bicicletas (por sinal, em muito mau pois o corrimão estava todo torcido reduzindo o espaço de passagem).

A partir daqui o percurso era idêntico ao inicial, pelo que já de luzes acesas, passámos pelo empedrado de Muge e onde temos novo problema técnico: o JB parte um raio da roda traseira. Seguimos o restante trajecto já de noite e eu arrastava-me para conseguir manter-me com eles. Passávamos então no sentido inverso, Vila Nova da Rainha, Azambuja (paregem para a última barrinha), Carregado (em que fugíamos de novo às vias principais) para volver à EN1 e subir até ao Pavilhão após quase 12 horas desde a partida (seguramente duas horas a mais que os meus companheiros faria se não me levassem às costas).

Como dizia no Sábado, nesse dia no meu pensamento apenas tinha a ideia de NÃO ir ao BRM300. Dois dias depois já estou repensar a coisa, pode ser que consiga rolar qualquer coisa neste mês.


Muito obrigado ao SD e ao JB por partilharem as vossas rodas."

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