2012-10-16

Subida à Torre - 22 de Setembro de 2012

Relato do SD:

"O “Assalto à Torre”, foi bem executado e correu conforme o previsto. Foram 2 anos de meticulosa preparação para que nada falhasse no dia… :-)

Tínhamos por objetivo alcançar o ponto mais alto de Portugal continental e, com o centro de operações nas Penhas da Saúde, delineámos um percurso com uma extensão de 110Km, o qual foi rigorosamente executado sob a preciosa contribuição do São Pedro que contribuiu, e muito, para o sucesso desta operação.

Após um ligeiro pequeno almoço na Pousada da Juventude, começámos logo a subir em direção ao centro de limpeza de neves. Foram apenas 2 kms de ligeiro aquecimento, até apontarmos à longa descida que nos levaria pelo Vale de Manteigas até aquela bonita localidade. Descida rápida, com uma estrada ligeiramente aos ‘S’s e onde se ultrapassava com facilidade os 60km/h.

Paragem para o café matinal antevendo a primeira subida do dia – direção Gouveia. Subida longa mas bastante aprazível, onde nos teremos cruzado com um par de carros em toda a sua extensão. Com uma vista de cortar a respiração, serpenteámos a serra observando rebanhos e aves, enquanto mantínhamos um ritmo calmo que nos permitiria enfrentar o prémio de montanha do dia com outros reservas de energia.

Concluída a primeira ascensão, e antes de apontarmos a Gouveia, tempo para tomar uma primeira barrita acompanhada da melhor água da serra, na nascente do Mondeguinho. Com a tradicional boa disposição, rolámos pela serra ganhando velocidade, cortando curvas e atacando os travões quando o velocímetro atingia medições de respeito.

Entrámos como saímos de Gouveia, ou seja, rápido, mesmo após termos experimentado o empedrado no centro desta cidade serrana. Por estradas nacionais menos movimentadas, dirigimo-nos em seguida para Seia onde a espaços perdíamos um elemento, sempre que havia figos ou uvas na berma da estrada.

Reunidas as tropas em Seia, era hora de petiscar alguma coisa antes de atacarmos a subida do dia. Encontrámos no centro da vila, o queijo e as bifanas que nos iriam forrar o estômago. Com energias retemperadas, apontámos ao inicio da subida e cedo experimentámos novas relações de transmissão.

Iniciámos a subida juntos, mas cedo nos fomos separando pois era preciso encontrar o ritmo adequado a cada um. Após um início um pouco mais duro, agrupámo-nos junto a um estabelecimento comercial para então sairmos com destino à aldeia mais alta de Portugal – Sabugueiro.

À entrada do Sabugueiro, o miradouro permitiu contemplar a paisagem e aguardar pelos elementos que agora, rolavam rápido na descida para esta aldeia. Cruzámos a povoação e parámos na fonte. Era altura de nos abastecermos e mentalizarmos para a parte mais complicada do dia. A saída do Sabugueiro em direção à Lagoa Comprida, é feita através de uma subida com uma inclinação um pouco mais agressiva, comparando com o que tínhamos vindo a sentir até então.

Espaçados, subíamos ao nosso ritmo ao mesmo tempo que nos íamos expondo aos elementos, começando a fazer-se sentir um pouco mais de vento por esta altura. Aos 1500m de altitude, encostámos junto a um lago para reagruparmos novamente. A Lagoa Comprida estava à distância de mais uma subida que vencemos com determinação.

Os quilómetros que se seguiram até à Torre, foram feitos sempre que era possível, com os olhos postos nas gigantescas “bolas” que marcam aquele local e que se avistavam ao longe. Por esta altura, já nos tínhamos cruzado com alguns motards que simpaticamente acenavam e com alguns automóveis de matricula estrangeira que, em jeito de incentivo, os seus condutores oram batiam palmas ora gritavam palavras de incentivo. Como mais tarde pude confirmar com os restantes, estes acenos partiram sempre de veículos com matricula estrangeira…

Já perto da Torre, o vento fez-se sentir mais forte e as últimas centenas de metros que tínhamos de vencer não foram de borla. Uma vez chegados, houve um pouco de tudo. O João Pedro que chegou primeiro, não contente com a quilometragem do seu conta-quilómetros, dá mais umas voltas ao marco geodésico, “só para acertar”, enquanto aguarda a vinda do João Bronze. Juntos, aguardaram depois por mim à porta de uma loja de artesanato local. Penso que não tenha demorado muito a chegar, mas cheguei com uma sensação de mau estar e sentei-me a descansar. Nesse momento, observei os meus gémeos que, sem me doerem, estavam a contorcer-se. Provavelmente, a mente não os teria ainda informado que já tinham atingido o ponto mais alto onde alguma vez já teriam pedalado. Enquanto os meus companheiros que já tinham feito cume se degustavam com determinadas iguarias líquidas da zona, e enquanto eu recuperava ao sabor de uma bebida energética, o PL chegou com o seu ar bem disposto, ar de quem estava bem e se regozijava por ter cumprido o objetivo.

Agora reunidos, haveria que registar fotograficamente o momento, e rápido, pois fazia-se sentir muito vento e algum frio. Para dar algum colorido extra, o PL surge com uma pequena bandeira de Portugal que orgulhosamente é exibida perante a objetiva.

O difícil estava feito. Agora faltava percorrer a última longa descida do dia, em direção às Penhas da Saúde. Com embalo, devorámos os quilómetros que se seguiram, “ajudados” por um vento forte que nos sacudia. Uma última subida nos separava da Pousada, subida essa vencida pelo JP que desferiu um forte ataque deixando a concorrência a comer pó… :-)

No final do dia, após momentos de descanso aproveitado por alguns meninos para dormir, descemos à Covilhã para jantar no restaurante “O Neca”, que nos tinha sido recomendado na Pousada. Depois do jantar, subimos ainda a um jardim onde havia uma festa com música e umas tasquinhas e onde pudemos apreciar algo que só existe nesta zona do país – cherovia. Tanto quanto percebi, é uma raiz que antes substituía a batata na refeição e que hoje, é confecionada de variadas formas. Experimentámos a fartura de cherovia, a cherovia salgada e a cherovia doce, reunindo esta última o consenso da cherovia mais apreciada pelos funners.

Já tarde, fizemo-nos à serra, subindo até à Pousada. Durante a subida, comentávamos a volta que tínhamos previsto para o dia seguinte, caso não chovesse. Tínhamos por objetivo para o dia seguinte, descer até Manteigas e dar uma volta, por forma a terminarmos com a subida da Covilhã para as Penhas, uma subida muito dura.

O mau tempo que se fazia sentir na manhã de domingo, acompanhado de nevoeiro e vento, não era compatível com os nossos objetivos e decidimos adiar esta volta para uma nova oportunidade. Sim, claro… regressaremos um dia!

A todos os meus companheiros, o meu obrigado por estes momentos.
Foi fantástico!"

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