Relato do SD:
"O “Assalto à Torre”, foi bem
executado e correu conforme o previsto. Foram 2 anos de meticulosa
preparação para que nada falhasse no dia… :-)
Tínhamos
por objetivo alcançar o ponto mais alto de Portugal continental e, com o
centro de operações nas Penhas da Saúde, delineámos um percurso com uma
extensão de 110Km, o qual foi rigorosamente executado sob a preciosa
contribuição do São Pedro que contribuiu, e muito, para o sucesso desta
operação.
Após
um ligeiro pequeno almoço na Pousada da Juventude, começámos logo a
subir em direção ao centro de limpeza de neves. Foram apenas 2 kms de
ligeiro aquecimento, até apontarmos à longa descida que nos levaria pelo
Vale de Manteigas até aquela bonita localidade. Descida rápida, com uma
estrada ligeiramente aos ‘S’s e onde se ultrapassava com facilidade os
60km/h.
Paragem
para o café matinal antevendo a primeira subida do dia – direção
Gouveia. Subida longa mas bastante aprazível, onde nos teremos cruzado
com um par de carros em toda a sua extensão. Com uma vista de cortar a
respiração, serpenteámos a serra observando rebanhos e aves, enquanto
mantínhamos um ritmo calmo que nos permitiria enfrentar o prémio de
montanha do dia com outros reservas de energia.
Concluída
a primeira ascensão, e antes de apontarmos a Gouveia, tempo para tomar
uma primeira barrita acompanhada da melhor água da serra, na nascente do
Mondeguinho. Com a tradicional boa disposição, rolámos pela serra
ganhando velocidade, cortando curvas e atacando os travões quando o
velocímetro atingia medições de respeito.
Entrámos
como saímos de Gouveia, ou seja, rápido, mesmo após termos
experimentado o empedrado no centro desta cidade serrana. Por estradas
nacionais menos movimentadas, dirigimo-nos em seguida para Seia onde a
espaços perdíamos um elemento, sempre que havia figos ou uvas na berma
da estrada.
Reunidas
as tropas em Seia, era hora de petiscar alguma coisa antes de atacarmos
a subida do dia. Encontrámos no centro da vila, o queijo e as bifanas
que nos iriam forrar o estômago. Com energias retemperadas, apontámos ao
inicio da subida e cedo experimentámos novas relações de transmissão.
Iniciámos
a subida juntos, mas cedo nos fomos separando pois era preciso
encontrar o ritmo adequado a cada um. Após um início um pouco mais duro,
agrupámo-nos junto a um estabelecimento comercial para então sairmos
com destino à aldeia mais alta de Portugal – Sabugueiro.
À
entrada do Sabugueiro, o miradouro permitiu contemplar a paisagem e
aguardar pelos elementos que agora, rolavam rápido na descida para esta
aldeia. Cruzámos a povoação e parámos na fonte. Era altura de nos
abastecermos e mentalizarmos para a parte mais complicada do dia. A
saída do Sabugueiro em direção à Lagoa Comprida, é feita através de uma
subida com uma inclinação um pouco mais agressiva, comparando com o que
tínhamos vindo a sentir até então.
Espaçados,
subíamos ao nosso ritmo ao mesmo tempo que nos íamos expondo aos
elementos, começando a fazer-se sentir um pouco mais de vento por esta
altura. Aos 1500m de altitude, encostámos junto a um lago para
reagruparmos novamente. A Lagoa Comprida estava à distância de mais uma
subida que vencemos com determinação.
Os
quilómetros que se seguiram até à Torre, foram feitos sempre que era
possível, com os olhos postos nas gigantescas “bolas” que marcam aquele
local e que se avistavam ao longe. Por esta altura, já nos tínhamos
cruzado com alguns motards que simpaticamente acenavam e com alguns
automóveis de matricula estrangeira que, em jeito de incentivo, os seus
condutores oram batiam palmas ora gritavam palavras de incentivo. Como
mais tarde pude confirmar com os restantes, estes acenos partiram sempre
de veículos com matricula estrangeira…
Já
perto da Torre, o vento fez-se sentir mais forte e as últimas centenas
de metros que tínhamos de vencer não foram de borla. Uma vez chegados,
houve um pouco de tudo. O João Pedro que chegou primeiro, não contente
com a quilometragem do seu conta-quilómetros, dá mais umas voltas ao
marco geodésico, “só para acertar”, enquanto aguarda a vinda do João
Bronze. Juntos, aguardaram depois por mim à porta de uma loja de
artesanato local. Penso que não tenha demorado muito a chegar, mas
cheguei com uma sensação de mau estar e sentei-me a descansar. Nesse
momento, observei os meus gémeos que, sem me doerem, estavam a
contorcer-se. Provavelmente, a mente não os teria ainda informado que já
tinham atingido o ponto mais alto onde alguma vez já teriam pedalado.
Enquanto os meus companheiros que já tinham feito cume se degustavam com
determinadas iguarias líquidas da zona, e enquanto eu recuperava ao
sabor de uma bebida energética, o PL chegou com o seu ar bem disposto,
ar de quem estava bem e se regozijava por ter cumprido o objetivo.
Agora
reunidos, haveria que registar fotograficamente o momento, e rápido,
pois fazia-se sentir muito vento e algum frio. Para dar algum colorido
extra, o PL surge com uma pequena bandeira de Portugal que
orgulhosamente é exibida perante a objetiva.
O
difícil estava feito. Agora faltava percorrer a última longa descida do
dia, em direção às Penhas da Saúde. Com embalo, devorámos os
quilómetros que se seguiram, “ajudados” por um vento forte que nos
sacudia. Uma última subida nos separava da Pousada, subida essa vencida
pelo JP que desferiu um forte ataque deixando a concorrência a comer pó… :-)
No
final do dia, após momentos de descanso aproveitado por alguns meninos
para dormir, descemos à Covilhã para jantar no restaurante “O Neca”, que
nos tinha sido recomendado na Pousada. Depois do jantar, subimos ainda a
um jardim onde havia uma festa com música e umas tasquinhas e onde
pudemos apreciar algo que só existe nesta zona do país – cherovia.
Tanto quanto percebi, é uma raiz que antes substituía a batata na
refeição e que hoje, é confecionada de variadas formas. Experimentámos a
fartura de cherovia, a cherovia salgada e a cherovia doce, reunindo
esta última o consenso da cherovia mais apreciada pelos funners.
Já
tarde, fizemo-nos à serra, subindo até à Pousada. Durante a subida,
comentávamos a volta que tínhamos previsto para o dia seguinte, caso não
chovesse. Tínhamos por objetivo para o dia seguinte, descer até
Manteigas e dar uma volta, por forma a terminarmos com a subida da
Covilhã para as Penhas, uma subida muito dura.
O
mau tempo que se fazia sentir na manhã de domingo, acompanhado de
nevoeiro e vento, não era compatível com os nossos objetivos e decidimos
adiar esta volta para uma nova oportunidade. Sim, claro… regressaremos
um dia!
A todos os meus companheiros, o meu obrigado por estes momentos.
Foi fantástico!"