Era uma tarefa ambiciosa: cinco Fortes (EN, AAF, JP, FF e PL) para conquistar 12 Fortes e o Posto de Sinais de Montachique.A missão foi cumprida na generalidade, mas alguns fortes tiveram uma abordagem ligeira, marginal, ou longínqua, por diversos motivos com que nos fomos deparando.
Mas comecemos pelo princípio, que é sempre um bom local para começar.
No princípio era a subida... e que subida...
Logo para começar enfrentámos com sucesso a ascensão ao vértice geodésico de Montachique (409m), onde se situava um dos postos de sinais das Linhas.
O mais difícil estava feito e aproveitou-se para estender as vistas no horizonte, pois a atmosfera estava propícia.
Seguiu-se uma descida de calibre semelhante ao da subida e a aproximação ao Forte de Montachique (Obra Militar nº 57) que foi um dos mais significativos desta jornada.
São claramente visíveis o fosso e os restos de algumas construções. Neste forte há que lamentar o facto de adeptos do TT motorizado usarem o fosso como pista de obstáculos, contribuindo activamente para a sua degradação. Lamenta-se tanto a ignorância dos praticantes como a das autoridades que não preservam estas construções.
Estão dados os recados. Mas em termos de preservação havíamos de encontrar ainda maior desleixo mais para a frente.Seguimos para o Forte das Ribas (51) pela Estrada do Forte, construída há 200 anos para serventia das Linhas e na qual ainda se conseguem vislumbrar em alguns troços os restos da calçada original. Este é um dos Fortes deste passeio onde é possível apreciar melhor a importância estratégica das fortificações, tendo em conta a sua construção sobre a escarpa e o estado de preservação, onde ainda restam alguns metros de muros de pedra.
Continuámos pela Estrada do Forte agora numa descida louca a caminho do vale da Ribeira do Cocho, em direcção ao Forte do Picoto (50), do outro lado do vale e junto a uns geradores eólicos, que não pudemos visitar por estar em propriedade privada com acesso fechado. Tirámos a foto ao longe e voltamos pelo mesmo caminho, seguindo em direcção a Ribas de Cima ao longo da Ribeira de Ribas, onde aproveitámos um espaço particularmente bonito e abrigado para piquenicar. Esta pausa soube bem até porque se seguiu uma ascensão exigente física e tecnicamente até à estrada que liga Ribas de Baixo a Ribas de Cima e foi precisamente nesta última localidade que bebemos o café da ordem, antes de “quase” conquistarmos o Forte de Permouro (55) e após termos descartado o forte nº 56 que se situa dentro do Parque Municipal do Cabeço de Montachique e que tinha o acesso cortado com um portão. O Forte de Permouro apenas foi “quase” conquistado porque está engolido por matagal e só após um de nós se ter embrenhado no meio dos tojos, com as consequentes marcas nas pernas, se conseguiu aproximar de algo que identificou como a esquina SW do fosso, tendo tirado a foto da praxe.A descida para a estrada que nos conduziria a Vale S. Gião foi feita por um single muito técnico, com muita pedra, mas muito engraçado. Após esta localidade aproximámo-nos dos Fortes da Azinheira (53) e do Capitão (52) que se situam no topo de uma urbanização muito interessante e de localização algo inesperada. Destes dois fortes apenas nos foi possível (mais uma vez) identificar pequenos troços dos fossos, dado que se encontram completamente tomados pela vegetação. Neste último, a rede à volta de uma antena de comunicações celulares dificulta ainda mais a aproximação, mas com algum esforço e contorcionismo lá estivemos à beirinha do forte.
Seguia-se o Forte dos Outeirinhos (58), mas depois de três tentativas frustradas de aproximação (dois acessos a propriedades privadas e um trilho sem saída) desistimos e seguimos para o Forte do Outeiro do Além (ou do Lobo), obra nº 59, mas o acesso a pedalar foi-nos mais uma vez impossível, pelo que contornámos a pequena elevação onde se situa o reduto e seguimos para os Fortes da Achada (60 e 61).
A aproximação pelo lado Norte é muito difícil porque é feita por uma pendente muito acentuada conquistada em duas etapas, com um pequeno descanso a meio e que obrigou algum empurra-bike, pois só o JP fez tudo a pedalar. Nestes dois fortes, mais uma vez o abandono impera e só com alguma persistência se conseguiu fotografar o que resta dos fossos engolidos pelo matagal.A caminho do final voltámos a descartar um forte (o do Moinho, obra 54) que se situa em propriedade privada e atingimos as viaturas com 25 km, 800 m de acumulado de subidas, 7 fortes visitados (ainda que alguns só muito ao leve), 2 localizados à distância e 3 completamente descartados, além obviamente da ascensão ao posto de sinais de Montachique. Num passeio que prometia muitos fortes acabou por saber a pouco, pois só nos dois primeiros se conseguiu sentir o espírito da Linhas, mas já nos vamos habituando a que nem tudo o que está identificado nas cartas pode ser visitado (ou mesmo encontrado no terreno).
Marcados a preto os fortes conquistados neste raide.
Sem comentários:
Enviar um comentário