SD:
"214km à L’Antique…
Sábado fiz o meu 3º BRM, o 2º na distância dos 200km mas o 1º à moda antiga.
J
Bom,
e quê é que distingue este BRM dos restantes? A organização deste
Brevet Randonneur Mondial (BRM) programou um percurso afastado do
trânsito automóvel e que
traz “à memória o espírito e as condições que os Randonneurs do início do século XX tinham de superar quando pedalavam para longe”, segundo Pedro Alves, o fundador da associação Randonneurs Portugal.
A prova “L’Antique 200”, em alusão aos tempos em que percorrer 200 quilómetros era uma grande aventura, trouxe aos nossos tempos o espírito e até algum do sofrimento que provavelmente representava pedalar longas distâncias em estradas… menos cuidadas, para sermos simpáticos.
A prova “L’Antique 200”, em alusão aos tempos em que percorrer 200 quilómetros era uma grande aventura, trouxe aos nossos tempos o espírito e até algum do sofrimento que provavelmente representava pedalar longas distâncias em estradas… menos cuidadas, para sermos simpáticos.
Com
partida às 08:00, cada Randonneur tinha 13h30m para completar o
percurso com saída e chegada em Vila Franca de Xira. Com controlos onde
era necessário carimbar
e com algumas gaitinhas para contar e registar também no passaporte,
foi bastante aprazível contudo pedalar por zonas menos povoadas.
Azambuja,
Santarém, Golegã, Vila Nova da Barquinha e Constância, foram apenas
algumas das terras por onde mais de 50 Randonneurs inscritos à partida
se propuseram
a percorrer até atingir o ponto de retorno.
Sempre
acompanhado dos meus amigos JB e TA, encontrámos neste BRM piso com bom
alcatrão, mau alcatrão, muito mau alcatrão e até… sem alcatrão! Ah e um
empedrado
terrível. Odeio empedrado, pelo menos se estiver de fininha. J Até o troço de 1,5km de terra batida se fez melhor que o empedrado!
Já vos disse que detesto empedrado?! J
Contámos
candeeiros, registámos o nome de um café, de um quiosque e almoçámos
uma reconfortante sopa acompanhada de uma bifana e 1,5lt de, claro,
Coca-Cola (1,5lt
a dividir por 3, ok?!) numa esplanada ao sol sobre o rio Tejo/Zêzere.
Claro, com estas condições, permanecemos por ali cerca de 1 hora mas
estávamos conscientes que terminaríamos dentro do tempo. Bom, uns mais
conscientes que outros, pois havia até quem pensasse
ainda conseguir ir lanchar ao Coimbrão…
De
estômago aconchegado, lá prosseguimos, agora pela margem sul. Chamusca,
Alpiarça, Benfica do Ribatejo, Muge e Porto de Muge pela ponte
centenária Rainha D. Amélia,
foram alguns dos locais percorridos no regresso a Vila Franca de Xira.
A
apimentar um pouco ainda mais as dificuldades por vezes sentidas no mau
piso, saliento ainda a desagradável companhia do vento que embora não
sendo muito forte,
foi… lixado por vezes. J
Não
sei se já vos disse mas eu odeio empedrado. Eu e o material mais
sensível, mais rasca, mais fraquinho, de inferior qualidade mesmo! Que o
diga o raio da bicicleta
do JB. Literalmente, o “raio”! A determinada altura ouviu-se
‘plinnnnn…’ e imediatamente mandei encostar o artista da Giant para ver o
que se passava e para nosso espanto, tinha-se partido um raio, no raio
da roda do raio da bicicleta do raio do dono!
J
Com recurso ao canivete suíço, desapertei o resto e removemos o raio da
roda (não, essa ficou, foi só mesmo o raio que tirámos!)
e assim o nosso companheiro lá prosseguiu mais leve a sua peregrinação.
Felizmente a roda não desalinhou. Esta, porque outra roda que
desalinhou foi a do nosso amigo TA, pois “TÁ” claro! Mas aqui foi um
simples furo, ou o jovem não furasse cada vez que põe
a roda na estrada. O curioso foi que se tratou de uma micro-cagagéssima
pedrinha!!! Curiosa também foi a sua reparação. Numa primeira tentativa
para evitar trocar a câmara, dei ao Tiago uma daquelas latas maravilha
anti-furo. Até aqui, tudo “jóia”, o problema
foi que quando a lata estava quase no fim, a roda começou a vomitar
(literalmente!) espuma de barbear (jovem, quando cheguei a casa tinha um
bocado preso na sobrancelha que entretanto endureceu!) pelo metal que,
também não entendo porquê, tem uns furinhos!!
Que coisa estranha! Nem parece uma Specialized – bom, de facto a roda
não é!! Mas a coisa não ficou por aqui pois após trocar a câmara, nem a
bomba do TA nem a do JB tinham alcance para um pipo ‘Presta’ que de
facto não presta(va) para nada. Lá tive eu de
sacar de uma bomba como deve ser (foi a estreia de uma, confesso que
também fiquei apreensivo) mas evitámos ter de deixar o TA para trás a
soprar no pipo…
Lá
prosseguimos juntos, vendo a luz do sol desaparecer enquanto ligávamos
os nossos caga-lumes. Desde Alpiarça que tivemos a companhia acrescida
de mais um randonneur
e que só o foco dele iluminava mais que os nossos 3 juntos, pelo que
foi uma boa companhia até ao final. Curiosamente, ainda a semana
anterior tinha estado a micar aqueles focos de led e foi como que um
test-drive para o que irei comprar em breve. 1000 lumens
com led cree é brutal!!
A chegada a Vila Franca de Xira, fez-se já de noite, eram 19:45.
Foram
11h45m de BRM para 8h58m a pedalar, o que representou um total de 2h45
de paragens. Excessivas, é um facto mas controladas, algumas necessárias
e outras muito
aprazíveis.
Pessoalmente percorri 214,37km, a uma média de 23,8km/h, com alguns pouquinhos enganos à mistura.
J
No
final, posso congratular-me por nunca ter percorrido tamanha distância
com o corpinho tão bem tratado, apesar do piso muito irregular. Foi a
estreia da ‘nova’
máquina nestas distâncias e está aprovadíssima!
Venha o próximo BRM, já no mês que vem e com ele, mais companhia para mais uma participação Just4Fun."
TA:
"E
afinal surgiu mais um risonho – quer dizer, no final era mais um esgar
de sofrimento do que um sorriso – no BRM200 L’Antique! Foi mesmo uma
sova à antiga
em que a menor das dores terá vindo dos 2km de terra.
O meu pensamento principal antes da prova (ou provação) era tal qual um Alcoólico Anónimo “já não pedalo à 2 meses e 2 dias”.
Às
8.05h, depois do JB ter adicionado pela 3ª vez o impermeável à sua
indumentária, partimos para um percurso que a Organização indicava
percorrer todo
o tipo de pisos: estradas nacionais, estradas municipais (a maioria
até em bom estado mas quando tinha buraco…), caminhos agrícolas
asfaltados (qb), pavé (uuuuuuiiii, o meu… tudo) e até estrada de terra
batida (depois de tudo o resto foi pra meninos). Ao
todo eram 55 bravos que causaram alguma apreensão aos elementos
organizadores dada a dimensão do pelotão.
Ao
contrário dos outros BRM que têm VF Xira como Quartel General, o
percurso levou-nos a experimentar a margem norte do Tejo: Carregado,
Azambuja, Porto
de Muge (onde tínhamos de atravessar um extenso pavé) e a ascenção a
Santarém onde se encontrava o 3º posto de controlo e onde fizemos uma
pausa para abastecer de açucares, cafeína e o que mais nos ajudasse.
Felizmente a chuva que caiu foi muito pouca mas
o vento, quase sempre de frente, não permitia médias mais elevadas. Até
este momento apenas havia a registar a corrente que tinha saltado da
minha montada.
A
saída de Santarém dá-se por uma descida em pavé que me deixou e ao SD
meios abananados pois erradamente seguimos por uma subida (e
‘alimentados’ pela
indicação de um velhote que nos disse de passagem que os nossos colegas
já iam muita lá para a frente…) em vez de atravessar a linha de
comboio, uma constante neste BRM. Felizmente o SD tinha o percurso GPS
carregado e o erro apenas gerou um desvio de 1,5km.
Continuamos a deslocação rumo à Quinta da Cardiga onde desta vez o SD e
o JB, entretidos na conversa, quase falhavam o desvio. Após o Controlo
(com recurso a pergunta), fazemos os 2km de terra batida, bastante mais
confortáveis que uma boa parte do percurso
dito asfaltado, em direcção à vila de Constância (felizmente mudou o
nome, anteriormente era conhecida como Punhete!), recorrendo muitas
vezes a percursos usados no BRM existente o ano passado e com partida de
Santarém. Depois de mais uma passagem sobre o
pavé em direcção ao Centro Histórico da terra que deu residência a
Luís de Camões, carimbámos mais um Controlo e sentámo-nos numa esplanada
virada para o Tejo para repor energias. Metade do percurso estava feito
e eu já dava alguns sinais de cansaço.
Quase
uma hora depois, arrancamos para refazer o pavé, agora a subir, pela
N118 na margem Sul do Tejo num sobe e desce que o vento ajudava a
transpor.
Mais uma fuga da nacional para caminhos menos próprios, desviando-nos
do Vale dos Cavalos e dirigindo-nos a Alpiarça em que quase falhávamos o
posto de Controlo. O GPS é muito útil mas as indicações em papel também
J
Nesta altura não me sentia com grande disponibilidade para acompanhar a
pedalada do SD e JB
e disse para irem andando. Recusaram-se a ir sem mim (sorte malvada
eheh) e juntou-se um 4º elemento, o Nuno. Seguiu-se Almeirim onde o BRM
de Santarém cortava para o final, nós seguiríamos para Sul para cruzar o
rio em Muge, não sem que eu não tivesse o meu
furo da praxe (atrás para chatear ainda mais). Para não perdermos
tempo, o SD sugeriu usar o spray que… nos fez relembrar o Natal: não sei
bem porquê a jante tem dois furinhos (será para escoar água?) por onde
saiu a espuma toda. Não tendo funcionado, lá trocámos
a câmara de ar. Só à terceira bomba é que conseguimos encher o pneu
(parece que consigo sempre acertar em material não standard: desta vez o
pipo era curto LOL). Para atravessar o rio usámos a ponde Rainha Dona
Amélia, uma ponte com sentido reversível mas
com bermas para permitir a passagem de peões e bicicletas (por sinal,
em muito mau pois o corrimão estava todo torcido reduzindo o espaço de
passagem).
A
partir daqui o percurso era idêntico ao inicial, pelo que já de luzes
acesas, passámos pelo empedrado de Muge e onde temos novo problema
técnico: o JB
parte um raio da roda traseira. Seguimos o restante trajecto já de
noite e eu arrastava-me para conseguir manter-me com eles. Passávamos
então no sentido inverso, Vila Nova da Rainha, Azambuja (paregem para a
última barrinha), Carregado (em que fugíamos de
novo às vias principais) para volver à EN1 e subir até ao Pavilhão após
quase 12 horas desde a partida (seguramente duas horas a mais que os
meus companheiros faria se não me levassem às costas).
Como
dizia no Sábado, nesse dia no meu pensamento apenas tinha a ideia de
NÃO ir ao BRM300. Dois dias depois já estou repensar a coisa, pode ser
que consiga
rolar qualquer coisa neste mês.
Muito obrigado ao SD e ao JB por partilharem as vossas rodas."
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