2008-03-17

À conquista dos fortes - Episódio I - 16 de Março de 2008

Em 2009 comemoram-se 200 anos do início da construção das Linhas de Torres.
Em 2010 comemoram-se os 200 anos da data em que as Linhas de Torres, ainda incompletas (apenas 108 dos 152 fortes construídos) impediram a marcha de Massena sobre Lisboa.
Este ano os Just4Fun iniciaram uma série de passeios em que pretendemos visitar até 2010 o maior número de fortes que for possível. Em baixo o relato do PL do primeiro destes passeios:

“E que tal começar a visita aos fortes das Linhas de Torres pelo Montijo?

Devia ter enviado uma mensagem: "Correcção: Montijo, não é Póvoa de Santa Iria." (private joke)

Baralhados?
Eu explico.
Juntámo-nos todos na Galp da Encarnação e arrancámos comigo à frente, que era suposto saber o caminho.
Como eu preparei o percurso na terra, mas não o de ligação em asfalto e tinha dúvidas sobre qual seria o melhor caminho, liguei o GPS do carro e fui seguindo a indicação da senhora: esquerda, direita na próxima saída, encoste-se à direita (aqui começou-me a cheirar a esturro, porque vi o letreiro de início da concessão da Lusoponte), saia à direita daqui a 100 m...
-O QUÊ??? Há um muro à direita, Burra!!!... Para isso tinha que ir 10 m à direita, na outra estrada.

Burro fui eu em não ter seguido pela A1 até Alverca.
Não havia alternativa, tivemos que ir fazer a inversão de marcha ao Montijo :-p

Depois deste contratempo, que nos roubou mais de meia hora de passeio, lá chegámos ao local da partida, mas os preparativos foram demorados e só arrancámos lá para as dez horas.

A partir daí a coisa foi correndo mais ou menos bem, embora em ritmo muito baixo. O Francisco convidou pessoal do pelicano que teve algumas dificuldades em vencer as pendentes iniciais. Acho que foi táctica do Francisco, para fazer um passeio descansadinho, mas com apenas 7 fortes "picados" e meia dúzia de km feitos, um deles já não estava em condições físicas para continuar e voltaram para trás. Mais ou menos pela mesma altura o Francisco vem ter connosco com um suporte de raio do cubo partido na roda da frente a dizer que também regressava ao início. Cá para mim ele andou à pedrada ao raio para ter uma desculpa para regressar, mas aquilo correu-lhe mal e partiu o cubo em vez do raio. Inventam cada desculpa ;-)

Dos oito participantes iniciais ficaram quatro (JP, PL RB e o Carlos, cunhado do Rui), que foram conquistando forte após forte até totalizar 16 fortes, tendo percorrido todos desde Forte de Casa ao Calhandriz, com algumas pendentes positivas e negativas de meter respeito, o que permitiu acumular mais de 850 metros de desnível, num percurso de 33 km.

No último forte, sobranceiro ao Calhandriz, decidimos regressar para o carro porque já passava muito do meio-dia, mas ainda estava reservado um último golpe de teatro...
O percurso por terra para o Calhandriz era a descer por uma vertente voltada a Norte com as curvas de nível muito juntinhas, que apesar de ser feito em diagonal, não era para meninos (digo eu...).
A meio da encosta o caminho acabou!!!
Investigámos as redondezas e decidimos procurar caminho a pé até ao vale, porque não eram mais de 100 a 150 m. Não sei quanto tempo demorámos, mas o resto foi feito com a bicicleta às costas, pelo meio de silvas e tojos em terreno escorregadio e demorou uma eternidade. A chegada ao vale e atravessamento da ribeira (felizmente seca) foi um alívio. Daí até ao carro foi sempre a abrir, a maior parte do tempo a descer, mas aqueles 150 metros valeram-nos inúmeros arranhões nas pernas e braços, especialmente a mim, que quis aproveitar o bom tempo e fui de calções e manga curta. Se a descer é assim, percebo porque é que o Massena nem tentou assaltar as linhas e se foi embora.

Um último pormenor caricato:
Na procura de caminho deixei a bicicleta no meio do mato, quanto voltei para a vir buscar não a encontrava e perguntei ao pessoal se a tinha visto. Respondem eles:
-Aqui não é possível alguém vir roubá-la!
Pois não, passado um pouco tempo encontrei-a a cerca de uns cinco metros do local onde eu estava, mas o mato era tal que não a conseguia ver. Estão a imaginar como aquilo era, não estão?

E pronto, os primeiros 16 de 152 fortes estão feitos. A próxima incursão deverá ser entre o Calhandriz, Alhandra e arredores da Arruda, onde já descobri nas cartas a maior parte dos fortes e em caso de dúvida tentarei optar por acessos menos... como direi?... "picantes".

De realçar pela negativa o estado de abandono em que estão a maior parte dos fortes (de um deles já nem há vestígios visíveis). Em alguns casos pode-se passar mesmo ao lado sem saber que ali está um forte das Linhas de Torres. Noutros casos ainda é possível identificar claramente o fosso e alguns restos de construções e houve outros fortes em que não pudemos entrar, porque estão protegidos com uma cerca. Estes pelo menos não servirão de depósitos de entulho dos patos bravos, como acontece noutros.”

Na imagem estão identificados os fortes visitados

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